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#92 Netflix estreia novos capítulos de 'Love, Death & Robots'

publicado: 19/05/2021 08h00, última modificação: 24/05/2021 11h39
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Como você enxerga o mundo num futuro milenar? A Terra tomada por máquinas com Inteligência Artificial sofisticada? Humanos em extinção após guerras e mais guerras? Talvez uma total harmonia entre a nossa perpetuada espécie e androides?

Amor, morte e robôs. Esses três elementos são chave (e título) para uma das produções originais da Netflix de maior sucesso. Love, Death & Robots estreou, neste fim de semana, o segundo volume da antologia de histórias animadas criada pelo animador e diretor Tim Miller (Deadpool, O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio) e com produção executiva de ninguém menos que David Fincher (Clube da Luta, Garota Exemplar).

Se você assistiu Final Fantasy: The Spirit Within, de Hironobu Sakaguchi, ou Animatrix, das irmãs Wachowski, nos anos 2000, definitivamente vai se empolgar com LD&R. Fantasia, ficção científica, terror e comédia dão o tom do segundo volume da série. Em oito episódios inéditos, somos apresentados a novas histórias, personagens e técnicas de animação. Os temas das animações adultas variam entre um mundos pós-apocalípticos nos moldes de Mad Max, robôs subservientes (que eventualmente se revoltam contra os humanos) e até um homem gigante. 

LD&R é, na verdade, um reboot do filme Heavy Metal (1981), dirigido por Gerald Potterton, que reúne adaptações animadas de histórias de ficção e fantasia publicadas na revista homônima, em circulação desde 1977. Desde 2008, havia planos de David Fincher e Tim Miller se unirem para esse reboot e a oportunidade chegou uma década depois. Em 2019, estreou a primeira temporada na Netflix. Se uma produção de animação já envolve uma equipe gigante, imagina uma série de 26 episódios, baseados em contos de 16 autores de diferentes partes do mundo, onde cada um possui uma direção de arte diferente, técnicas de animação e estilos distintos. 

Considero Love, Death & Robots um entretenimento certeiro. Os capítulos curtos, com uma média de 10 minutos cada, encaixam-se certinho na nossa rotina multitarefas -- e ainda dá para rever a série casualmente. Ainda assim, a segunda temporada não teve um saldo tão positivo quanto a primeira. O primeiro volume conta com 18 histórias, das quais metade delas acho memoráveis e, destas, duas ou três espetaculares. As outras são sempre visualmente bonitas e diversas, mas com narrativas esquecíveis. Por essa lógica, a probabilidade de uma temporada que conta com apenas oito contos conseguir lançar títulos excelentes não é tão boa. E não foi.

Um episódio em particular fisgou minha atenção logo de início quando me vi perguntando "isso é live-action ou animação?!". O capítulo o qual me refiro é 'Snow in the Desert', também conhecido como a primeira vez que uma animação me enganou completamente. Ah, e o ponto positivo é que, diferente do episódio estrelado por Michael B. Jordan, mesclando CGI com live action, 'Snow...' tem uma narrativa original e envolvente e é, definitivamente, um dos melhores episódios do volume dois. 

Assim como na primeira temporada, não são apenas tecnologia ou futuros distópicos que comandam a temática da antologia. Em 'The Tall Grass', com uma atmosfera que remete ao conto 'Crianças do Milharal' (ou 'Colheita Maldita') de Stephen King, e um protagonista que é a cara de Augusto dos Anjos, o resultado é um excelente curta de terror de época. O capítulo 'All Through the House' é um dos de menor duração e com diversão inversamente proporcional quando apresenta um Papai Noel inusitado e referências a Alien - O Oitavo Passageiro (1979). Já 'The Drowned Giant' é um episódio poético e contemplativo onde a vida, morte e decomposição são metáforas para as ações e relações humanas.

A primeira temporada da série produzida pelo Blur Studio garantiu ao título cinco Emmys e, após uma segunda temporada morna, talvez o mesmo não se repita. Ainda assim, Love, Death & Robots continua sendo uma das mais divertidas produções originais Netflix e mais uma boa notícia é que um terceiro volume, com mais oito capítulos, foi confirmado para 2022. 

*Coluna publicada originalmente na edição impressa de 19 de maio de 2021. Este texto contém correções.