Guilherme Cabral
Um dos atores mais expressivos da teledramaturgia e do Cinema do Brasil, o saudoso paraibano Rafael de Carvalho (1918-1981) estaria completando, nesta terça-feira (6), 100 anos de vida. Quem lembra o transcurso dessa data é Jocelino Tomaz, idealizador e coordenador do Grupo Atitude, uma organização não-governamental que há mais de uma década vem realizando um trabalho de resgate e valorização da arte e da cultura de Caiçara, Município localizado na Região do Curimataú do estado, onde o artista nasceu. Nesse sentido, dentro da homenagem póstuma, ele informou para o jornal A União que, ainda no dia 24 deste mês de fevereiro, a partir das 19h30, na sede da Fundação Valdemir Miranda, o tributo será prestado - em parceria com o Departamento de Cultura da Prefeitura de Caiçara - com o lançamento da 2ª edição do cordel intitulado 'Rafael de Carvalho, o Multiartista Caiçarense', cuja autoria é de Bartolomeu Xavier, além da exibição do documentário 'Rafael de Carvalho, um Multiartista Sonhador', de Layse Julyanne, e, ainda, um sarau com membros da Academia de Cordel do Vale do Paraíba e com o embolador Geraldo Mouzinho.
“O nosso objetivo é mostrar a trajetória percorrida, ao longo da vida, por Rafael de Carvalho. Com essa iniciativa, queremos mostrar o quanto é injusto que esse multiartista tenha caído no esquecimento. É um trabalho que está sendo feito voluntariamente, junto com o Grupo Atitude”, disse Jocelino Tomaz. Ele antecipou que o evento que se realizará no dia 23 deste mês de fevereiro será apenas o início de uma agenda que, ao longo de 2018, será cumprida para reverenciar a vida e obra do artista caiçarense, o que incluirá diversas atividades, a exemplo de exposições, palestras e mostras de cinema.
A programação do 'Tributo ao Multiartista Rafael de Carvalho', como se denomina o evento, inclui o lançamento da 2ª edição do cordel de Bartolomeu Xavier, a exibição do documentário produzido em 2014, e o sarau com membros da Academia de Cordel do Vale do Paraíba. “Na ocasião, alguns cordéis escritos por Rafael de Carvalho serão declamados”, comentou Jocelino Tomaz.
Ao longo de sua trajetória, Rafael de Carvalho - que morreu na cidade de Salvador (BA), no mês de maio de 1981, aos 63 anos de idade, e onde venceu festivais interpretando poemas, escreveu o livro 'Quadra Quadrilha', além de duas peças - atuou em 34 filmes, inclusive em produções importantes para a cinematografia nacional, a exemplo de 'Macunaíma', 'Fogo Morto', onde incorporou o coronel Vitorino Carneiro da Cunha, apelidado de “Papa-rabo”, 'Eles Não Usam Black Tie', 'O Homem que Virou Suco' e 'Terra em Transe'.
Além do cinema, o artista paraibano - que, ao falecer na cidade de Salvador (BA), vitimado por enfarte, logo após encerrar as filmagens de 'O Baiano Fantasma', de Denoy de Oliveira, e quando também estava trabalhando na novela Rosa Baiana, da TV Bandeirantes, em cuja trama ele encarnava o personagem Edmundo Lua Nova, ainda integrou o elenco de vários folhetins da tevê, como a primeira e censurada versão de 'Roque Santeiro', 'Gabriela', 'Saramandaia' e 'O Bem Amado', todas da Rede Globo, e, com Dercy Gonçalves, em 'Cavalo Amarelo', da TV Bandeirantes. Ele ainda escreveu para o teatro e literatura de cordel, cuja Associação Brasileira de Cordelistas chegou a presidir. Homem preocupado com a cultura popular, foi um dos precursores do Museu do Folclore do Rio de Janeiro, o maior do gênero no Brasil.