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Ex-ministro Franklin Martins abre Ciclo de Debates Contemporâneos da PB

publicado: 27/07/2017 00h05, última modificação: 27/07/2017 08h14
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Martins discutirá sobre protagonismo, interesses e interferências das mídias nos processos sociopolíticos - Foto: Agência Brasil

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Alexandre Nunes

Mídia, Poder e Cidadania é o tema da palestra de abertura da primeira edição do Pense - Ciclo de Debates Contemporâneos da Paraíba, que será proferida pelo jornalista e ex-ministro Franklin Martins, que discutirá sobre protagonismo, interesses e interferências das mídias nos processos sociopolíticos no plano nacional e internacional, além de debater sobre a qualidade e o monopólio da informação, ou seja, as mídias tradicionais pautando a Sociedade e a Política.

O evento acontece nesta quinta (27), na sala de concertos Maestro José Siqueira, no Espaço Cultural, a partir das 19h, com entrada gratuita e com a participação do governador Ricardo Coutinho (PSB). A palestra de Franklin Martins será apresentada e mediada pelo professor e cientista político Rubens Pinto Lyra, que fará um comentário breve sobre o tema da palestra e, em seguida, fará a apresentação e o chamamento do palestrante convidado. Durante a palestra, Franklin Martins vai ainda dialogar sobre as ações das mídias tradicionais e das “livres” na crise brasileira. Ele considera que atualmente existe um "contraponto razoável" na informação. Mas os meios alternativos não podem se contentar em ser uma espécie de "grilo falante". "A gente precisaria produzir informação em primeira mão", sustenta.

Outro ponto importante que será apresentado pelo cientista social versa sobre a informação, a contrainformação e a desinformação: a pós-verdade como estratégia de intervenção política e ideológica na vida social. Ele também debaterá acerca da qualidade e idoneidade da informação como direitos de cidadania. A regulação como pilar do controle social democrático sobre a comunicação também faz parte do temário programado para a palestra.

Na opinião do apresentador e mediador da palestra, Rubens Pinto Lyra, há uma carência muito grande de debates sobre os problemas nacionais e acerca de diferentes temas de interesse da sociedade. "A universidade não vem preenchendo esse papel, como ela deveria preencher com relação à discussão sobre a questão da mídia", critica. O doutor em Ciência Política deixa claro que a mídia hoje é o problema número 1 da democracia brasileira, ou um dos principais problemas, porque ela está absolutamente monopolizada. Ele acrescenta que a grande imprensa brasileira se assemelha, no seu entender, a uma imprensa totalitária.

"O tema integra um dos pontos essenciais para a compreensão da conjuntura política, um assunto que venho estudando e acerca do qual terminei um artigo. Além disso, dentro de um mês, vou lançar um livro, cujo o primeiro capítulo é sobre a conjuntura política e sobre o protagonismo da mídia e do Poder Judiciário, de forma que eu achei bastante oportuna a possibilidade dessa mediação, que na verdade vai consistir numa apresentação sobre o palestrante, com duração de 10 minutos", detalha.

Uma vida voltada para o jornalismo político

Jornalista e militante de esquerda na luta contra a ditadura militar, Franklin de Sousa Martins, filho do senador e jornalista Mário Martins, nasceu no dia 10 de agosto de 1948, em Vitória (ES). Ele iniciou cedo a sua vida como líder estudantil. Já aos vinte anos, como estudante de Ciências Econômicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro - à época Universidade do Brasil -, Franklin foi eleito presidente do DCE da Universidade e, logo depois, vice-presidente da União Metropolitana dos Estudantes, do Rio de Janeiro. Preso, entre outubro e dezembro de 1968, quando era presidente do Diretório Central dos Estudantes da UFRJ, foi libertado dois dias antes de se instaurar o Ato Institucional Nº 5 (AI-5). Passou para a clandestinidade e se engajou na luta armada, quando entrou para a organização Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8).

Ele participou de episódios marcantes da resistência à ditadura. Devido à repressão do governo militar, partiu em exílio para Cuba, Chile e França. Enquanto esteve em Cuba, na província de Pinar delRío, teve aulas de armamento, explosivo, túneis e principalmente táticas militares. Na França, diplomou-se como Cientista Social na Escola de Ciências Sociais da Universidade de Paris. Voltou para o Brasil em 1977, onde mais uma vez viveu escondido, até a anistia de 1979.

Começou a trabalhar como jornalista aos quinze anos, como estagiário do jornal “Última Hora”. Ainda como jornalista, foi comentarista político em diversos veículos, até chegar à Rede Globo em 1996. Em 1997, foi afastado da sucursal de Brasília do jornal O Globo. Atuou no Jornal Nacional e no Jornal da Globo até maio de 2006. Nesse ano, quando Caio Túlio Costa assumiu a presidência do iG, Franklin Martins foi contratado como comentarista do portal, junto com Mino Carta, Paulo Henrique Amorim e José Dirceu. Trabalhou ainda na Rede Bandeirantes, onde fazia comentários diários sobre política nos telejornais da casa e também no Jornal Gente, da Rádio Bandeirantes.

