por Guilherme Cabral*
Quem estiver transitando na tarde de hoje pelo Ponto de Cem Réis, no centro de João Pessoa, vai se deparar com a ação performática Escrevivente, que o artista visual paraibano Flaw Mendes realizará a partir das 16h. Durante a execução da obra, que será iniciada da base do monumento na Praça Vidal de Negreiros e se estendendo até o prédio do Parahyba Palace Hotel, ele estará com o braço direito amarrado ao corpo e, com o esquerdo, vai escrever o conceito da escrita tupi, usando pedaços de carvão vegetal para grafar no chão. “Escolhi realizar esse trabalho porque vou me mudar, agora em abril, para o Ceará e, com isso, quero marcar minha despedida da capital, onde resido desde 2017, vindo de Campina Grande, onde nasci”, disse ele.
A ação foi contemplada no Prêmio João Balula, realizado com recursos da Lei Aldir Blanc, com apoio da Prefeitura Municipal de João Pessoa. “Esse trabalho é um desdobramento da minha dissertação de mestrado que apresentei no Curso de Artes Visuais da UFPB-UFPE, em 2019”, disse Flaw Mendes. Durante a execução, ele pretende permanecer o período intercalado de duas horas escrevendo linhas, cada qual com um comprimento médio de 1,5 m.
O instrumento usado para escrever no chão da praça é um pedaço de carvão vegetal. “A escrita, nesse lugar, assume um caráter efêmero, visto que o carvão não fixa na superfície por muito tempo. A ideia é que, com o tempo, a escrita se desfaça, se dilua sob o cotidiano do espaço e sob o viver das pessoas que transitam pela praça”, comentou o artista visual, acrescentando que essa ação performática foi criada para homenagear sua amiga carioca, também artista, Fernanda Tupi, já morta. “Assim como eu, ela era canhota e tinha dificuldade na escrita”, apontou o artista.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 31 de março de 2022