Amanda Falcão Evangelista
Especial para A União
Quem vê a desenvoltura do Tony com a trompa durante as apresentações da Orquestra Sinfônica Jovem da Paraíba nem imagina que há apenas cinco anos o jovem franzino tivera seu primeiro contato com o instrumento. Antônio Cícero, nome de batismo do trompista, foi aluno da primeira turma do Programa de Inclusão Através da Música e das Artes, o Prima, gerido pelas Secretarias de Estado da Educação (SEE) e da Cultura (Secult) da Paraíba, que no concerto desta tarde de domingo (10), às 16h, na Funesc, celebra cinco anos de existência. “Entrei no Programa no ano de 2012.
Naquela época, eu já tinha uma certa noção musical, mas foi no Prima que eu aprendi que a música tem uma forte relação com a construção do senso de cidadania e o desenvolvimento humano”, explica. Neste domingo, com 19 anos, o graduando em música pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB) acumula ainda em seu currículo a experiência de reger bandas escolares do estado e uma cadeira cativa na OSJPB.
Na mesma turma do Tony, dentre os 20 alunos que formavam a primeira turma do Programa, no polo instalado na cidade de Cabedelo, também se encontrava a Dayane dos Santos, uma jovem de apenas 14 anos que, apesar de não saber nada de teoria musical, se apaixonou à primeira vista pelo clarinete. Ela recorda com emoção os desafios enfrentados naquele início: “Não foi fácil, a gente não tinha ainda nenhum instrumento, e eu lembro que o primeiro lugar que o Prima começou suas atividades foi na Fortaleza de Santa Catarina, em Cabedelo. Lá, tínhamos aulas enquanto os guias de turismo contavam a história do local. Só depois de algum tempo fomos transferidos para uma escola do estado”.
De origem pobre, a clarinetista coleciona em seu mural de recordações o momento em que foi às lágrimas ao descobrir que a música era de fato a sua grande vocação. “Teve um concerto em que iríamos tocar 'Asa branca' e eu começaria a música solando. A canção tem uma melodia simples, mas naquele dia foi diferente. Ali eu senti e tive a certeza de que eu havia nascido para aquilo. Lembro que quando eu terminei de tocar fui num canto e chorei. Chorei de êxtase, de felicidade... Logo depois uma professora do Prima me mandou uma mensagem dizendo que eu a fiz lembrar do porquê que ela amava tanto a música e do poder de emocionar que a música tem”, conta Dayane, que neste domingo (10) volta à casa que lhe acolheu, mas desta vez como funcionária. “Voltar ao Prima, desta vez como uma profissional, é a concretização do reconhecimento do meu esforço”.
Domingo (10), após cinco anos da criação do Programa, o Prima possui a capacidade de beneficiar cerca de 1.500 estudantes da rede pública de ensino, que estão distribuídos nos polos de: João Pessoa (Penha, Tambiá, Bairro dos Novais e Alto do Mateus), Conde, Bayeux, Santa Rita, Campina Grande (Bodocongó, Mutirão e Malvinas), Guarabira, Patos, Itaporanga, Cajazeiras e Catolé do Rocha. Em breve serão instalados ainda mais cinco polos nas cidades de Sousa, Monteiro, Bananeiras, Picuí e Pedras de Fogo, totalizando assim 20 polos em atuação.