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"As Calungas" trazem percussão e músicas nordestinas ao Beco da Cachaçaria Philipéia, em JP

publicado: 22/02/2017 00h05, última modificação: 22/02/2017 07h45
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O grupo formado em 2012 faz um trabalho de pesquisa e capacitação musical durante o ano inteiro, divulgando a cultura nordestina e formando novas musicistas - Foto: Divulgação

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Lucas Silva - Especial para A União

Com a expansão dos horizontes e as mudanças que vêm acontecendo na sociedade, as mulheres vêm ganhando mais força com sua representatividade e fincando literalmente o pé em diversos universos que antes eram voltados apenas para homens. Como resultado dessas mudanças, 60 mulheres percussionistas dão vida ao grupo ‘As Calungas’, que ganham as ruas da capital, pelo terceiro ano, para mostrar toda a sua musicalidade e performance no evento. Com seu batuque percussivo, as agitadoras culturais levam até o Beco da Cachaçaria Philipéia, localizada no Centro, às 18h, um repertório que mescla homenagens a artistas brasileiros, além de músicas de compositores paraibanos e pernambucanos. Outras atrações também do evento são os artistas locais como o Coco das Manas, Dj Cerebraz, Maracatu Pé de Elefante, Vó Mera e convidadas - Francinete Melo, Gláucia Lima, Nara Limeira e Sandra Belê - que participam da festividade e completam a noite.

Algo importante a se destacar é que durante a apresentação do grupo musical elas farão uma homenagem especial a Vó Mera que durante anos vem, não somente na capital, mas em diversos espaços da cultura popular, demonstrando sua inclinação pelas várias manifestações e expressões da cultura. “Esse ano estamos com 60 batuqueiras e temos como homenageada nossa querida Vó Mera, uma mulher trabalhadora, que luta em defesa da nossa cultura popular. Ela é cirandeira, compositora e atriz, e pra gente tem sido uma troca muito especial e de muito aprendizado”, contou ao jornal A União uma das coordenadoras do coletivo, Katiusca Lamara.

Bebendo do simbolismo do maracatu, porém, muito além desta expressão, o repertório do grupo destaca os mais diversos ritmos mostrando que para as integrantes não existem fronteiras. Em seu lema, a ordem é experimentar, brincar com os sons, mesclar ritmos como samba, salsa e ska, xote e drum and bass e, ainda, fazer releituras de músicas já conhecidas, lançando sobre elas um olhar contemporâneo.

“Já são três anos que estamos com esse trabalho, e a cada ano mais e mais pessoas estão somando e acreditando nesse projeto. Fazemos nossa parte resgatando o Centro Histórico que já foi palco dos carnavais do passado, e trazemos a cultura popular de volta para nosso carnaval pessoense. A cada ano o bloco fica mais conhecido, e já passa a fazer parte do calendário oficial da folia da nossa cidade. É um trabalho novo, mas que está recebendo um reconhecimento importante por vários segmentos da sociedade pessoense. Nós, as Calungas, sentimos muito orgulho desse projeto, e o nosso desejo, vontade e perspectiva é que ele continue por muitos anos”, completou Katiusca Lamara.

O nascimento do grupo

Fazendo um recorte histórico, o grupo foi criado em 2012 por mulheres percussionistas de João Pessoa que se identificam com a música popular, a cultura e seus folguedos. Já seu núcleo de coordenação é composto por graduadas em música e o grupo tem por objetivo a pesquisa, o ensino e a prática de percussão, através de ações que divulgam os ritmos e canções da nossa cultura popular, mas também passeiam pelos ritmos do mundo. 

Por exemplo, as Calungas desenvolvem oficinas para seus integrantes com professores de música de diferentes correntes pedagógicas, durante todo o ano. Fora isso, elas ministram oficinas abertas para a comunidade com o intuito de ampliar a participação no grupo, na sua versão "arrasto". Este projeto favorece, ainda, a divulgação da cultura nordestina através da capacitação de multiplicadoras, visando oportunidade de geração de emprego e renda através do trabalho musical.

Calunga era o nome dado às bonecas de pano, num passado remoto, quando o Brasil vivia sua era pré-industrial, com destaque para as culturas rurais e o artesanato. O grupo tomou emprestado esse nome de bonecas artesanais, tão presente na história de vida de nossos pais, tias, avós e bisavós, que mesmo com o surgimento das primeiras bonecas de plástico continuaram sendo chamadas de Calungas por um bom período. É, portanto, um símbolo da nossa cultura infantil. As Calungas (boneca de cera e de madeira) também são símbolos sagrados no ritual do maracatu, e em sua honra, são entoadas loas representando a força dos antepassados e suas lutas.