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Servidores do HU iniciam greve no campus da capital

publicado: 13/11/2017 20h05, última modificação: 13/11/2017 20h59
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Pacientes que se deslocaram de outros municípios reclamam da falta de atendimento por causa da greve da categoria - Foto: Evandro Pereira

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José Alves

O Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW), situado no campus I da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em João Pessoa, foi na manhã desta segunda-feira (13) palco de revolta de centenas de pacientes que residem em outros municípios e saíram de suas casas de madrugada, pagando transportes alternativos, mas não conseguiram ser atendidos. O motivo é que os funcionários do HU deflagraram uma greve por tempo indeterminado, reivindicando reajuste salarial e melhorias de trabalho. Com o movimento grevista, foram suspensos vários serviços.

A revolta foi geral entre os pacientes. Alguns conseguiram ser atendidos antes do início da greve, porque alguns médicos foram trabalhar, mas a maioria dos pacientes saiu frustrada do hospital porque foram obrigados a voltar a um Posto de Saúde da Família para remarcar a consulta. A aposentada Maria da Conceição veio do município de Caaporã e foi informada que a aplicação de uma vacina que iria tomar teria que ser remarcada. A filha dela, que também viajou para mostrar os exames ao médico, ficou revoltada porque teve que remarcar nova consulta para o retorno.

Deanda Leandro dos Santos estava acompanhando sua mãe, que deveria ser atendida por um cardiologista e não conseguiu. "Acho um absurdo, ela conseguiu essa consulta depois de muito esforço e agora chega aqui e encontra os funcionários em greve. O pior é que o hospital não remarca, então temos que voltar para um PSF para remarcar a consulta dela", disse Deanda Santos muito chateada.

Severina Verônica Veloso de Oliveira, 58 anos, revelou que faz tratamento de pulmão e fígado no HU, e nesta segunda-feira não conseguiu ser atendida por causa da greve dos funcionários. "Eu ainda consegui falar com o médico que acompanha meu tratamento, mas ele disse que infelizmente não poderia me atender por causa da greve e me mandou remarcar a consulta. Sou uma pessoa de classe média baixa, ganho apenas um salário mínimo e saí do município de Sapé de madrugada pra cá pagando uma passagem no valor de R$ 100,00 para chegar aqui e não ser atendida. É um absurdo", disse Severina, afirmando que a situação do HU é uma imoralidade.

Atraso no repasse

Segundo o chefe do setor de Regulação e Saúde do HU, Leonardo Figueiredo, o Hospital Universitário Lauro Wanderley tem aproximadamente dois mil funcionários e atende mais de mil pessoas por dia. Ele revelou que o atraso no repasse da verba federal que é feita pela Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP) ao hospital vem prejudicando a manutenção do HU porque, com o atraso, faltam alimentos e até papel. "A verba que é repassada pela prefeitura é destinada aos insumos do hospital e os constantes atrasos vem gerando sérios problemas", concluiu.

Por conta do atraso no repasse de verbas, mais de 40 cirurgias tiveram que ser suspensas e reagendadas. A assessoria da Central de Regulação do Município de João Pessoa se defendeu e disse que a verba destinada ao HU é repassada diretamente pelo Ministério da Saúde para a unidade de saúde sem qualquer intermédio da Secretaria Municipal de Saúde, mas o chefe de Regulação da Saúde do hospital, Leonardo Figueiredo, disse que o dinheiro é repassado pela Prefeitura e que vem sofrendo atrasos.

Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Empresas Públicas de Serviço Hospitalar da Paraíba (Sindserh-PB), Adriano Furtado, a greve foi decidida em assembleia dos trabalhadores no último dia 10, "porque fomos informados que esse ano iríamos ter "zero de reajuste", mais a retirada dos transportes para a gente trabalhar, além da falta de material para trabalhar. Os colchões dos trabalhadores estão no chão por falta de camas". A categoria está reivindicando um reajuste de 4,7% de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor (IPCA).

O líder sindical revelou que praticamente uma ala inteira da clínica médica do HU está fechada e que eles não estão chamando os funcionários que foram aprovados em concurso. "Esperamos que a população paraibana apoie nosso movimento porque estamos defendendo os direitos dos trabalhadores, exatamente as pessoas que cuidam da saúde da população", disse Adriano, lembrando que a data base da categoria é março e, desde então, estão sem serem ouvidos em todo o país.

Os sindicalista informaram que os serviços administrativos estão 90% parados, além do ambulatório. O serviço que está na atividade é o atendimento para os pacientes internados em apartamentos ou em UTI. Por outro lado, a parte de clínica está apenas 30% funcionando. Já as cirurgias que estavam agendadas precisam ser remarcadas, mas todas que forem de urgência e emergência estão sendo feitas.