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A telenovela vai ao cangaço

publicado: 09/06/2025 09h20, última modificação: 09/06/2025 09h20
“Guerreiros do Sol”, com seis paraibanos no elenco, estreia nesta quarta, no Globoplay e no novo canal Globoplay Novelas
Guerreiros do Sol - Créditos para Estevam Avellar - Divulgação - TV Globo 01.jpg

Alexandre Nero é o líder do bando ao qual Thomás Aquino se une na trama | Foto: Estevam Avellar/Divulgação

por Esmejoano Lincol*

Na esteira do sucesso de séries como Cangaço Novo (Prime) e Maria e o Cangaço (Disney+), o Globoplay estreia na próxima quarta-feira (11) uma atração com o mesmo tema, mas num formato consagrado pelo público brasileiro — a telenovela. Guerreiros do Sol, de George Moura e Sergio Goldenberg, entra na plataforma do catálogo de streaming e na grade de um novo canal de TV por assinatura, o Globoplay Novelas, a partir das 22h40 (ver mais na página 11). A União conversou com parte do elenco desse novo projeto, que inclui seis atores paraibanos: Isadora Cruz, Marcélia Cartaxo, Luiz Carlos Vasconcelos, Suzy Lopes, Kelner Macêdo e Paulo Vieira.

Isadora Cruz e Thomás Aquino formam o par principal | Foto: Divulgação/Globo
Ambientada nos anos 1920, Guerreiros do Sol parte do romance entre os sertanejos Josué (Thomás Aquino) e Rosa (Isadora), interrompido pelo casamento da moça com o coronel Elói (José de Abreu): ela se muda com a irmã Otília (Alice Carvalho) para a mansão do poderoso homem e estreita laços com a nora Jânia (Alinne Moraes) ao passo que sofre com o assédio do enteado Idálio (Daniel de Oliveira). Todavia, Rosa não esquecerá facilmente o antigo amor. Motivado por despeito, o coronel decide dar cabo do pai de seu rival. Para ir à forra contra o assassino, Josué entra para o bando de Miguel Inácio (Alexandre Nero).

Na aridez do cangaço, ele ganha a companhia dos irmãos Arduíno (Irandhir Santos), Milagre (Ítalo Martins), Sabiá (Vitor Sampaio) e Bida (Rodrigo Lelis). Destacando-se como cangaceiro, Josué desperta o ciúme de Arduíno, que desgarra-se do bando para juntar-se à polícia e caçar o parente.

Pernambucano, o ator Thomás Aquino ganhou destaque com sua participação no filme Bacurau, de Kleber Mendonça e Juliano Dornelles. “Me abriu portas para mais projetos e reconhecimento de meu trabalho, e também como ser humano, de poder estar em uma obra que reflete sobre o consciente coletivo”, confirma.

 Na preparação para a novela, Thomás, que é formado em Antropologia, pôde ler mais sobre o cangaço e abrir os seus horizontes para as complexas estruturas sociais, políticas e psicológicas que cercavam esse movimento. Ele destaca, positivamente, a resistência dos bandoleiros contra o coronelismo.

“Havia muita injustiça social, favorecimento das elites... Porém, o cangaço, para mim, se perde, quando o poder toma conta do homem. Houve estupros, várias outras atrocidades que fugiam de um princípio de combate ético. Virou sangue por sangue. E com a violência eu não dialogo”, aponta.

Falando sobre seu personagem e sobre o diferencial que Guerreiros do Sol traz em relação às outras produções recentes sobre o cangaço, Thomás assevera que o novo título do Globoplay vai além do retrato desse movimento e amplia o estudo dos tipos envolvidos nessa história e nas relações que eles firmam. A produção da novela começou em 2023 e sua estreia, programada para o ano passado, foi adiada.

“A escola de ‘fazer novela’ é muito diferente do que eu conhecia. É uma experiência incrível, pois temos mais tempo para construir o personagem. Dá para saborear mais o que está fazendo e colocarmos mais camadas”, define.

Ao comentar sobre o aumento do número de atores nordestinos em produções do Sudeste e da mudança de perfil dos papéis ofertados ao conterrâneos, Thomás Aquino ressalta que esse incremento pode ajudar a diminuir o preconceito e abrir portas para outros atores, mesmos que as produções tratem de temáticas recorrentes, como o cangaço.

“Quando se trata de figuras quase folclóricas, ou personagens de força cultural própria, acredito que a melhor forma é colocar um ator próprio de sua regionalidade para fazer, pois isso é a cultura da terra de onde tu vem. E é bonito quando isso é contado por quem ali vive”, conclui.  

Atores paraibanos contribuem para a “cara nordestina” da obra

Luiz Carlos Vasconcelos e Isadora Cruz são dois dos seis paraibanos no elenco | Foto: Divulgação/Globo
Em Guerreiros do Sol, Marcélia Cartaxo dá vida a dona Generosa, mãe da prole que se junta ao bando de Miguel Inácio. Ela adianta que sua personagem terá uma “virada” em determinado momento da trama: “É uma história de amor, mas também de vingança. E esse trabalho é um diferencial em relação a outras coisas que eu fiz”. 

Já Luiz Carlos Vasconcelos interpreta Bosco, comerciante “perigoso, escorregadio”, nas palavras do intérprete: “Ele vai financiar um grupo de mercenários para lutar contra Josué, o outro cangaceiro. Então eu sou como um braço direito, que está junto ali de Arduíno, nessa luta para vencer o irmão”.

Kelner Macêdo, natural de Rio Tinto, empresta voz e corpo a Zé do Bode, que também faz parte do cangaço; ele é definido pelo artista como um homem “silencioso, que vai absorvendo as coisas”: “As novelas do streaming são obras fechadas, então tem um modo de feitura que se assemelha muito às séries e ao cinema. A gente vai desenhando uma trajetória que sabemos onde dará”.

Paulo Vieira encampa uma pequena participação como um coronel: “A fazenda dele é invadida pelos cangaceiros e logo ele é assassinado. Mas fiquei muito contente, porque é uma novela bem bonita escrita por George Moura, pernambucano”.

Suzy Lopes, por fim, traz a público a trágica Celsa. Ela é punida por um cangaceiro: seu rosto é marcado a ferro pelo bandoleiro. A atriz detalha que as cenas externas ganharam os cenários reais em cidades nordestinas,  como a de Canudos, na Bahia: “Celsa tem uma jornada dramática surpreendente. Estou feliz com a personagem e louca para ver como tudo será mostrado”, conta.  

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 08 de junho de 2025.