A Academia Paraibana de Letras (APL) realiza hoje, a partir das 18h, no Jardim de Academus, em sua sede, localizada no Centro de João Pessoa, a sessão solene em comemoração aos seus 82 anos de fundação, que se completarão na próxima quinta-feira (dia 14). Durante o evento, a APL vai prestar homenagens às atrizes Zezita Matos e Marcélia Cartaxo, como também ao escritor, artista plástico e ator Waldemar José Solha e ao poeta e repentista Oliveira de Panelas, que receberão a Medalha Oscar de Castro do Mérito Cultural, pela contribuição à cultura da Paraíba. Na oportunidade, pelo mesmo motivo, ainda serão conferidos diplomas para a Editora A União, Ideia Editora e a Livraria do Luiz.
“A sessão solene é a continuidade da programação de aniversário dos 82 anos da Academia, iniciada no mês passado, com a palestra do escritor Laurentino Gomes, que lançou seu terceiro livro, Escravidão, e, na ocasião, também recebeu o título de sócio honorário da APL; o lançamento da obra Paraibanos no Tribunal de Contas da União, parceria da APL e o Tribunal de Contas do Estado, impresso na Editora A União, e que traz o perfil de oito paraibanos que ocuparam o TCU; e, ontem, o lançamento de A Constituinte e a Constituição da Paraíba – 1989, do professor doutor Solon Henriques de Sá e Benevides”, lembrou o presidente da APL, Severino Ramalho Leite.
O gestor antecipou que vai iniciar a programação com a entrega dos diplomas para as editoras. “A APL só tem 40 cadeiras e, como é muito grande o número dos que fazem a cultura na Paraíba, a cada data de aniversário da instituição escolhemos pessoas e instituições que têm prestado relevantes serviços no desenvolvimento cultural paraibano para serem homenageadas. A Medalha Oscar de Castro é a mais alta comenda da APL e leva o nome daquele que foi o primeiro sócio a ser eleito para a Academia, que a presidiu por 25 anos, responsável pela consolidação da Academia, conseguindo o local definitivo para abrigar a sede, fazendo com que a entidade deixasse de ser nômade”, afirmou Ramalho Leite.
Entre as homenageadas, ele mencionou Marcélia Cartaxo, que será saudada pelo acadêmico Rui Leitão. Em 1986, a atriz recebeu o Urso de Prata no Festival de Berlim pela atuação em A Hora da Estrela, dirigido por Suzana Amaral e baseado no romance de Clarice Lispector. Atualmente, ela estrela várias produções, como o longa A Mãe e a série Cangaço Novo.
Uma das escolhidas para a homenagem, a atriz Zezita Matos será saudada, durante a sessão, pelo acadêmico e ex-presidente da APL, Damião Ramos Cavalcanti. “Eu me sinto muito feliz e estou agradecida por ter sido escolhida. Estou me sentindo bem por estar ao lado de outras pessoas relevantes para a cultura paraibana. Acho que a escolha do meu nome talvez tenha sido pelos meus 66 anos de carreira e, apesar disso, continuar vivendo e atuando na Paraíba, sem nunca ter parado”, comentou a artista, que também é presidente da Academia Paraibana de Cinema (APC) e integra, dentre outras produções mais recentes, o elenco do filme O alecrim e o sonho, drama dirigido por Valério Fonseca que está em cartaz no Cine Bangüê, na capital. Considerada a “dama do teatro paraibano”, ela disse que tem convite para a série Maria Bonita, mas não quis adiantar detalhes a respeito do projeto.
O repentista, poeta e cantador Oliveira de Panelas será saudado, durante o evento, pelo acadêmico e poeta Hildeberto Barbosa Filho. “Eu me sinto muito lisonjeado e feliz por receber essa homenagem. Acredito que valeu a pena, pois acho que significa o reconhecimento e a valorização do meu trabalho em benefício da cultura, através dos meus versos, livros e participações com palestras em seminários e outros eventos, onde sempre busquei valorizar a arte do repente”, explicou ele, que é pernambucano, nascido na cidade de Panelas, mas está radicado em João Pessoa desde 1976, já possuindo os títulos de cidadão paraibano e pessoense. “Vou receber essa homenagem com muita satisfação e isso me dá mais estímulo para continuar o meu trabalho”, declarou o artista.
