O negócio já estava na alma
Por Martinho Moreira Franco
O número 1 de A União, datado de 2 de fevereiro de 1893, demonstra que a propaganda começou a ocupar espaço neste jornal bem antes de inspirar, no século seguinte, a definição que a conceituaria como “a alma do negócio”. Na verdade, a propaganda em A União marcou o próprio nascimento do jornal. Basta ver que a quarta (e última) página do histórico primeiro exemplar é inteiramente ocupada por anúncios. Anúncios, não; reclames, como se dizia na época.
Há quem registre que, por volta de 1800, os mascates, os ambulantes e os tropeiros foram os primeiros vendedores a divulgar os seus produtos em impressos que circulavam aleatoriamente no Brasil. Mas o primeiro jornal de anúncios editado no país foi o Diário do Rio de Janeiro, lançado em 1821. Era um “Classificados” artesanalmente ilustrado. Anunciava a venda de imóveis, carroças e... escravos, conforme assinalam os mesmos registros.
Nos anos 1800, a propaganda brasileira apenas engatinhava. E só começaria a dar os seus primeiros passos quando se iniciou aqui a venda de automóveis. Abria-se um mercado que passou a rivalizar com o de venda de remédios, então dominante. São justamente os anúncios de remédios que pontificam nos “Classificados” do número 1 de A União. Anúncios assinados também por firmas nacionais, é bom frisar.
Tal diapasão seria mantido ao longo dos anos, dividindo centimetragem com produções locais de forte apelo publicitário. Destacavam-se entre os anunciantes as lojas, os cinemas e outras casas de espetáculo (são primorosos os anúncios de películas e montagens teatrais em cartaz).
O que se verá a seguir é um painel de surpreendente e admirável riqueza gráfica ilustrando o espírito de uma época que, se hoje adquire algum tom nostálgico, na verdade representou um marco no surgimento e na evolução da publicidade e da propaganda em veículos impressos na Paraíba. Tendo, claro, A União como testemunha e referência.