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Músicos paraibanos comentam legado de Chuck Berry, encontrado morto no sábado

publicado: 21/03/2017 00h05, última modificação: 21/03/2017 12h03
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O ídolo do rock estadunidense deixou gravado o álbum intitulado "Chuck", seu primeiro disco contendo canções autorais inéditas desde 1979 - Foto: Flickr/Dena Flows

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Rodolfo Amorim - Especial para A União

Após 90 anos de muito rock, e de ser considerado um dos pioneiros do gênero, o multifacetado Chuck Berry foi encontrado morto na sua casa, em Missouri, nos Estados Unidos, no último sábado (18). Cantor, compositor e guitarrista estadunidense, o artista é referência para músicos brasileiros e do mundo inteiro. Pois além das performances, suas letras já foram interpretadas pelos Beatlles e Rolling Stones. Ele deixa a mulher e seus quatro filhos, Ingrid, Aloha, Charles Jr. e Melody. No cenário paraibano, artistas comentam sobre a morte de Chuck e o legado deixado por ele.

“Meu coração está batendo no ritmo e minha alma fica cantando blues, manda bala, Beethoven”, é o que está escrito na letra de Roll Over Beethoven. A música, segundo sucesso de Chuck Berry, era tocada pelos Beatles antes mesmo de os garotos de Liverpool se tornarem a banda famosa. Ao fazer a união de ritmos considerados brancos e música negra, Berry também chegou a realizar algumas apresentações no Brasil. Ele participou do Free Jazz Festival, em 1993, no Rio. Em 2002, o guitarrista voltou para um show em Jaguariúna (SP), e em 2008, para apresentações no Rio Grande do Sul, São Paulo e Paraná.

Dos EUA para o mundo

Quarto filho de seis, Charles Edward Anderson Berry (nome verdadeiro de Chuck Berry) nasceu em 1926, em San Luis, em Missouri, nos EUA, onde faleceu. Sua mãe era professora e seu pai, empreiteiro e pastor evangélico. Desde garoto, ele gostou de blues e, no começo da década de 50, arrancou em sua carreira profissional. Da fonte de sua guitarra pioneira beberam os maiores nomes do rock. Grupos como The Beatles, Rolling Stones, Led Zeppelin e AC/DC partiram do “lendário”.

Querendo tocar blues, Chuck Berry passou a se dedicar à música, exclusivamente, em 1950, quando formou um trio com um baterista, Ebby Harding, e um tecladista, Johnnie Johnson. Mas o sucesso veio em 1955, quando conheceu um artista do blues, Muddy Waters e o produtor Leonard Chess em Chicago.

Para celebrar, também, seus 90 anos de idade, o cantor anunciou, em outubro do ano passado, seu primeiro disco com material inédito desde 1979. O disco de estúdio, chamado “Chuck”, apresenta novas canções originais escritas, gravadas e produzidas pelo músico. O anúncio foi feito através das redes sociais e estava previsto para ser lançado em 2017. Músicos paraibanos disseram estar muito felizes com a iniciativa, e esperam que o disco seja ainda lançado.

Após a morte dele, a família tem sido questionada sobre o então lançamento dessa obra. No site do músico, uma mensagem está escrita aos fãs, sob um fundo preto. Como estava trabalhando nesse disco, a família se dizia feliz, mas neste momento os corações encontram-se pesados. O Chuck não tinha desejo maior do que ver este álbum lançado para o mundo, e eles não sabem de melhor maneira de celebrar e lembrar seus 90 anos de vida, do que através de sua música.

“Há meses que os planos já estão no lugar e os preparativos foram feitos com nossos amigos para revelar mais detalhes e música do álbum nesta semana. Como homenagem a Chuck Berry, e com gratidão aos seus fãs ao redor do mundo, estaremos seguindo esses planos nos próximos dias”, diz a mensagem, o que deixa os fãs mais felizes.

Morte de Chuck Berry

O músico Degner Queiroz, baixista da banda paraibana Retrohollics, e também das bandas Dead Nomads e In The Mood, tem muita referência do rock e do blues em sua formação musical. Ele comentou para o jornal A União que ficou sabendo da morte do Chuck Berry através das redes sociais e depois viu nos jornais. Para Degner, o Chuck carrega um nome que é influência na música mundial, além de ser um artista que é conhecido no cenário do rock por quebrar estereótipos.

“Ele tinha aquele estereótipo forte e imponente. O Elvis era branco, tinha todos aos seus pés, e ele não, negro, já veio quebrando esses paradigmas. Além disso, tinha atitude e uma postura bem rock in roll, o que vai ficar eternizado nas performances”, disse. Uma das bandas em que Degner daz parte, a Retrohollics, inclui em seu setlist duas músicas do Chuck Berry: Johnny B. Goode e Roll Over Beethoven. No próximo sábado, a banda fará uma homenagem a um dos pioneiros do rock, apresentando um show acústico.

Já o músico Paulo Roque disse que ele foi um dos ícones do rock mundial. Segundo ele, o Chuck Berry foi muito bem reverenciado nesse planeta e, provavelmente, deverá se encontrar com Elvis, Jhon Lennon e outros artistas. “Só tenho a agradecer pelo que ele foi aqui, principalmente no cenário do rock”, pontuou. Paulo acrescentou dizendo que o legado do músico é muito importante para o cenário do gênero, além disso, indicou que todos pudessem ouvi-lo, mesmo depois da morte, para que a música permaneça.

“Ele foi um incentivo para o nosso trabalho desde a época em que tocávamos Rolling Stones, Jimi Hendrix e Beatles”, lembrou, ao reverenciar a obra de Chuck Berry.