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Tintin CineClube realiza mostra que trata do universo feminino

publicado: 22/03/2017 00h05, última modificação: 22/03/2017 01h22
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O longa "A Boneca e o Silêncio" trata do problema de uma gravidez indesejada e será exibido na mostra - Foto: Reprodução

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Lucas Silva - Especial para A União

“Precisamos dialogar sobre esse assunto, precisamos estudar as estatísticas e cobrar políticas públicas. Ter empatia é preciso, julgar não é preciso”, discorreu a curadora do Tintin CineClube, Mariah Benaglia, em conversa com o jornal A União sobre a mostra “Tintin Mostra Mulheres”. Promovendo a abertura para debates e a apresentação de temas recorrentes na sociedade que contribuem para construção de seus indivíduos, o Tintin Cineclube retoma as suas atividades normais hoje e já traz de cara uma mostra audiovisual que retrata o universo feminino. A mostra trará em seu leque três produções brasileiras que trabalham desde a história de muitas mulheres até suas questões mais individuais. Como de costume, os filmes são apresentados sempre às 19h30 no Cine Bangüê, do Espaço Cultural. No total, a mostra possui 82 minutos e a entrada é franca ao público interessado em desfrutar da discussão.

“As discussões sobre o movimento feminino vêm crescendo no Brasil e no mundo porque as mulheres tem se exposto mais, se comunicado mais e isso não somente aqui na capital, mas no interior do Estado. Então, sem sombra de dúvidas, o movimento feminino num todo vem ganhando força e se empoderando cada vez mais, disse a curadora do Tintin Cineclube, Mariah Benaglia.

Fazendo um breve recorte, o tema principal da mostra audiovisual mergulha literalmente em conteúdos como o feminismo e os seus direitos reprodutivos e sexuais. Além disso, o público que estiver presente terá a resposta para alguns questionamento como, por exemplo, “O que é ser mulher e não ter autonomia sobre o seu próprio corpo?”

Em especial, os filmes dessa sessão trazem à tona um tema urgente e cada um, com sua abordagem, apresenta diferentes ângulos, sobre diferentes histórias: histórias contadas a partir das discrepâncias socioeconômicas, da crise de saúde pública, da questão da criminalização, das marcas físicas e emocionais que inúmeras mulheres carregam e dos riscos dos procedimentos clandestinos. Por trás de cada um desses pontos, descortinam-se milhares de mulheres brasileiras e de todo o mundo.

“As mostras do tintin são uma pequena parcela dessa visibilidade que o movimento feminista vem ganhando, por exemplo, em diversas sessões sempre trazemos a tona o tema feminino, até porque, grande parte da curadoria do Tintin é feita por mulheres, então nos sempre gostamos de explorar a temática feminina. Só que o diferencial dessa mostra é que nos queremos apresentar ao público a mulher dentro do empoderamento e das discussões políticas que o tema pode envolver”, descreveu a curadora.

A partir desse mote visual sobre o tema, a primeira produção a ocupar a tela de cinema é o premiado “Ventre Livre”, da diretora Ana Luíza Azevedo. Sendo um documentário produzido em 94, o filme conta a história de mulheres que enfrentaram o tema do aborto em suas vidas. Sendo mais incisivo, o documentário discute os direitos reprodutivos do Brasil.

Dessa forma, é possível constatar que a produção levanta questionamentos acerca do tema aborto como “O país do futuro é onde as crianças engravidam?” ou então “O maior país católico do mundo é onde mais de trinta mil mulheres morrem em consequência de aborto?”. Tudo isso sendo voltado para demonstrar e relacionar a questão da desigualdade socioeconômica brasileira aos valores cristãos e à própria posição da mulher na sociedade, enfatizando o problema de gravidez na adolescência.

Ou seja, Ventre Livre conta um pouco da história de Vera, Ivonete, Carmen, Denise, Maria do Carmo, Marlove - pessoas que nasceram no país com a mais desigual distribuição de renda do planeta. Um documentário sobre direitos reprodutivos no Brasil, enquanto o futuro não chega.

Logo após, a segunda atração da noite fica por conta do filme “A Triste História de Kid-Punhetinha”, produção conjunta feita entre Andradina Azevedo e Dida Andrade. Produzido em 2012, o filme conta a história de Victor e Verônica que estudam na mesma classe. A menina, que nunca beijou ninguém, é apaixonada por Victor. Um dia, por pressão dos amigos, ele transa com ela. Dois meses depois, entre silêncios e angústias, Victor e Verônica vão a uma clínica de aborto.

E finalizando a mostra, o último filme da noite fica por conta de “A Boneca e o Silêncio”, feito por Carol Rodrigues. Em uma breve resumo, o filme é descrito como a solidão de Marcela, uma menina de 14 anos que pode interromper uma gravidez indesejada.

Em entrevista dada durante o lançamento da produção,a diretora chegou a comentar que decidiu fazer o curta porque o aborto é um tabu. “Ainda que ilegal na maior parte dos casos, no Brasil, são feitos centenas de milhares de abortos todos os anos e é uma das maiores causas de morte entre as mulheres. As principais vítimas são as mulheres pobres e negras, que também são as mais vulneráveis ao indiciamento criminal”, contou em entrevista ao site esquerda diário.