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A trajetória da emblemática ‘Maldita’

publicado: 25/04/2024 09h37, última modificação: 25/04/2024 09h37
História da rádio Fluminense FM está em ‘Aumenta que É Rock’n’Roll’, que estreia hoje nos cinemas
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Equipe com menos de 30 anos e locução feita só por mulheres: a Fluminense FM foi personagem fundamental na ascensão do rock brasileiro dos anos 1980 | Foto: Mariana Vianna/ divulgação

por Renato Félix*

Em 1982, estava nascendo no Brasil uma onda irresistível: as bandas de rock. Não que não houvesse antes rock no Brasil, claro, mas o que aconteceu naquele começo de anos 1980, fim de ditadura militar é que os novos artistas fizeram o rock ser o principal gênero musical no país por um período. Só que houve uma rádio que lançou boa parte dessas bandas, uma pioneira a se dedicar ao rock: a Fluminense FM. E é exatamente a história da emissora conhecida como a “Maldita” que é contada no filme Aumenta que É Rock’n’Roll, que estreia hoje nos cinemas brasileiros, incluindo João Pessoa e Campina Grande.

Dirigido por Tomás Portella (de comédias como Qualquer Gato Vira-Lata, 2011, Desculpe o Transtorno, de 2016, e La Situación, de 2023), o filme tem Johnny Massaro como o jornalista Luiz Antonio Mello, que comandou a equipe de radialistas (todos com menos de 30 anos) que reformulou o conceito da rádio sediada na cidade de Niterói.

A Fluminense FM existia desde 1972, mas deu essa guinada em 1º de março de 1982. Passou a ser dedicada ao rock, não ficar restrita às “músicas de trabalho” nem aos chamados “jabás” (o “por fora” que gravadoras pagavam para suas músicas tocarem nas rádios) e a contar com uma equipe de locutoras exclusivamente feminina.

O filme ressalta, entre essas locutoras, Alice. Intepretada por Marina Provenzzano, ela é a namorada de Luiz Antonio, com quem ele divide as questões das ações da rádio e sua postura frente à explosão de bandas que começavam a surgir: Blitz, Barão Vermelho e Os Paralamas do Sucesso puxando a fila.

‘AUMENTA QUE É ROCK N' ROLL’ Dir.: Tomás Portella. Elenco: Johnny Massaro, Marina Provenzzano, George Sauma, Orã Figueiredo, Silvio Guindane. | Imagem: H2O Films/ Divulgação

“É um filme sobre o poder transformador dos jovens e de esperança no futuro”, comenta o diretor no material de divulgação de Aumenta que É Rock’n’Roll. “A década de 1980 estava caminhando para uma nova compreensão de país e saindo de um período bastante obscuro. O último dia do filme se passa no dia que o Brasil elegeu o primeiro presidente civil depois de muitos anos”.

A eleição, no caso, é a de 1989 e a “Maldita” já não tinha a mesma força. O rock já tinha tomado conta do Brasil e outras emissoras com mais recursos entraram nessa seara, como a Cidade e a Transamérica.

Mas anos antes, com a Fluminense à toda, o Brasil tinha passado pelo trauma da campanha frustrada das Diretas Já, em 1984, mas também pelo fim da ditadura militar, em 1985, acontecida bem nos dias do Rock in Rio, o megaevento que também é um dos assuntos retratados no filme. Com irreverência, a Fluminense FM estampou o slogan “A rádio não oficial do Rock in Rio”.

A efervescência da geração dos anos 1980 é concentrada no personagem real de Luiz Antônio. Johnny Massaro, ator de novelas como Deus Salve o Rei (2018) e Verdades Secretas (2021), séries como Filhos da Pátria (2017-2019) e filmes como Os Primeiros Soldados (2021), disse, no material de divulgação, que espera que o verdadeiro Luiz Antônio, que teve contato com a equipe, se reconheça no personagem.

“O Luiz é um cara que definitivamente tem sangue circulando nas veias! E uma paixão desmedida por aquilo que acredita, que não se intimida diante dos obstáculos, mas, ao contrário, os usa como trampolim para chegar no seu objetivo”, disse, resumindo aí a trajetória também da emblemática “Maldita”.

Através do link, assista o trailer de 'Aumenta que é Rock' n' Roll'

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 25 de abril de 2024