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Convênio entre Secult e Funarte amplia atuação do Prima

publicado: 04/02/2016 03h00, última modificação: 03/02/2016 20h29
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Convênio de R$ 110 mil prevê estruturação de três novos polos - Foto: Divulgação/Secom-PB

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Guilherme Cabral

"O Prima está entre os programas do Governo do Estado que têm apresentado resultados surpreendentes e já começa a ganhar visibilidade nacional exatamente por esses resultados. Na verdade este convênio, especificamente, nos permitirá abrir mais três polos e, com isso, dar respostas às demandas de mais três municípios com uma política pública que tem se mostrado eficaz, dando oportunidade a jovens para uma convivência comunitária e cidadã, através da música. Eu acho que o Prima tem apontado caminhos para uma política social integrada. Uma política pública que vê o indivíduo como prioridade em todos os eixos do investimento público. É um exemplo exato de como a intersetorialidade no setor público pode acelerar os processos de evolução social das comunidades. O Prima é a nossa mais clara política pública de cultura direcionada para a juventude”.

A declaração foi feita para o jornal A União pelo secretário de Cultura da Paraíba, Lau Siqueira, referindo-se ao convênio que assinou no dia 30 de dezembro do ano passado - e publicado no Diário Oficial da União na última terça - com o representante da Fundação Nacional de Artes (Funarte), Gotschalk da Silva Fraga, para obter recursos, no valor total de R$ 101 mil, para investimento na estruturação, pela compra de instrumentos, de três novos polos do Prima (Programa de Inclusão por Meio da Música e das Artes) nas cidades de Picuí, Pedras de Fogo e Bananeiras. “O dinheiro ainda não está na conta, mas estará em breve”, disse ele.

“Os próximos passos serão para a resolução dos encaminhamentos burocráticos com o Ministério da Cultura e com a Funarte para que isso aconteça. Acreditamos que o mais rápido possível tudo estará resolvido, pois se trata de uma prioridade nossa e já cumprimos todas as exigências legais. Por se tratar de uma emenda parlamentar, aliás, do deputado Luiz Couto, ao qual somos imensamente gratos, não será necessária a contrapartida financeira. O dinheiro virá integralmente do orçamento federal. No entanto, temos sim uma contrapartida em relação a administração e o acompanhamento de cada polo e de cada aluno”, antecipou Lau Siqueira.

O Prima começa a ganhar visibilidade nacional, afirma Lau SiqueiraO secretário da Cultura do Estado acrescentou que existem planos de ampliar o acompanhamento com profissionais da área de assistência social e psicologia, no intuito de que haja, conforme declarou, “um tratamento mais individualizado e uma leitura mais exata da evolução social e intelectual de cada aluno”. No entanto, fez logo questão de esclarecer que essas são ideias que ainda estão em fase de estruturação. “Também esperamos que, em breve, estejamos celebrando o convênio para recuperar a Cadeia Velha de Teixeira, fruto de outra emenda parlamentar, desta vez do deputado Wellington Roberto. Aliás”, prosseguiu ele, “acho que as bancadas na Câmara e no Senado deveriam estar mais atentas com relação a essas necessidades, essas demandas culturais que, na verdade, são demandas da sociedade, pois beneficiam quem mais precisa de oportunidades”.

“Deveria haver mais generosidade para com essa juventude em relação aos orçamentos públicos e legisladores. Não somente em relação aos orçamentos públicos. Na verdade, acho que está na hora das grandes corporações começarem a investir pesado em programas semelhantes. O Prima tem demonstrado o quanto uma política pública originada na área cultural pode avançar no diálogo com a educação e com a assistência social, principalmente. Afinal, se os orçamentos públicos são divididos em ordem de investimento, o ser humano é indivisível. Ao implantarmos um projeto desse porte numa área de risco social estamos dialogando com o aluno da escola pública e com o usuário dos serviços de assistência social e até da saúde pública ao mesmo tempo. Desta forma, afirmamos a eficácia e a urgência de uma política pública integrada”, destacou Lau Siqueira.

O secretário da Cultura lembrou que a estruturação dos três polos nas cidades de Picuí, Pedras de Fogo e Bananeiras já estava previamente acertada quando a emenda foi encaminhada. “Sabemos que a demanda é enorme e queremos pensar na possibilidade de ampliação do Prima, mas devemos agir com responsabilidade para que não haja um crescimento desordenado, um inchaço”, ponderou Lau Siqueira. “Já abrimos o processo de licitação para a compra dos instrumentos - a emenda foi exatamente para compra de instrumentos. Esperamos que ainda no primeiro semestre de 2016, ou no início do segundo semestre, já seja possível inaugurarmos esses novos polos e iniciarmos as novas turmas. Com essas três novas turmas o Prima passará a ter 16 polos espalhados pelo Estado. Na verdade já temos todas as regiões contempladas, mas a demanda é enorme e queremos começar a pensar a possibilidade de ampliação do Prima para outras linguagens artísticas, se possível ainda este ano. Ano passado conversamos sobre isso com a coordenação do programa, com o maestro Alex Klein. Estamos buscando parcerias para isso”, disse ele.

Lau Siqueira admitiu, ainda,que é preciso “avançar muito” na compreensão de uma cultura administrativa que integre os setores, para que o cidadão seja melhor assistido. “Mas, o Prima, a meu ver, tem mostrado essa possibilidade na prática, unindo educação, cultura, assistência social e colhendo resultados que se refletem até mesmo na segurança pública e na proteção social da juventude”, reconheceu ele, ao destacar o importante papel que o Programa de Inclusão por Meio da Música e das Artes tem desempenhado na área cultural e na sociedade.
“O seu princípio básico de instalação em áreas de risco social faz com que estejamos, na prática, trocando armas por violinos, clarinetes, violoncelos... São lindos os depoimentos desses jovens. Eles mesmos relatam essas experiências e a transformação que está se processando em suas vidas. Emociona conviver com esses resultados. Onde o tráfico e o crime organizado aparecem como única sedução para jovens em situação de vulnerabilidade social, este programa desponta como uma esperança transformadora”, comentou Lau Siqueira.

O secretário observou que o Prima preza por uma cultura de paz e demonstra, na prática, a importância do aprendizado coletivo. “Em consequência, temos assistido grandes concertos e uma crescente evolução artística desses meninos, ainda que este não seja o objetivo do programa. Os meninos e meninas que estudam no Prima têm, na música, uma oportunidade até mesmo de carreira profissional, mas não obrigatoriamente serão músicos. A música fará parte das suas vidas como um elo de humanidade e cidadania. Temos programas semelhantes no Brasil e fora do Brasil, mas nenhum com tamanha abrangência, com um princípio filosófico tão bem definido”, disse Lau Siqueira.