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Artistas naïf da Paraíba em evento internacional

publicado: 16/09/2025 08h30, última modificação: 16/09/2025 08h30
Lu Maia e Ana Lima participam da Mostra Totem das Cores, em São Paulo
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Lu Maia esteve no museu da cidade paulista de Socorro | Foto: Arquivo pessoal

por Daniel Abath*

Sororidade, capacitação e arte são temas bem conhecidos das artistas visuais paraibanas Lu Maia e Ana Lima. Tanto que as duas, contempladas pelo edital Arte na Bagagem, com financiamento pela política cultural Aldir Blanc e operacionalização pela Secretaria de Estado da Cultura da Paraíba, estiveram em São Paulo participando da terceira edição da Mostra Internacional Totem das Cores (MITC), aberta no último dia 6 de setembro, no Museu Municipal de Socorro (SP). A programação segue até 8 de novembro.

Lu Maia foi agraciada com menção honrosa por incentivar a arte naïf por meio do Coletivo Mulheres da Arte Naïf da Paraíba e pela pintura “Marianne Guajajara”, selecionada no segmento de artes visuais do evento, que reuniu 246 obras de 150 artistas brasileiros, além de 32 artistas internacionais. Com curadoria de Antonio do Nascimento, Romildo Sant’Anna e Percival Tirapeli, a mostra homenageou a Temporada Cultural Cruzada Brasil-França 2025 sob o tema “Liberdade, igualdade e fraternidade — pela preservação da democracia, do meio ambiente e da diversidade”.

“Todo mundo dizia: ‘Lu, você tem um trabalho tão bonito’. Admiram no Brasil todo”, diz ela. “Fomos convidadas por vários setores; somos um grupo só de mulheres que trabalham especificamente com arte naïf. Abrimos o coletivo e o retorno tem sido muito positivo”.

A artista afirma que ofereceu ao MITC uma oficina e acabou entregando muito mais. Dividiu a palestra “O protagonismo feminino na história da arte” com Ana Lima, contando um pouco do percurso como coordenadora do coletivo e enfatizando a vontade de ver os demais estados da Federação com grupos montados sob o mesmo propósito: o de empoderar mulheres através da arte.

Sobre a obra selecionada, Maia explica: “‘Marianne Guajajara’ vem homenagear a Revolução Francesa, o símbolo da mulher, a personagem francesa de Marianne, em sua luta pela liberdade e fraternidade. Dividi a obra no meio, trazendo a boina da francesa do lado esquerdo e, do outro, o cocar de Sonia Guajajara”.

A história do Coletivo Mulheres da Arte Naïf da Paraíba é repleta de testemunhos de superação de estados depressivos ou de contornos a problemas enfrentados em casa pelas integrantes.

“Juntei essas mulheres e coloquei todas para cima”, comenta a artista, que resolveu canalizar anos de experiência como gestora em prol de novos horizontes para as artistas de sua terra. “Estamos na luta. As meninas melhoraram e já estão até vendendo suas obras. Estou cheia de ideias para botar esse coletivo pra frente”, diz.

Chamou a atenção de Lu e Ana a reação acalorada dos paulistanos diante da Política Estadual de Cultura do edital Arte na Bagagem. “O pessoal ficou abismado como só a Paraíba tinha aquela iniciativa. Elogiaram, dizendo coisas como: ‘É claro que isso é importante, porque o artista não fica com o pires na mão pedindo ajuda’. Deu para custear tudo e todo mundo saiu ganhando com isso”, conclui.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 16 de setembro de 2025.