Oliveira de Panelas disse que um de seus próximos projetos é o de lançar, até o final deste ano, a obra Olivérbio. “O título é a junção de Oliveira com provérbio. O livro será enumerado e reúne mil reflexões, provérbios que chamo de pensamentos poéticos e filosóficos de minha autoria, mas com a precisão do repente, que escrevi durante a última década”, disse ele.
Completando o quadro de artistas, W. J. Solha também demonstrou satisfação com a escolha do seu nome para ser homenageado. “É uma espécie de reconhecimento que recebo desse tipo pelo meu trabalho. Vou aproveitar o momento para lançar o meu livro O Irreal e a Suspensão da Credulidade, publicado pela Editora Arribaçã, que fala sobre uma série de coisas que a gente acredita, mas não faz sentido. É o sexto tratado poético-filosófico, e o meu quarto tratado, Vida Aberta, chegou a ser classificado entre os cinco finalistas no Prêmio Jabuti 2019, na categoria Poesia”, apontou ele, que será saudado, no evento, pelo acadêmico, escritor e jornalista Hélder Moura.
No caminho certo
Diretor de Mídia Impressa da Empresa Paraibana de Comunicação (EPC), o jornalista William Costa comentou que a homenagem da APL para a Editora A União é “motivo de muito orgulho para a EPC”, por se tratar do reconhecimento por parte de uma instituição cultural que considera das mais relevantes na Paraíba. “Isso também demonstra que estamos no caminho certo na política editorial, num trabalho que tem se caracterizado pela diversidade, conteúdo e qualidade gráfica, na missão de valorização do autor e da autora paraibana, principalmente na aproximação dos produtos da editora com o público”, disse ele.
“Isso também demonstra que estamos no caminho certo na política editorial, num trabalho que tem se caracterizado pela diversidade" William Costa
Recentemente, em fevereiro deste ano, a EPC inaugurou a chamada “casa da literatura paraibana”, a Livraria A União, localizada no Espaço Cultural José Lins do Rego, em João Pessoa. O local, além de acolher todo o catálogo da editora, também abre espaço para as principais casas editoriais do país, assim como aos autores e autoras da Paraíba, sempre com programações de lançamentos, sessões de autógrafos e debates, como o projeto Roda de Conversa.
Para Magno Nicolau, proprietário da Ideia Editora, o prêmio concedido pela APL é “uma grande conquista, sem dúvida. É o reconhecimento pelo trabalho realizado, é saber que estamos no caminho certo, realizando sonhos, promovendo a boa literatura e divulgando nossos escritores pelo país. Este prêmio pertence, também, a todos aqueles escritores que nos acompanham ao longo desses 34 anos da editora”, afirmou ele, que antecipou o seu projeto principal: ampliar a livraria virtual. Dentre as premiações da editora estão a Comenda Joacil de Brito Pereira, pela UBE-PB, e a placa conferida pela Câmara Brasileira do Livro pelos 25 anos incentivando a cultura.
Proprietário da Livraria do Luiz, Ricardo Pinheiro disse que a homenagem da APL tem a importância de reconhecer um empreendimento que, no ano passado, completou 50 anos de existência e que foi um dos pioneiros no ramo dos livros em João Pessoa. “A livraria tem dado, ao longo dos anos, uma contribuição muito importante para a cultura e a formação acadêmica de gerações. Por isso, ficamos orgulhosos por esse reconhecimento, o que vai nos estimular ainda mais a oferecer nossos serviços à população”. Ele lembrou que, em 2004, a livraria recebeu a Medalha Augusto dos Anjos por parte da Assembleia Legislativa da Paraíba, e em 2019 também conferiu a Medalha José Lins do Rego. Já no ano passado, a Câmara Municipal de João Pessoa concedeu a Medalha Ariano Suassuna para a livraria, reconhecendo-a como patrimônio cultural imaterial da cidade.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 12 de setembro de 2023.