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Aquarelas portuguesas na Estação

publicado: 23/09/2025 08h44, última modificação: 23/09/2025 08h44
A leveza do vento inspira a exposição de Teresa Palma Rodrigues que será aberta hoje, às 18h, no Altiplano
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Foto: Divulgação

por Esmejoano Lincol*

Ad Ventum, expressão em latim que deu origem ao substantivo “advento”, em português, dá nome à exposição que a artista visual portuguesa Teresa Palma Rodrigues inaugura hoje, às 18h, na Lavanderia Extramundos, galeria da Estação Cabo Branco (Altiplano, João Pessoa). As obras permanecerão em exposição até o dia 24 de outubro, de terça a sexta, das 9h às 18h, e nos fins de semana, das 10h às 18h. Antes, às 17h, Teresa também preside a palestra “Zona V (de Vago): pesquisa artística, território e comunidade”. Toda essa programação é gratuita.

As iniciativas são frutos de uma colaboração entre a Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e a Universidade Lusófona, onde Teresa trabalha. A parceria foi mediada pelo fotógrafo paraibano João Lobo, radicado na Europa. Reunindo 32 aquarelas, Ad Ventum tem, por sua vez, curadoria de Bruna Alves Lobo. 

A artista e professora portuguesa também apresenta palestra, às 17 horas

As referências do título da exposição não estão unicamente ligadas ao seu sentido literal. “Queria traduzir a ideia de algo esvoaçante, que se deixa levar pelo céu como uma folha de outono. Ou como uma nuvem deslizante na corrente de ar. Também simboliza algo como ‘ventos de mudança’, ela destaca.

Dando mais detalhes sobre a palestra, Teresa revela que compartilhará os resultados de sua pesquisa no doutorado, uma intersecção entre a pintura e a geografia, a partir de investigação sobre a região da Marvila, em Lisboa. A tese aborda a importância desse espaço para os habitantes locais e indica como a intervenção das artes visuais pode contribuir com a sua preservação.

“Nos anos 1960, o território onde está situada essa área foi denominado por letras do alfabeto, mas essa zona, em específico, não tinha denominação oficial. Então, eu decidi dar-lhe um nome fictício: V (de Vago) — ‘vago’, num duplo sentido”, explica.

Com mais de 25 anos de carreira, Teresa Palma Rodrigues mantém trajetória profícua nas artes plásticas, paralela ao seu trabalho como docente e pesquisadora. Rememorando sua gênese neste segmento, diz que desde pequena foi incentivada pelo irmão, Mário Palma, que enveredou pelo mesmo caminho.

“Ele foi a minha maior influência, pois foi com ele que aprendi a gostar de arte, foi ele que me deu a conhecer grandes obras de grandes artistas clássicos e outras, de artistas portugueses contemporâneos”, lembra.

Teresa recorre, também, a técnicas mistas entre pinturas e intervenções manuais, conforme visto na série O Castelo com Paredes de Vidro, que esteve exposta na sua terra natal, este mês.

O meu trabalho plástico transmite a minha sensibilidade e uma certa poesia que eu encontro no mundo à minha volta. Desejo que o público brasileiro tenha também essa sensibilidade para observar as formas, as cores e os detalhes da minha pintura, que são minuciosos e discretos”, conclui. 

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 23 de setembro de 2025.