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Ainda Estou Aqui quer quebrar tabu de 27 anos

publicado: 25/09/2024 09h08, última modificação: 25/09/2024 09h08
Desde “Central do Brasil” nenhum brasileiro concorre a filme internacional
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Premiado em Veneza, “Ainda Estou Aqui” é a grande aposta do Brasil para o Oscar 2025 | Foto: Divulgação/Videofilmes

por Esmejoano Lincol*

Desbancando outros cinco filmes nacionais, Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, foi eleito como representante do Brasil no Oscar do ano que vem, em anúncio feito na última segunda-feira (23) pela Academia Brasileira de Cinema. A obra luta por uma vaga entre os cinco indicados a melhor filme internacional na premiação, que deve ocorrer no primeiro trimestre de 2025. A comissão responsável pela escolha foi presidida pela atriz e diretora Bárbara Paz.

Após essa indicação, em âmbito nacional, o filme segue para apreciação dos membros da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, que reúne os votantes do Oscar. Uma pré-lista, com 15 selecionados (número das últimas competições), é divulgada um mês antes da lista final, que conta, por fim, com cinco nomeações nesta e em outras categorias. Ainda Estou Aqui chega forte na disputa em razão de sua excelente recepção no Festival de Veneza, no início do mês, onde foi premiado por seu roteiro, e pelo nome de Salles na direção.

O Brasil “bate na trave” do Oscar há algumas décadas. A ítalo-brasileira Luciana Arrighi levou para casa o prêmio por seu trabalho como diretora de arte, na premiação de 1993, mas por um filme inglês: Retorno a Howard’s End, de James Ivory. Orfeu Negro, rodado no Brasil e falado em português, venceu, em 1960, o prêmio de melhor filme estrangeiro (como o segmento era chamado), mas quem ficou com a estatueta foi a França, país de nascimento do diretor do longa, Marcel Camus; Orpheu tinha o Brasil e a Itália como nações co-produtoras.

Temos, até hoje, quatro indicações na categoria de melhor filme internacional: O Pagador de Promessas, de Anselmo Duarte, em 1962 (vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes, meses antes); O Quatrilho, de Fábio Barreto, em 1995; O Que é Isso, Companheiro, de Bruno Barreto, em 1997; e Central do Brasil, também de Walter Salles, em 1998, que proporcionou a Fernanda Montenegro uma indicação a melhor atriz no mesmo ano e que venceu, semanas antes, o Globo de Ouro de melhor filme em língua estrangeira. Em 2006, O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias, de Cao Hamburger, constou na pré-lista do Oscar, que, àquela altura, selecionava antecipadamente nove longas--metragens; todavia, o filme não avançou.

Outros filmes nacionais foram selecionados em segmentos diversos: O Menino e o Mundo, de Alê Abreu, esteve entre os indicados a melhor animação em 2016; já Democracia em Vertigem de Petra Costa, concorreu a melhor documentário em 2020. Músicos célebres também disputaram prêmio na categoria melhor canção original: Ary Barroso por “Rio de Janeiro”, tema do filme Brasil, de 1944; e Carlinhos Brown e Sérgio Mendes por “Real in Rio”, da trilha da animação Rio, lançada em 2006.

Apesar da boa recepção estrangeira, dois famosos filmes brasileiros acabaram fora da disputa de filme estrangeiro: Pixote, a Lei do Mais Fraco, de Hector Babenco, em 1981, desclassificado pela data de lançamento do longa, anterior à necessária pelas regras da Academia; e Cidade de Deus, de Fernando Meirelles e Kátia Lund, em 2002, esnobado pelos votantes. Esse último, todavia, recebeu indicações aos prêmios de direção, roteiro adaptado, fotografia e montagem. 

ÚLTIMOS 10 REPRESENTANTES BRASILEIROS
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- 2023: Marte Um
- 2022: Deserto Particular
- 2021: Babenco – Alguém Tem que Ouvir o Coração e Dizer: Parou
- 2020: A Vida Invisível
- 2019: O Grande Circo Místico
- 2018: Bingo, o Rei das Manhãs
- 2017: Pequeno Segredo
- 2016: Que Horas Ela Volta?
- 2015: Hoje Eu Quero Voltar Sozinho