O Palco Tabajara terá hoje mais uma rodada de apresentações. A celebração da música paraibana, a partir das 20h, fica por conta de Som D’Luna e Titá Moura, na Sala Vladimir Carvalho da Usina Cultural Energisa, em João Pessoa. As apresentações serão transmitidas ao vivo pela 105,5 FM e também pelo canal da Rádio Tabajara no YouTube, sob a direção de Marcos Thomaz e Val Donato.
O som dos Lunas
O grupo Som D’Luna é formado por dois irmãos gêmeos, os músicos paraibanos Diogo e Vitor Luna, que iniciaram a carreira há cerca de 10 anos, tocando em pizzarias e casas de show da capital. “A gente sempre tocou junto. Sempre estudou música junto, enfim, dividiu a vida inteira nesse lance mesmo de ser gêmeo e fazer tudo junto. A música apareceu pros dois ao mesmo tempo”, afirma Vitor.
Com o passar do tempo, os gêmeos sentiram a necessidade de expressar-se como compositores. Em 2015, investiram em um primeiro álbum autoral, Secura, que contou com seis canções, além de uma trilha bônus. Três anos depois, por meio de uma campanha de financiamento coletivo, a dupla lançou, Nesse Trem (2018), um segundo álbum mais elaborado, com participação de banda completa e naipe de metais, trabalho que fez com que a dupla conquistasse seu público, firmando-se na cena musical.
No horizonte de influências do Som D’Luna figuram grandes nomes da música brasileira, como Djavan, Gilberto Gil, Jorge Vercillo e Lenine, bem como referências internacionais da black music, a exemplo de Stevie Wonder, Michael Jackson e George Benson. “O que a gente faz é bem diverso, às vezes é difícil de definir. Nesse Trem é um disco muito diverso, mas acho que a MPB ainda encaixa no som que a gente faz”, destaca Vitor.
O contexto musical paraibano também teve um papel importante no desenvolvimento criativo da dupla. Para Vitor, há lugares que sempre abraçam a música autoral com afinco, como a Usina Cultural Energisa, além de projetos de envergadura, a exemplo do Festival de Música da Paraíba, os quais fortalecem ainda mais esse cenário ao longo dos anos, fazendo surgir novos compositores.
Essa será a segunda participação do Som D’Luna no Palco Tabajara. Com o irmão Diogo residindo no Sertão do estado, Vitor afirma que a apresentação na capital servirá, inclusive, para decidirem sobre os novos projetos da dupla. “A gente sempre fala isso no final dos nossos shows: ‘Se fizer bem pra vocês 10 por cento do que faz com a gente, que está aqui em cima, a gente já sai daqui muito feliz. Temos sempre esse objetivo de tornar a noite das pessoas muito mais legal, mais agradável, mais feliz. Pra gente é a melhor coisa que pode haver”, conclui Vitor.
Titá Moura
Desde a segunda edição da primeira temporada do Palco Tabajara, Titá Moura – terceiro lugar no Festival de Música da Paraíba deste ano – já compunha o leque de artistas do programa com sua música autoral. Ao longo dos anos, participou de várias edições, em apresentações solo ou ao lado da banda Caburé, sempre enxergando o Palco como uma oportunidade de se conectar a um público fiel à música paraibana, principalmente os ouvintes da Rádio Tabajara.
“Minha história com a música começa ainda muito pequeno, dentro do ambiente doméstico, que era muito musical, tanto no sentido de uma paisagem sonora quanto nas agitações culturais que meu pai e minha mãe faziam na minha casa”, conta o músico, que é filho do jornalista, e presidente da Fundação Casa de José Américo, Fernando Moura.
Titá também afirma uma profunda influência, por volta dos 15 anos, do ambiente festivo e musical dos encontros da Renovação Carismática Católica sobre sua trajetória. Depois de passar brevemente por bandas da igreja, foi convidado para cantar em sua primeira banda profissional de samba e pagode, iniciando a carreira como músico profissional. Com o tempo, expandiu o repertório a diferentes gêneros e estilos, chegando a cantar em bandas de forró eletrônico no fim dos anos 1990.
Em 2004, acometido por uma lesão vocal que o impossibilitou de cantar por quase dois anos, descobriu os caminhos da composição. “Esse é um momento em que vira uma chave e que eu descubro essa possibilidade de me expressar na música criando, sendo um autor”, revela. Curado, foi morar em Portugal em 2010, e passou a experimentar com mais liberdade o exercício da criação, evoluindo e chegando a gravar, anos depois, seu primeiro álbum solo, Cantos pra Se Dançar de Azul (2018).
Fortemente influenciado pelos artistas da terra, com destaque para Chico César, Titá lançou recentemente o single “Reforma agrária” (2024), que irá compor seu próximo álbum solo, Vai Dormir que Teu Mal é Sonho. Para o músico, o Palco Tabajara vai além de um simples show. “Acho que o Palco Tabajara tem a capacidade de promover encontros que aprofundam relações do artista com o público. É uma plateia que não fica extremamente sisuda, ela tá à vontade, ela tá interagindo. Além do que acho que tem o papel de amplificar plateias. Toda vez que você vai lá se apresentar junto com outro artista, você está entrando em contato com o público do outro artista”, ressalta Titá, definindo-se como um tipo de trabalhador braçal, tal qual um estivador, carregando um saco de sonhos nas costas.
PALCO TABAJARA
- Shows de Som D’Luna e Titá Moura.
- Hoje, às 20h na Sala Vladimir Carvalho (Usina Energisa, Av. Juarez Távora, 243, Centro, João Pessoa – 3221.6343).
- Entrada franca.
Sobre o programa
Criado em 2017, o Palco Tabajara se consolidou como um espaço para a promoção da música autoral da Paraíba, apresentando mais de uma centena de artistas locais e tornando-se uma referência cultural no estado.
Na próxima semana sobem ao Palco os grupos Confluência e Blues a Brasileira; no dia 17, Lils Lion e Candeeiro Natural; e no dia 24, Nathalia Bellar e Módulo Lunar. No dia 1o de outubro se apresentam Polyana Resende e Helton Souza e, na última semana do programa, Chico Limeira e Wister, dia 8.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 03 de setembro de 2024.