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Lançado há 34 anos, "ET", de Spielberg, continua sendo um dos maiores sucessos do cinema

publicado: 22/01/2017 00h05, última modificação: 21/01/2017 09h35
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O longa dirigido por Steven Spielberg foi relançado nos cinemas no ano de 2002, em uma nova versão que continha cinco minutos de cenas inéditas - Foto: Reprodução

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Hilton Gouvêa

Graças ao gênio inusitado de Steve Spielberg, o filme “ET - O Extra Terrestre” foi lançado há 34 anos, se tornando o maior campeão de bilheteria de todos os tempos, sendo superado apenas quando o mesmo diretor mandou para as telas Jurassic Park. Mas a história do menino Elliott (Henry Thomas), que faz amizade com um ser alienígena, obteve nove indicações para o Oscar, e levou os quatro prêmios maiores do evento: Melhores Efeitos Especiais, Melhores Efeitos Sonoros, Melhor Som e Melhor Trilha Sonora. E você sabia que, ao ser lançado, o filme apresentava uns detalhes em verde, para enganar os piratas profissionais? A burla técnica funcionou tão bem, que até dezembro de 1988, quatro anos após o lançamento, ele vendeu mais de 15 milhões de cópias.

Spielberg, que segundo seus biógrafos teria se inspirado para este filme no trauma que sofreu com a separação dos pais, exercita muito bem sua genialidade, ao criar cenas incomuns com argumentos simples ou recursos bizarros. Henry Thomas estava com dificuldades para criar uma expressão facial triste. Então, o diretor mandou o ator pensar na morte de seu cachorro. Deu certo. Para criar o rosto do ET, Spielberg mandou montar uma mistura do rosto do poeta Carl Sandburg e de um cão da raça Pug. Ele ficou tão entusiasmado com a própria criação, que foi exibi-la, pessoalmente, na Casa Branca, para o então presidente dos EUA Ronald Reagan, e sua mulher, Nancy Davis. Daí por diante, o bonequinho principal de ET aparecia em tudo. A cena de Elliott voando com ET na cesta de sua bicicleta se tornou logomarca da Amblin Entertainment. Por outro lado, um dos bonequinhos do filme, que era da coleção de robôs de Michael Jackson, permaneceu anônimo, sem destaque de atuação. Sincero e aberto para a imprensa, Spielberg assustou alguns jornalistas especializados quando disse que ET não tinha sexo. E deixava admirado o ator Harrison Ford, que o via escrever, simultaneamente, Os Caçadores da Arca Perdida e ET, ditando os “scripts” nos intervalos das filmagens para a roteirista Melissa Mathison, namorada de Ford, que teve uma participação no filme que acabou cancelada.

Perfeccionista, ele gastou quase 10% do orçamento do filme em bonecos animatrônicos para as criaturas alienígenas e afins. E alguém notou que o sobrenome de Elliott nunca é mencionado nas cenas? E que, com exceção da mãe do garoto, os rostos dos adultos não aparecem até a última metade do filme? Mesmo assim, a revista Entetempos elegeu ET “o maior filme de todos os tempos”. As filmagens da maioria das cenas de corpo inteiro foram realizadas com um dublê anão. E para as de cozinha foram contratados um garoto de 10 anos que nasceu sem as pernas e um malabarista que caminhava vários minutos com as mãos. As idéias ditas geniais do cineasta não falhavam: era pensar, materializar e agir.

A voz de um fumante para o alienígena

Alguém lembra da estranha voz do ET? Pois saibam que ela nasceu da voz real de um fumante que consumia dois maços de cigarros por dia. Pat Welsh, um idoso da Califórnia, apareceu com um tom de voz que agradava o sonoplasta da equipe, Ben Burtt, que passava até nove horas seguidas gravando a voz do ancião. Este recebeu 380 dólares por seu trabalho. Bartt também gravou vozes de animais e outras pessoas diferentes para colocá-las como a do ET. Este vozerio incluía a voz de Spielberg, a da esposa de Burtt roncando, o arroto de um professor de cinema e ruídos de guaxinins, cavalos e lontras do mar. Essa miscigenação de vozes foi tratada como uma só, a do ET. É genialidade ou não?

O ET seria um filme com enredo de terror. Originalmente, falava de um alienígena que viria para a terra preparar uma invasão. Alguma coisa perturbou Spielberg e ele transformou o ser extraterrestre em bonzinho. Mas sua genialidade saltitante pensou logo numa saída, aí o enredo foi transferido para outro filme, Poltersgeist, também sucesso de bilheteria. Se ET ficasse com o enredo original, talvez não atingisse o sucesso total. Uma revista americana comentou que muitos detalhes das cenas do filme ainda são mistério, embora Spielberg tenha procurado esclarecer que não ocultou nada, nem fez charme para obter o que aqui chamamos de Ibope. Será?

Não se sabe se a questão foi dinheiro ou problemas pessoais. Harrison Ford, que estrelou com o personagem Indyanna Jonnes, em Os caçadopres da Arca Perdida, fez uma cena em ET. Era o professor de Elliott, numa escola tradicional. A cena não teria duração de mais de três minutos, mas foi cortada, sem explicações ao público. Ford, pela sua atuação anterior, proporcionou razoável bilheteria, mas Spielberg nem ligou para isso. Mesmo sem Ford, que na época cobrava caro para ilustrar qualquer ceninha, ET foi sucesso e superou todos os filmes apresentados no cinema ou na TV até a aparição de Jurassic Park. Dizia-se que, em termos de cinema, Spielberg tinha o toque de Midas.