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Literatura

A mulher que transformou dor em sobrevivência

publicado: 09/01/2024 09h47, última modificação: 09/01/2024 09h47
Em março, escritor Luiz Augusto Paiva lançará o seu primeiro romance, ‘Memórias Indecentes’, que já se encontra em pré-venda pela editora Caravana
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Depois de escrever contos e crônicas, Paiva envereda pelo romance: “(...)exige do autor, porque a história se estende mais e é preciso manter a atenção do leitor” - Foto: Acervo Pessoal

por Guilherme Cabral*

Primeiro romance do autor, o livro Memórias indecentes - de como nove homens fizeram da vida de uma mulher um mundo repleto de aventuras, sexo, tragédias, paixões, fantasias e arrependimentos (92 páginas, R$ 60), escrito por Luiz Augusto Paiva, já se encontra em pré-lançamento pela Editora Caravana, sediada na cidade de Belo Horizonte, em Minas Gerais. A obra é dividida em nove capítulos e a previsão é de que será lançada no mês de março.

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Obra é sobre Aída Kartarian, uma prostituta que teve nove homens que marcaram a sua vida, apresentando um sinal em cada uma dessas experiências para que a protagonista deixasse a profissão; cada capítulo traz uma epígrafe tirada de composições de Dolores Duran (1930-1959) - Imagem: Caravana/Divulgação

Assinando dois livros de contos e outros dois de crônicas, Paiva justificou o motivo de empreender por esse gênero literário. “Eu já vinha amadurecendo essa ideia há algum tempo. Então, durante a pandemia, aproveitando o tempo do isolamento social a que estávamos submetidos, resolvi escrever esse romance, que não é muito grande, o qual concluí no final de novembro do ano passado. Naquela ocasião, também escrevi a obra intitulada 37 não é febre: a dor de cotovelo, o chifre e a saudades, que reúne 10 contos, inspirados em canções do gaúcho Lupicínio Rodrigues (1914-1974), que resolvi lançar antes, em 2022. Escrever esse romance foi um grande desafio para mim”, disse ele, que é colunista do Jornal A União e presidente da União Brasileira de Escritores – Paraíba (UBE-PB).

“Memórias indecentes é sobre a prostituta Aída Kartarian, nome que escolhi de maneira aleatória e cuja origem é armênia. Ela teve experiências diferentes com nove homens que marcaram a sua vida. A princípio, os capítulos pareciam contos, mas percebi que algo os interligava e daí eu escrevi o romance”, resumiu Luiz Augusto Paiva. “Aída Kartarian teve nove sinais, sendo um em cada dessas experiências, para deixar a vida de prostituta, mas não deixou. Aí é que está o segredo do livro, porque cada motivo para deixar esse tipo de vida é diferente. O tema do livro é mais envolvente e cada história contada tem uma epígrafe tirada de composições da carioca Dolores Duran (1930-1959), que também era cantora”, comentou ele.

No texto Aída Kartarian: uma mulher notável, referindo-se à protagonista do romance escrito por Luiz Augusto Paiva, a psicóloga paraibana Ceres Buonsanti Barranjard, que é especialista em Terapia Cognitiva Comportamental, fez o seguinte registro: “Aída ao discorrer sobre sua vida, através de alguns relacionamentos sexuais, demonstrou grande resiliência, força e atitude positiva após violência sofrida aos 17 anos e tragédias vivenciadas ao longo da vida. Em relação às habilidades sociais e emocionais, Aída é sociável e com apurado senso de humor é generosa e hábil nos relacionamentos interpessoais. Ativa e disciplinada, mesmo com afetos e amores em seus relacionamentos, sua motivação é econômica. A busca pela independência e liberdade está pautada em seu caráter individualista e autossuficiente. Aída transformou dor em sobrevivência. Superou solidão e tragédias encontrando significado e satisfação em sua vida. A capacidade de perdoar e o enfrentamento determinado da sua história, refletem uma admirável saúde emocional e psicológica, que dificilmente colegas de profissão teriam”.

Processo de sedução

“Ao contrário da crônica, por exemplo, que é mais sucinta e fácil de ler, o romance exige do autor, porque a história se estende mais e é preciso manter a atenção do leitor. Se essa atenção não for conseguida nas primeiras 15 páginas, o leitor vai largar o livro. É como um processo de sedução para que o leitor continue até o fim”, explicou Paiva.

O autor também informou que vem escrevendo o seu segundo romance, para o qual já produziu 70 páginas, mas não deu mais detalhes, a não ser que pretende concluí-lo para lançar até o final deste ano.

Além dos romances, Luiz Augusto Paiva disse que está com duas novas obras prontas, com previsão de realizar o lançamento durante o segundo semestre. Um é Agora é silêncio, em que pretende incluir 50 textos; o outro é denominado Escritos de mal dizer. “Na coluna Crônica em destaque, que publico nas quartas-feiras, no Jornal A União, nem sempre os textos são de crônicas, mas também são contos, em forma de causos. Então, decidi escolher 50 desses contos para a obra, que será ilustrada, pois cada texto terá um cartum de autoria da artista visual paraibana Laís Sobreira”, revelou ele.

Radicado na cidade de João Pessoa desde 2009, Luiz Augusto Paiva da Mata nasceu no Rio de Janeiro, em 1950, mas foi registrado no município de Campos do Jordão, em São Paulo. Em 2014, publicou pela All Print (SP), o livro de contos A saudade e outras manias do coração; três anos depois, o autor lançou pela Mídia Gráfica (PB) a obra O chapéu do meu avô, reunindo crônicas e outros escritos, além de O coturno e as Margaridas (crônicas, 2020) e 37 não é febre: a dor de cotovelo, o chifre e a saudades (contos, 2022),ambos pela Editora Mondrongo (BA).

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 09 de janeiro de 2024.