Alexandre Nunes
Justiça e Cidadania: extremos, riscos e desafios da crise brasileira. Este é o tema da palestra que o jornalista Luís Nassif vai proferir na próxima sexta-feira, 11 de agosto, às 19h, na Sala de Concertos Maestro José Siqueira, no Espaço Cultural, em João Pessoa, com entrada franca. Ele é o segundo palestrante convidado para o Pense - Ciclo de Debates Contemporâneos da Paraíba.
Luís Nassif fará a análise crítica do processo de judicialização da política e de politização da Justiça: caminhos da desconstituição da cidadania. Os gritos e sussurros da democracia ameaçada; refundações, recriações e outras estratégias para a transformação democrática e cidadã dos sistemas e dos poderes no Brasil, também serão temas debatidos pelo jornalista mineiro de 67 anos que já atuou em diversas empresas da grande mídia como Folha de São Paulo, Folha da Tarde, Veja, Carta Capital, TV Gazeta, TV Cultura, Rede Bandeirantes, EBC. Atualmente, Luís Nassif, que iniciou sua carreira jornalística em 1971, dirige a revista eletrônica GGN. Ele já teve seu trabalho reconhecido por várias premiações.
O jornalista paraibano Walter Santos, um dos primeiros na Paraíba a atuar no mercado da comunicação na internet, faz uma análise positiva do "Pense", uma iniciativa do Governo do Estado que reúne grandes nomes nacionais para discutir temas relevantes da atualidade. Ele considera o “Pense” uma proposta contemporânea relevante para entender o que se passa no país e no mundo.
"A importância do "Pense" não se discute, diante de um momento tão especial vivido pelo país, em que precisamos estar tendo conhecimento das coisas, além da pós-verdade que tem se estabelecido a partir do novo posicionamento da grande mídia nacional. Ela deixou de fazer jornalismo e, hoje, interfere e participa dos fatos. Isso é o que podemos chamar de pós-verdade", observa.
Abordagem prioritária
Segundo avalia o jornalista, afora isso, no início do “Pense” o trato dado às questões, tanto por Franklin Martins, quanto por Luís Nassif, traduz uma abordagem prioritária que precisa acontecer no Brasil de agora em diante, ou seja, essa temática da mídia, no seu entender, merece prioridade, porque é dos mais graves problemas do Brasil. "É claro que, em nível de urgência, achamos que a crise política que afeta a crise econômica tem natureza de imediatismo maior. Mas, do ponto de vista de importância, rever as políticas voltadas para a mídia é algo prioritário no Brasil, por isso a vinda de Nassif e de Franklin, acho que por coincidência ou não, traduz essa urgência, essa prioridade, porque o Brasil não pode continuar sendo mandado por seis famílias que, ao longo do tempo, só vivem criando dificuldades no desenvolvimento do país", critica.
Walter Santos acrescenta que Nassif é um dos mais importantes intelectuais da contemporaneidade. "Ele não é só jornalista e não trata apenas da conjuntura econômica, o que já seria muito. Ele é alguém que tem a capacidade de pensar o Brasil dentro de uma visão macropolítica. Ele é um dos intelectuais que, inclusive, adora música instrumental de qualidade. Então, o que ele aborda é apenas uma leitura de crítica a um momento de perplexidade e de alta crise produzida por esse conjunto de fatores que envolvem setores do Judiciário, do Ministério Público, da Polícia Federal, quer dizer, todos sob a égide, sob o comando da grande mídia", comenta.
O jornalista acrescenta que esses setores estão todos acovardados e seguindo a doutrina da grande mídia para dar um encaminhamento ao país, na inversão do que estava em curso, a exemplo da soberania do Brasil, do país sendo tratado como a 6ª economia do mundo, de um país que colocou 48 milhões na inclusão social, ou seja, que deu um rumo econômico de reduzir as desigualdades regionais. "Tudo isso é o que Nassif procura criticar, porque todos esses encaminhamentos de mudanças em favor da sociedade estão desmontados pelos rentistas que são os que mandam de fato na política do Brasil e dos quais Nassif é um dos críticos mais contumaz", reconhece.
O Pense - Ciclo de Debates Contemporâneos da Paraíba será realizado de julho a dezembro, com uma ou duas palestras mensais. As palestras são sobre temas universais, civilizatórios, cosmopolitas, não necessariamente conjunturais, mas que mediam, na atualidade, a vida social e o pensamento crítico nos âmbitos local, regional, nacional e internacional.