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André Cananéa toma posse hoje como membro da APC

publicado: 11/09/2025 08h33, última modificação: 11/09/2025 08h33
Jornalista foi eleito em julho para cadeira 27 da Academia de Cinema
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Cananéa é o atual gerente de conteúdos e de programação da Parahyba FM | Foto: Evandro Pereira

por Esmejoano Lincol*

“Sem o seu avô não existiria Aruanda”, disse Vladimir Carvalho a um certo rapaz, estudante de Comunicação, nos idos dos anos 1990. Aquele fotógrafo e realizador comentava a influência direta do juiz Simeão Cananéa na composição de um dos mais importantes registros audiovisuais brasileiros. O jovem aluno era André Cananéa, hoje um experiente jornalista e atual gerente de conteúdos e de programação da Rádio Parahyba FM 103.9. Asseverando seu amor pela sétima arte, herdado da família, ele toma posse, hoje, como novo membro da Academia Paraibana de Cinema (APC). A cerimônia, aberta ao público, acontece a partir das 9h, na Unidade Tambaú da Fundação Casa de José Américo (FCJA), em João Pessoa.

André Cananéa ingressa na cadeira 27, que foi ocupada pelo também jornalista Carlos Aranha até o seu falecimento, no ano passado. O novo “imortal” foi eleito em julho, concorrendo com o pesquisador José Nilton da Silva e o diretor Daniel Rosas: recebeu 10 votos, de um total de 14.

“A ‘madrinha’ desta minha iniciativa foi Naná Garcez, diretora-presidente da Empresa Paraibana de Comunicação (EPC). Ela soube pelo colunista e confrade Alex Santos que havia duas vagas. Rui Leitão, diretor de rádio e TV, também reforçou. E a candidatura foi bem acolhida pelos membros da Academia, como João Carlos Beltrão, Marcos e Lúcio Vilar, Claudio Brito, João de Lima, etc”, destaca.

Com 28 anos de carreira, Cananéa dedicou quase que a totalidade desse tempo a reportar a cultura paraibana em veículos de imprensa como o Jornal da Paraíba e A União. Atualmente, na Parahyba FM, apresenta a coluna semanal Em Cartaz e capitaneia outras empreitadas, como o programa Ouça um Filme e o projeto Papo na Tela, com a rede Centerplex.

O interesse pela arte decorre da influência do pai, cinéfilo, e da mãe, que também lhe apresentou aos Beatles e à literatura. O início no jornalismo, a propósito, foi escrevendo matérias sobre música, em texto e áudio.

“Mas, à medida que eu envelheço, a paixão por cinema aumenta muito mais do que a por música”, aponta.

Simeão Cananéa, então magistrado no município paraibano de Santa Luzia, foi incentivador intelectual e material do projeto de Aruanda. No final dos anos 1950, o diretor Linduarte Noronha subiu a Serra do Talhado para capturar, nesse documentário, o cotidiano da comunidade quilombola que lá vivia.

“Foi ele quem providenciou o transporte. Hoje é fácil chegar até o local, mas, na época, a equipe teve de ir no lombo de um jumento. Fui aluno de Linduarte na universidade e ao ler meu sobrenome, na chamada, perguntou o que eu era de Simeão. Foi ele quem me deu as primeiras informações. Eu me sinto orgulhoso de poder contar isso”, revela.

André Cananéa pretende contribuir para a salvaguarda e a difusão do segmento a nível local, mas almeja que a instituição firme mais parcerias com produtores e realizadores. A conexão com o mercado de trabalho, segundo o novo afiliado, é fundamental para o fortalecimento do cinema conterrâneo.

“Sinto que há uma vontade da academia, depois de algum tempo adormecida, de ‘acordarmos esse gigante’. E, claro, espero poder contribuir da melhor maneira possível para que a APC e o audiovisual paraibano se tornem melhores amigos. E que a cultura e o próprio estado da Paraíba ganhem bastante com essa aproximação”, conclui.  

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 11 de setembro de 2025.