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Exposição

Autorretratos com costuras surrealistas

publicado: 20/07/2023 08h51, última modificação: 20/07/2023 08h51
Hoje, na capital paraibana, artista visual Fernanda Corsini abre a mostra ‘Ser é Estar’, com obras alinhavadas a partir de colagens de autofotografias
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Entre as colagens na individual, obras como a premiada ‘Libertação’ (acima), que fala sobre a questão de sair da estabilidade e mudar para ser artista visual - Foto: Fernanda Corsini/Divulgação
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‘Migrações’ - Foto: Fernanda Corsini/Divulgação
Dez imagens de dez obras que deverão compor a exposição.  - Fernanda Corsini_page-0007.jpg
Dez imagens de dez obras que deverão compor a exposição.  - Fernanda Corsini_page-0010.jpg

por Guilherme Cabral*

Registros fotográficos alinhavados por colagens pela artista visual Fernanda Corsini, a exposição Ser é Estar será aberta hoje, a partir das 17h, na Galeria Archidy Picado, da Fundação Espaço Cultural da Paraíba (Funesc), localizada na cidade de João Pessoa. Terceira individual da paulistana, a mostra gratuita – cuja curadoria é da paraibana Rita de Cássia do Monte Lima – é integrada por mais de 20 obras confeccionadas com base em autorretratos, entre colagens, instalações e, ainda, há uma série de pinturas, que evocam uma sensação surrealista, todas praticamente resultantes do período em que ela esteve em isolamento, por causa da pandemia.

“O título da exposição se baseia na minha identidade, mas só que as obras ultrapassam as narrativas individuais, pois se alteraram para várias coisas, e exploram temas de interesse coletivo, como a sexualidade, identidade e a infância”, explicou Fernanda Corsini. “Usando vestes diferentes, as fotos são impressas e, a partir desses autorretratos, recorto e costuro uns nos outros. Além disso, na exposição há quatro pinturas, que são quadros na técnica óleo em tela, com temática um pouco mais introspectiva do olhar”.

Uma dessas obras é o tríptico que se intitula Reforma, cuja mensagem que a artista deseja passar é a reforma do interior de nós mesmo. “Outro quadro é Colheita, que retrata a relação entre as pessoas. São pinturas importantes, que acabaram inspirando a pesquisa. E na exposição ainda está a colagem Libertação, que fala um pouco sobre a questão de sair da estabilidade e mudar para outro projeto, como eu fiz, ao passar da atividade como fotógrafa para ser artista visual. Com essa colagem ganhei, em 2022, um prêmio honorífico no Salão de Artes, em Vinhedo (SP)”, afirmou Corsini.

Depois de circular com a individual por Minas Gerais e Distrito Federal, Corsini está na Paraíba, onde expõe pela primeira vez, pois foi selecionada por meio do edital de Ocupação dos Espaços Expositivos 2023, lançado pela Funesc. “Eu procuro levar minha arte para outros cantos e no Espaço Cultural, aqui em João Pessoa, encontrei um espaço bem organizado e muito bom, o que oferece facilidade. Eu quero alcançar outros eixos com a arte, pois não faz sentido ficar apenas nos grandes centros, como São Paulo, pois arte é comunicação”, disse a artista visual.

Nas dependências da Galeria Archidy Picado, Fernanda Corsini comentou que decidiu procurar ocupar ao máximo os espaços do equipamento cultural. Por isso, ela produziu, já na cidade de João Pessoa, duas instalações. “Uma delas é Eu te vejo e você me vê, que é um móbile com fotos de olhos; a outra vai ser colocada na parede, contendo autorretratos. Estou muito ansiosa e muito animada com essa exposição, que vai ser a maior, em quantidade de obras, que já realizei ao longo desses últimos três anos em que me consolidei como artista visual, além de ter o olhar da curadora paraibana Rita de Cássia, que mora em Nova York e me ajudou a montar essa exposição de forma virtual, pois ela estava nos Estados Unidos e eu, em São Paulo. Vou enviar vídeos sobre essa individual na Paraíba para ela e pretendo convidá-la a vir observar a mostra”, apontou ela.

Rotina como alimento

Além das duas instalações, Corsini incluiu, na exposição Ser é Estar, outras obras que foram produzidas a partir de 2021. “Sou graduada em Arquitetura e Urbanismo e tinha morado na Áustria, onde, para ampliar a grade curricular, fui estudar Artes Visuais no Instituto de Arte Contemporânea de Technische Universität Graz. Quando retornei de lá para São Paulo, onde vivo e trabalho, surgiu a pandemia. Eu era fotógrafa e costumava registrar imagens da cidade e das pessoas, ou seja, olhava para fora. Mas, com a crise sanitária, permaneci em isolamento e descobri que podia explorar a intimidade da minha rotina dentro de casa para alimentar a minha arte e passei a fazer os autorretratos”, disse a artista.

Para a exposição individual, o público poderá realizar as visitas gratuitamente até o dia 18 de agosto, sempre de segunda a sexta-feira, das 8h às 12 e 13h às 17h, e também aos sábados, domingos e feriados, das 10h às 16h.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 20 de julho de 2023.