Franklin Martins foi correspondente do Jornal do Brasilem Londres. Recebeu em 2004 o Prêmio Comunique-se de melhor jornalista político do país e o da TV, da Associação Paulista de Críticos de Arte pela série de 15 documentários sobre presidentes africanos. É autor dos livros “Jornalismo Político” (2005) e “Quem foi que Inventou o Brasil? – a música popular conta a história da República” (3 volumes, 2015). Em 2007, foi convidado a ser ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social do governo Lula, onde permaneceu até dezembro de 2010. No governo, teve a função das relações do governo com a imprensa, da publicidade oficial e também do projeto de uma rede nacional pública de TV.

Rubens Pinto Lyra

Em 1960, aos quinze anos de idade, Rubens Pinto Lyra foi eleito para o Conselho de Representantes da Associação dos Estudantes Secundários da Paraíba (AESP). “Na sequência, fui nomeado secretário de Arte e Cultura dessa entidade, iniciando, sob a égide da Ação Católica, juntamente com Vicente Carlos Y Plá Trevas e Arthur Jader Cunha Neves, um movimento de renovação da política estudantil secundarista na Paraíba”, lembra.

Sob a influência desse movimento, que ele considerava renovador, Rubens Pinto Lyra foi eleito, em 1962, aos dezesseis anos, presidente do Diretório Estudantil do Colégio Estadual de João Pessoa – o velho Lyceu Paraibano. “Em 1963, assumi a presidência da União Pessoense dos Estudantes Secundários (UPES), que havia fundado dois anos atrás, com outros companheiros.
Em 1964, Rubens ingressa na Faculdade de Direito, e, por ter participado da ocupação da referida faculdade, feita em protesto contra a visita de Carlos Lacerda em João Pessoa, é privado dos seus direitos de estudar pela primeira vez.

“A segunda cassação ocorrerá em dezembro de l968, decorrente da intensa militância no movimento estudantil universitário, que teve como principais episódios a minha participação no XXX Congresso da UNE, em Ibiúna, e a candidatura à presidência do DCE da UFPB, na qual fui derrotado. Com o AI-5, fui demitido do cargo de professor de Língua e Literatura Francesas, no Curso Clássico do Colégio Estadual de João Pessoa. Respondi, em função dessa mesma militância, a dois processos na Auditoria Militar do Recife, sendo, todavia, ambos arquivados”, relata.

Em 1970, driblando a ditadura militar, com um falso endereço de residência obtido no Recife, Rubens Pinto Lyra viaja para a França, onde permanece durante cinco anos ininterruptos, como estudante de pós-graduação. “Somente regresso cinco anos após, em outubro de l975, tendo obtido, na minha estadia na França, o Diploma Superior de Estudos Europeus (Mestrado) e o título de Doutor em Direito, na área de política, pela Universidade de Nancy (França) – o primeiro, na área de ciências jurídicas e sociais, atribuído a um docente atuando na Paraíba.

De regresso ao Brasil, em outubro de 1975, Rubens teve que aguardar três anos e meio para poder ingressar em uma universidade federal – no caso, a UFPB - o que só se tornou possível com a revogação, em dezembro de 1978, do Ato Institucional n° 5. Em 1980, participa da fundação do PT na Paraíba. Em outubro de 1990, passou oito meses na França, em um estágio de pós-doutorado, que se concluiu com um livro intitulado Socialismo: impasses e perspectivas (São Paulo: Escrita Ensaio, l992). Em 2009 publica o livro Modalidades de Ouvidoria Pública no Brasil, que contém análises dos aspectos conceituais e práticos da ouvidoria pública. Rubens Pinto Lyra é autor e organizador de vinte e dois livros e de numerosos artigos e capítulos de livros sobre partidos políticos, democracia, direitos humanos, socialismo e sobre instrumentos de controle da administração pública, especialmente ouvidorias.

Evento vai reunir grandes nomes nacionais

O evento Pense - Ciclo de Debates Contemporâneos da Paraíba, que é coordenado pelo Gabinete do Governador e que vai reunir grandes nomes nacionais para discutir temas relevantes da atualidade, será realizado de julho a dezembro, com uma ou duas palestras mensais. Vão acontecer palestras sobre temas universais, civilizatórios, cosmopolitas, não necessariamente conjunturais, mas que mediam, na atualidade, a vida social e o pensamento crítico nos âmbitos local, regional, nacional e internacional.

Embora tenha o nome de Ciclo de Debates Contemporâneos, a ideia é que nessa primeira edição, que vai de julho a dezembro, sejam convidados nomes de expressão nacional e internacional para proferir as palestras. Toda palestra terá a apresentação e a mediação de uma personalidade local, também representativa no plano intelectual, acadêmico e profissional dos conteúdos, áreas de conhecimento e atividades relacionadas às temáticas dos palestrantes. No final da palestra, a organização do evento abre espaço para pelo menos dois blocos de perguntas do público presente. Ao final de cada bloco de perguntas, as respostas serão dadas agrupadas pelo palestrante.