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‘Comunicurtas’ começa hoje em formato híbrido

publicado: 01/12/2021 10h05, última modificação: 01/12/2021 11h30
Álbum em Família de Daniel Belmonte.jpg

por Joel Cavalcanti*

Mesmo a pandemia tendo atingido em cheio a produção audiovisual em todo mundo, os festivais de cinemas começam a retomar suas realizações de forma presencial (e mantendo também a transmissão virtual) com uma profusão de obras marcadas pela diversidade estética e temática.

Com cerca de 1.500 inscrições, o 16º Festival Audiovisual de Campina Grande – Comunicurtas UEPB – começa hoje, às 19h30, demonstrando a resistência desse setor econômico e cultural com mostras competitivas e não competitivas, reportagens jornalísticas, filmes publicitários, exposições, mesas redondas, debates, palestras, workshop e oficinas. Com cinco longas-metragens brasileiros, 10 internacionais e 14 curtas paraibanos, o evento é gratuito e vai até o próximo domingo (dia 4).

A programação do evento promovido pela Universidade Estadual da Paraíba abre com a exibição do longa nacional Álbum em Família, de Daniel Belmonte, com presença do diretor e do protagonista, Otávio Müller. O filme é classificado por Belmonte como testemunho afetivo de um momento e um olhar sobre a dramaturgia de Nelson Rodrigues. Na ficção estão presentes características que fazem parte da realidade de quem teve de se isolar durante a pandemia. Os atores contracenaram uns com os outros usando ferramentas da internet como as plataformas Zoom e WhatsApp. O filme foi todo rodado de forma remota, sem qualquer contato físico entre os membros da equipe, e os sets foram todos virtuais.

“Por incrível que pareça, nós percebemos um aumento muito grande de inscrições. Muitas produções são feitas de casa, a exemplo de Álbum em Família, que vem desse processo. Os realizadores encontraram formas criativas de produzir apesar da pandemia”, contextualiza o produtor do festival, Hipolito Lucena, que justifica o alto número de filmes inscritos ainda pelas produções que estavam represadas desde o ano passado com o fechamento dos cinemas. O tema do Comunicurtas 2021 “Inventar a vida, viver a arte” é uma lembrança das dificuldades enfrentadas em especial pelo setor artístico em todo o país.

A sessão “Bodocongó” antecede a projeção do longa com a exibição de quatro curtas, os paraibanos O que resta, de Nathan Cirino, e Por entre as muralhas, de Eduardo Moreira. Produções de São Paulo e Bruxelas (Bélgica) complementam a programação de abertura.

Álbum em Família, assim como todos os longas nacionais e filmes da Mostra Tropeiros da Borborema, que conta com curtas metragens paraibanos, serão exibidos de forma presencial no Teatro Severino Cabral, em Campina Grande. “Todas as mostras, de forma transversal, têm no processo de curadoria prestigiado filmes e temas que têm discutido essas questões das artes e, em particular, as artes visuais”, explica Hipolito Lucena.


A céu aberto

Um dos grandes destaques do Comunicurtas UEPB acontecerá a céu aberto com a Mostra Território Liberdade. Será realizada uma projeção mapeada de 20 videoartes na fachada do Museu de Arte Popular da Paraíba (MAPP), no Açude Velho, região central da Rainha da Borborema. São filmes brasileiros, do Irã, Ucrânia, Turquia, Estados Unidos e México, entre outros.

A novidade criada para esse ano é preparada em homenagem ao artista visual paraibano Antonio Dias (1944-2018) e acontece a partir das 17h do encerramento, no próximo domingo. O profissional também será lembrado através da exibição inédita do documentário experimental Território Liberdade, com direção de Hipolito Lucena e Rebeca Souza.

O Comunicurtas UEPB nasceu no curso de Comunicação Social e tem como prioridade oferecer aos profissionais envolvidos nas práticas audiovisuais como cinema, publicidade e telejornalismo, a abertura necessária para a divulgação de suas produções criativas. O festival busca estimular a plateia e a formação de uma opinião crítica e fomentar a arte e a cultura no Estado.

“Essa é uma trajetória muito rica. São 16 anos de produção ininterrupta, apesar de todas as dificuldades e turbulências. O festival mantém a sua essência e essa longevidade devido a sua força pedagógica”, considera o coordenador da edição, Hipolito Lucena.