por Guilherme Cabral*
“Não tenho a menor dúvida de que o polo vai dar um impulso novo, contribuindo para o fortalecimento e o desenvolvimento do audiovisual. A vocação forte do polo será para o audiovisual, mas não significa exclusividade para esse segmento, pois deverá ser um ambiente cultural de multiuso”, afirmou o diretor executivo da Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope), Marcus Alves, referindo-se ao anúncio, feito nesta semana pelo prefeito da capital, Cícero Lucena, de que irá desapropriar a área que pertenceu à fábrica Matarazzo, localizada no bairro do Varadouro, para transformar em estúdios e equipamento cultural. “Fico muito contente com essa lembrança do prefeito em lançar essa ideia, trazendo à realidade o que foi anunciado de forma promissora, e de maneira mais propícia, pelo governador João Azevêdo, que foi durante a abertura do Fest Aruanda, no ano passado”, disse o secretário de Estado da Cultura (Secult-PB), Damião Ramos Cavalcanti.
O gestor da Secult-PB comentou que considera de suma importância a criação do polo de audiovisual na política pública cultural do Estado. “Será um espaço muito rico, que atingirá plenamente a demanda das atividades de produção de cinema e audiovisual no Estado, como um todo. Embora sediado na capital, o espaço deverá atender à demanda do interior da Paraíba, pois todas as regiões vão participar desse usufruto”.
Damião Ramos Cavalcanti ainda lembrou que já foi aprovado, na Câmara dos Deputados, e agora tramita no Senado, em Brasília, a Lei Paulo Gustavo, que poderá vir a destinar para a Paraíba uma previsão de recursos na ordem de R$ 88 milhões, sendo uma grande parte, quase na totalidade, para o audiovisual. “Desse total, R$ 40 milhões deverão ir para os municípios e R$ 48 milhões para o Estado, que deverá encaminhar para atender as regionais de cultura”, disse o secretário de Estado da Cultura, para quem isso deverá repercutir nas atividades do polo.
Já o diretor executivo da Funjope observou que a criação do polo audiovisual será importante por dois motivos: “O primeiro é que estará se consolidando a restauração e a revitalização, de forma intensa, do próprio Centro Histórico da cidade de João Pessoa, o que é de grande valor. O segundo é que estará se abrindo um espaço novo para a cultura”, disse Marcus Alves, que informou ainda não saber quando vai ocorrer a desapropriação da área e o início das obras.
O gestor da Fundação Cultural de João Pessoa apontou que ainda não tem detalhes sobre como o polo de audiovisual irá funcionar. “Nós temos um pensamento, na Funjope, no sentido de analisar, de forma mais clara, esse projeto, para saber o que será preciso implementar. Mas naturalmente que, no momento certo, vamos chamar o segmento do audiovisual, inclusive a Universidade Federal da Paraíba (UFPB), que tem cursos de Cinema e de Audiovisual, para participar dos diálogos”, afirmou Marcus Alves.
O projeto da criação de um polo de audiovisual já vinha sendo planejado e, agora, entrou na agenda do Governo do Estado e da Prefeitura. Foi em dezembro do ano passado que o governador da Paraíba anunciou, durante a abertura da 16ª edição do Fest Aruanda do Audiovisual Paraibano, em João Pessoa, a implantação, em parceria com o prefeito Cícero Lucena, de uma “fábrica de cinema” na antiga Matarazzo, na capital. “Nós vamos transformar aquele espaço, que é um espaço gigantesco, em uma fábrica de cinema, trazer para esse espaço a possibilidade de realização de muita coisa nessa área. Nós sabemos da mão de obra que nós temos, a nossa capacidade criativa será muito grande e poderá ser usado pelos nossos artistas, pelos nossos diretores para poder produzir cada vez mais na Paraíba”, disse o governador João Azevêdo, na ocasião.
‘Cidades Criativas’
Fortalecer o intercâmbio cultural de João Pessoa com outras cidades, além de exportar o melhor da arte da cidade para outros países. Eis o objetivo do Festival de Verão Cidades Criativas, que acontecerá entre 15 e 19 deste mês, com programação nas áreas de música, inclusive a instrumental, nas igrejas, cinema, teatro e dança.
Na oportunidade, o prefeito Cícero Lucena também anunciou o Festival Internacional de Cinema para o mês de agosto. “O Festival de Verão vai reunir representantes dos 12 municípios participantes do programa da Unesco no Brasil e vai oferecer atividades culturais pelos vários locais da cidade, como a Casa da Pólvora, Hotel Globo e Centro Cultural de Mangabeira”, disse o diretor executivo da Funjope, Marcus Alves.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 09 de março de 2022