Guilherme Cabral
Apesar de se considerar integrante da nova geração de artistas visuais, com duas décadas de atividades na carreira, como profissional, a paraibana Dione Rabelo já conquistou - literalmente - o mundo. Explica-se: para se ter uma ideia, no momento, está participando simultaneamente com obras - todas xilogravuras - em quatro mostras nos seguintes países: além do Brasil, onde se faz presente na exposição comemorativa dos 30 anos de fundação do Museu Casa da Xilogravura, localizado na cidade de Campos do Jordão (SP), que prosseguirá até 26 de fevereiro; na International Print Biennial Varna, na Bulgária; na International Contemporary Print Biennale, na Romênia; e no Territorios del Grabado, na Argentina. Mas ela - que cria peças em outras modalidades, a exemplo da escultura, cerâmica, pintura e arte digital - também vai expor seus trabalhos no Presión Festival de Arte Contemporanea, no México, e no The “Iosif Iser” International Contemporary Engraving Biennial Exhibition, na Romênia.
“Eu nunca pensei que iria chegar a expor internacionalmente. Isso não aconteceu da noite para o dia. Mas isso, para mim, é, sinceramente, uma grande alegria. O sonho de todo artista é querer mostrar seu trabalho e, como aqui em João Pessoa os espaços são poucos, fui inscrevendo minhas obras em eventos em outras localidades. Com o tempo, passei a ser um nome conceituado, pela qualidade do trabalho realizado. E eu, graças a Deus, tenho muitas habilidades, não me limito a criar obras em apenas uma modalidade artística e estou sempre produzindo”, confessou Dione Rabelo para o jornal A União.
Dione Rabelo está entre os 134 xilogravadores que participam da coletiva em comemoração pelo transcurso dos 30 anos de fundação do Museu Casa da Xilogravura, em Campos do Jordão (SP), aberta em 23 de setembro e que vai prosseguir até 26 de fevereiro de 2018. “É uma exposição histórica, só com xilogravadores brasileiros, residentes no país e ativos. Foi aberto um concurso e eu tive a honra de ser selecionada. Participam artistas da nova geração e outros já renomados, como Maria Bonomi. Esse Museu tem uma história muito interessante”, disse ela.
Na Bulgária, a artista visual paraibana está participando da International Print Biennial Varna com três xilogravuras, cujos títulos são Megan, Zara e Violet. Inaugurada em 26 de setembro, a mostra vai prosseguir até 30 de novembro, no City Art Gallery “Boris Georgiev”, localizado no centro da cidade de Varna. Já na Romênia, ela integra - com duas xilogravuras, Megan e Annabelle - a International Contemporary Print Biennale, aberta em 26 de setembro, em Iasi, e que se estenderá até o início de dezembro, no Palatul Culturii - Muzeul de Artã. E também está marcando presença no Territorios del Grabado, que começou em 28 de outubro, em Buenos Aires. “É um grande evento que envolve três países, sendo a Argentina a primeira etapa, e depois virá para o Brasil, em maio, e no México, em setembro de 2018. Não foi concurso, foi convite aberto, ou seja qualquer pessoa que fosse gravador e desejasse participar, poderia”, disse Dione Rabelo, ressaltando que um detalhe lhe deu alegria. “Muito feliz por ter uma das minhas obras na capa do convite”, disse ela.
Dione Rabelo também se prepara para participar de outras duas mostras. Uma, a convite, com três obras, é no Presión Festival de Arte Contemporânea, no qual já expõe há quatro anos. “São três eventos dentro do mesmo festival. Em La Plata, na Argentina, em Aguascalientes, no México, e em Cali, na Colômbia, onde ocorreu de 11 a 15 de outubro, no Museo da Tertulia. Vou expor no México, mas ainda não há data para começar”, disse ela. A outra é a The “Iosif Iser” International Contemporary Engraving Biennial Exhibition, no Museum “Ion Ionescu - Quintus”, na cidade de Ploiesti, na Romênia. “Entrei com Scarlett e Layla. Ainda não foi aberta a exposição, mas já fui informada pela organização sobre a minha seleção. Fui selecionada também em 2015 nesta mesma bienal”, observou a artista.
Sobre a artista
Natural do Município de Princesa Isabel, localizado no Sertão da Paraíba, Dione Rabelo foi criada em Triunfo (PE). “Essa cidade de Pernambuco, que ainda hoje é rica em cultura popular, teve uma importância fundamental para mim e onde fui educada em colégio de freiras alemães”, confessou ela, acrescentando que, naquela mesma época, testemunhava e participava, em uma oficina instalada no quintal da casa de parentes, da confecção de máscaras multicoloridas para as brincadeiras durante o Carnaval. Durante o período do Rei Momo, a paraibana observava, pela cidade, as brincadeiras de Caretas, que são grupos tradicionais, que usam máscaras multicoloridas e chicotes para compor o visual.
Depois, mudou-se para João Pessoa, onde formou-se em Administração pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e participou, na Fundação Espaço Cultural (Funesc), de oficina sobre pintar em papel ministrada pelo artista plástico Raul Córdula, que, na ocasião, percebeu a vocação de Dione para as artes e a encaminhou para alguns amigos no Núcleo de Arte Contemporânea (NAC), com a recomendação de que “burilassem” o talento que ela já possuía, mas faltava aperfeiçoar.