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Projeto ‘Café em Verso e Prosa’ celebra o feminino

publicado: 26/09/2017 00h05, última modificação: 26/09/2017 10h43
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As fotografias do grupo Evoé, feitas por Yebá Ngoamân, fazem parte de uma exposição e foram tiradas durante um ensaio - Foto: Yebá Ngoamãn

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Guilherme Cabral

Criada a partir de três livros, a performance intitulada ‘Outros jeitos de usar a boca’ apresentada terça-feira (26), a partir das 20h, dentro da edição de setembro do Projeto Café em Verso e Prosa. O sarau - produzido pela atriz Suzy Lopes que, neste mês, celebra o feminino e vem dedicando o ano de 2017 a uma programação baseada apenas em escritos de autoras - terá, como atrações, nesta noite, encenação do Evoé! Grupo de Teatro da Funesc (Fundação Espaço Cultural da Paraíba), exposição de fotos de Yebá Ngoamãn e participação do DJ Rick Mala. A entrada é gratuita ao público. “O clima será das bacantes, com muita sensualidade, suavidade, poemas, uvas, flores e vinhos”, antecipou a organizadora do evento para o jornal A União.

“A performance ‘Outros jeitos de usar a boca’ ainda manterá diálogo com a exposição digital de fotos feitas por Yebá Ngoamãn durante ensaio realizado à tarde, em uma praia, produzido especialmente para o sarau. E tudo será musicado pelo DJ Rick Mala. Como sempre, após o início do sarau, acontece o momento mais esperado da noite: o microfone é aberto ao público, para que ele recite poesia de sua autoria ou de seus poetas preferidos”, acrescentou Suzy Lopes.

Suzy Lopes também ressaltou a parceria que o sarau vem realizando com Yebá Ngoamãn, nas últimas quatro edições do projeto. “São feitas fotos antes e durante o evento e que são expostas na edição seguinte do projeto. É bem bacana e positivo”, disse ela, que ainda fez questão de destacar outra atividade resultante desse trabalho conjunto: um filme produzido na primeira edição, a partir do trabalho do livro Ventre Urbano. “É uma maravilha, também, estar dedicando o ano de 2017 para escritos de autoras porque elas estão comparecendo aos saraus e se agregando”, confessou a atriz e produtora do evento.

Fenômeno de vendas, Outros jeitos de usar a boca é o primeiro livro publicado em 2014, de maneira independente, pela poetisa canadense - nascida na Índia - Rupi Kaur. Além desse título, cujo lançamento no Brasil ocorreu em fevereiro, pela Editora Planeta, a performance homônima que o Evoé! Grupo de Teatro da Funesc apresenta hoje, no sarau, se baseia, também, nas obras denominadas Fúcsia, da poetisa pernambucana - radicada na Paraíba - Vitória Lima e Eu, Mulher, Mulher, da escritora paraibana Irene Dias.

A partir da leitura destes três mencionados livros, o Evoé! criou a performance, a qual será apresentada com a participação da atriz Suzy Lopes no Empório Café, que tem sido o palco do projeto há 12 anos. Esse grupo da Funesc surgiu no curso de teatro da própria instituição e é dirigido por Suzy Lopes e Nyka Barros. Num trabalho em paralelo, seus integrantes vêm participando de vários eventos, embora nem sempre com a mesma formação, por serem tais atividades consideradas extra-classe. Nesse sentido, o elenco que encena nesta noite é o seguinte: Fernanda Peres Maranho, Thaisa Bravo Valenzuela, Eslia Maria, Brenna Monteiro, Juju Oliveira, Israela Ramos, Leandro Nobre e Rodrigo Lima.

Outros jeitos de usar a boca já vendeu mais de um milhão de cópias e permaneceu no topo da lista dos best sellers do jornal New York Times, dos Estados Unidos, por 40 semanas. Além disso, os poemas desse livro se espalharam na Internet, onde a autora costuma divulgar seu trabalho. A propósito, os versos de Rupi se caracterizam pela dureza: tratam de abuso, violência, amor, sofrimento, maternidade, machismo e relacionamento. “Abordam o interesse pelo trauma, pelo desconforto, de forma explícita e livre de ironia, e por isso corajosa”, como resume a tradutora e também poeta Ana Guadalupe”, observou, ainda, a atriz Suzy Lopes, que fez questão de divulgar a seguinte declaração de Rupi concedida ao jornal The Guardian, em agosto de 2016: “Antes do meu livro, o mercado editorial achava que não havia mercado para poesia sobre trauma, abuso e cura”.

Já o livro intitulado Fúcsia é de autoria da poetisa pernambucana Vitória Lima, que está radicada na cidade de João Pessoa. Uma das marcas que se pode notar na obra dessa autora é a sua inclinação para textos que ficam entre o aforismo e o haikai. O resultado é que muitos dos poemas são pílulas de poucos versos e, às vezes, com apenas uma frase. É o caso de “Fúcsia”, que dá título a todo o volume e é um exemplo que encarna perfeitamente o espírito do haikai: “da paleta dos jambeiros / sai o fúcsia que / pinta & borda / as calçadas dos setembros”. gôndolas de Veneza e em castro-alvescos “gondoleiros do amor”.

A outra obra que serviu de base para a criação da performance do Grupo Evoé! se intitula Eu, Mulher, Mulher, da escritora paraibana Irene Dias. Trata-se de uma obra poética na qual observa-se a referência a um silêncio imposto sobre o desejo feminino. Nesse sentido, para a mulher só era permitido obedecer e satisfazer as exigências matrimoniais, nunca podendo deixar seu próprio desejo vir à tona. “Aqui, iremos fazer uma análise de alguns poemas de Irene, objetivando perceber como a sua escrita reivindica, para as mulheres, a liberdade de expressão como sujeito desejante, uma vez que a sexualidade feminina sempre foi algo negado e reprimido”, concluiu Suzy Lopes.

 

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