por Joel Cavalcanti*
Faz 20 anos desde que Mayana Neiva estreou nos palcos da Paraíba, ganhando o prêmio de Atriz Revelação na Mostra Estadual de Teatro e Dança com a peça Hello Boy. Desde então, a campinense que foi morar na capital paulista para integrar o grupo de teatro do diretor Antunes Filho tem diversificado sua carreira em tantas áreas quanto seu interesse aponta. Formada em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, ela acaba de lançar um podcast sobre o universo feminino e a espiritualidade. Com várias produções atualmente em cartaz no streaming, Mayana prepara o segundo livro para o público infantojuvenil e para estrear na música, quase sempre incluindo a terra natal em seus percursos artísticos.
Prestes a completar 39 anos, a atriz não faz nada por improviso. Todos os projetos nos quais decide investir são cercados de estudos e preparações. Assim foi para a criação do Conversas que curam, disponível a partir desta semana nas principais plataformas de áudio da internet. “Esse é um universo que eu sou apaixonada há muito tempo: autoconhecimento”, aponta Mayana, em entrevista para A União. “Falar disso é um desejo enorme para mim. É uma alegria imensa estar compartilhando isso com o mundo. Tenho estudado bastante esses temas nos últimos anos. Sempre leio e tenho um contato frequente com eles”, conta a artista, que leva também suas próprias experiências para os bate-papos.
Mayana faz parte há sete anos de uma linha de tradição budista chamada Kadampa, sobre a qual costuma fazer aulas semanais e meditações sobre o tema. Ela é roteirista do programa e a responsável por toda a parte criativa do Conversas que curam. “Sinto-me habilitada pela minha própria experiência de – com muita humildade – compartilhar esses temas com pessoas que certamente sabem mais que eu, que são os meus convidados”, considera ela, que diz acreditar na força do podcast para atingir uma experiência de refinamento humano para quem escuta. Disponibilizado sempre às segundas-feiras, o programa traz a professora de Filosofia e escritora Lúcia Helena Galvão no seu primeiro episódio. Entre os destaques dos programas já gravados, Mayana antecipa o clima de descontração com a humorista Mônica Martelli e a veterana atriz Laura Cardoso.
Em uma pausa das novelas (a última foi Éramos seis, em 2019, da Rede Globo), o próximo trabalho nas telas será no streaming do GloboPlay, mas ela afirma que não pode anunciar ainda maiores detalhes. Mayana Neiva pode ser vista atualmente em duas produções da mesma plataforma: em O silêncio da chuva (2020), filme de Daniel Filho com Lázaro Ramos e Cláudia Abreu no elenco, e na série Na rota do ódio, produção que estreou em 2016 e está em sua quarta temporada. Outra forma de acompanhar o trabalho inédito da paraibana é na Netflix com Temporada de verão, uma série adolescente na qual ela dá vida a personagem Vilma. “Ela é dona do hotel Maresias, onde se passa a história. É uma série teen, superleve, solar”, descreve Mayana sobre a produção de 2020, gravada sob muitas restrições necessárias durante a pandemia. “Desejo muito que o streaming cresça para que a gente tenha muitas oportunidades, de fato, para mostrar o nosso trabalho. É muito bom ter várias plataformas de produção de conteúdo”, diz a atriz, que também é formada em Artes Dramáticas pela Universidade de San Francisco, na Califórnia, Estados Unidos.
Sempre que possível, a artista conhecida por papéis em novelas como O Outro Lado do Paraíso (2017) e TiTiTi (2010) inclui a Paraíba em seus projetos profissionais. Um dos longas-metragens mais recentes de Mayana Neiva foi Beiço de Estrada (2018), que teve direção do cajazeirense Eliézer Rolim, morto na última semana, aos 61 anos de idade. “Tem muitas coisas novas para esse ano, que eu ainda não posso falar. Filmei na Paraíba. Estou lançando muitos projetos novos e vocês vão saber no tempo certo”, afirma a atriz.
Recentemente, no interior do estado, foi rodado um documentário dirigido pelo realizador de Coremas, Kennel Rógis. Trata-se do filme José, que conta a história do avô de Mayana Neiva. Natural de Esperança, ele foi balaieiro e costumava levar sobre a cabeça carne para a feira de Patos, no Sertão paraibano. A produção vai focar os trabalhos dele como fotógrafo e editor de livros, ofício que ocupou mesmo sem ter sido alfabetizado. As gravações aconteceram nas cidades de Coremas, Matureia e Patos, além de João Pessoa e Campina Grande.
Também com direção de Rógis foram produzidos dois videoclipes – ‘Cordel da Mulher Paraibana’ e ‘Enquanto a Chuva Não Vem’ – composições próprias da campinense e que marcam o início da trajetória dela na música autoral. Mayana já cantou com nomes como Elba Ramalho e Chico César, e costuma se apresentar ao lado da banda Quimbará, em São Paulo.
Outra formação de Mayana Neiva é em Letras pela PUC-SP. É com essa credencial que a atriz, que ainda não é mãe, prepara seu segundo livro de literatura infantojuvenil, que vai se chamar Sementear. “Ele ainda não tem data de publicação, mas eu vou lançar a segunda edição de Sofia, que é o livro que eu escrevi e sairá totalmente renovado”, conta a multiartista sobre a obra que narra a história de uma menina que engoliu o sol, lançada em 2011.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 09 de fevereiro de 2022