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A encruzilhada da falta de alguém

publicado: 02/10/2024 09h43, última modificação: 02/10/2024 09h43
“Quando Eu Me Encontrar” estreia hoje no Cine Banguê, com debate com as diretoras após a sessão
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Mãe e irmã (Luciana Souza e Iasmin Souza) lidam com o sumiço de Dayane | Foto: Divulgação/Marrevolto Filmes

por Esmejoano Lincol*

Em Quando Eu Me Encontrar, longa-metragem das diretoras cearenses Amanda Pontes e Michelline Helena, os personagens ligados a Dayane (Pipa) operam de maneiras diferentes após o seu desaparecimento. Enquanto sua mãe, Marluce (Luciana Souza), tenta fingir normalidade diante do ocorrido, e a irmã Mariana (Iasmin Dantas de Souza) passa a lidar sozinha com os problemas da idade, seu noivo, Antônio (David Santos), busca formas de elucidar esse mistério. A estreia do longa no Cine Banguê, em João Pessoa, conta com uma sessão especial hoje, às 19h, seguida de um debate com as realizadoras. Os ingressos, a partir de R$ 5, podem ser adquiridos na bilheteria presencial da sala, no Espaço Cultural, em Tambauzinho.

Apesar de retratar um fato comum na vida de muitas famílias mundo afora, o desaparecimento de Dayane não foi inspirado em um caso real específico, mas numa trama ficcional criada pelas diretoras. “A personagem aparecia numa cena no primeiro curta que dirigimos juntas (Do que Se Faz De Conta, 2016). Ela dizia para a sua amiga, a protagonista, que iria embora e deixaria um bilhete para a mãe, pois não tinha coragem de se despedir. Mas a Dayane do longa se desenvolveu com outras complexidades”, explica Amanda Pontes. 

Imagem: Divulgação/Marrevolto Filmes

A produção do filme começou em 2016, a partir da captação de recursos por editais públicos de fomento. Todavia, houve demora no pagamento das verbas, fato agravado pelo rebaixamento do Ministério da Cultura à condição de secretaria, em 2019. “Depois de vencermos a batalha burocrática e recebermos o dinheiro, veio a pandemia. O novo atraso afetou o orçamento, que teve de incluir os custos com os protocolos necessários para trabalharmos de forma mais segura. Mais um desafio a ser vencido. Filmamos no final de 2021”, rememora Michelline Helena.

As relações familiares e afetivas são temas recorrentes na filmografia das diretoras. Elas detalham que, em Quando Eu Me Encontrar, o foco recai sobre as expectativas que criamos sobre os outros. Dayane não aparece ao longo da projeção do filme: ela é apenas mencionada e vista a distância em fotos espalhadas pelos cenários.“Os personagens precisam reconfigurar suas vidas, mas essa ausência também é uma forma de olharmos para nós mesmos, independentemente da relação com o outro. Dayane vai embora por vontade própria e as pessoas que ficam precisam encontrar suas próprias vontades”, pontua Amanda.

Plural, o cinema cearense contemporâneo vai das comédias de Halder Gomes aos dramas de Petrus Cariry e Allan Deberton. A comunicabilidade das histórias produzidas nesse estado é um ponto em comum e atrativo de suas produções, segundo as realizadoras. “Nosso filme conseguiu gerar identificação e um bom diálogo com plateias em Curitiba, São Paulo, Vitória e outras cidades de diferentes regiões. Tratamos de questões universais, como família, maternidade e ausência”, finalizou Michelline.  

QUANDO EU ME ENCONTRAR
- Brasil, 2024. Dir.: Michelline Helena, Amanda Pontes. Elenco: Luciana Souza, David Santos.
- Estreia hoje, às 19h no Cine Banguê (Espaço Cultural, R. Abdias Gomes de Almeida, 800, Tambauzinho, João Pessoa)
- Inressos: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia).

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 02 de outubro de 2024.