Guilherme Cabral
No último dia 10 de julho, completaram-se os 35 anos da morte do Rei do Ritmo, o paraibano Jackson do Pandeiro, cujo nome de batismo é José Gomes Filho. No entanto, a obra que o artista legou continua até hoje influenciando artistas na Paraíba e pelo resto do Brasil afora. Um exemplo dessa inspiração acontece na cidade na qual o saudoso músico (1919 - 1982) nasceu, Alagoa Grande, localizada na região Brejo do Estado, onde Os Filhos de Jackson vem, desde 2010 - ano em que foi criado - realizando shows para manter a memória do cantor e compositor, o que se dá pela interpretação de músicas que deixou registradas em discos, além de obras autorais dos seus próprios integrantes. “O trabalho de Jackson continua vivo”, garantiu para o jornal A União o criador do grupo, o músico Severino Antônio da Silva, conhecido como Bibiu do Jatobá. Ele acrescentou que uma das próximas apresentações agendadas será durante a programação do Rota Cultural Caminhos do Frio, que vai ocorrer no Município no período de 28 de agosto a 3 de setembro.
“Uma das bases da música nordestina está em Alagoa Grande e é Jackson do Pandeiro. As outras são Luiz Gonzaga, Marinês e sua Gente e, na região Norte, João do Vale. Não se conhece outro que tenha gravado todos os ritmos, como o forró, frevo e ousou ir ao Rio de Janeiro, onde fez sucesso na terra do samba. É por isso que Jackson do Pandeiro continua sendo considerado o Rei do Ritmo, tendo sido regravado por grandes autores nacionais e é um dos grandes músicos da Paraíba e do Brasil”, comentou Bibiu do Jatobá, que criou Os Filhos de Jackson em 2010, quando, na gestão do então prefeito João Bosco Carneiro Júnior (PSL), era secretário da Cultura e do Turismo de Alagoa Grande, cargo que exerceu no período de 2009 a 2012. Ele fez questão de ressaltar que o grupo se dedica a interpretar e, também, a compor músicas no autêntico estilo forró pé de serra e seus integrantes - todos nascidos no próprio Município - foram selecionados, por concurso interno, do Projovem (antigo Bolsa Família).
Além de Severino Antônio da Silva, responsável pela produção e que integra o grupo na área da percussão (pandeiro, agogô, etc.), Os Filhos de Jackson ainda é formado por Júnior Sanfoneiro (acordeon), Anderson Mendes (o principal vocalista) e Caézinho (zabumba). “O foco principal do trabalho é manter a obra viva de Jackson do Pandeiro e de seus seguidores, como Zé Ramalho, Dominguinhos e Alceu Valença, além de compormos nossas próprias músicas. Ou seja, é mesclar o velho com o novo”, observou Bibiu do Jatobá, acrescentando que, quando o evento onde vão se apresentar é de grande porte, o quarteto convoca o baixista Picolé.
Na agenda, Os Filhos de Jackson já tem registradas, por exemplo, apresentações nos festejos de São João realizados em vários municípios do Estado e em alguma sedições do Salão de Artesanato da Paraíba nas cidades de João Pessoa e Campina Grande, nos anos 2015 e 2016. Além disso, o grupo se apresenta todo sábado, a partir das 10h, no Restaurante Bangüê, instalado no Engenho Lagoa Verde da Cachaçaria Volúpia, que dista cerca de dois quilômetros de Alagoa Grande.
Bibiu do Jatobá disse que Jackson do Pandeiro gravou 417 músicas em discos, ao longo da carreira. Desse total, ele informou que, no momento, o grupo costuma tocar 50 dessas canções que o saudoso artista deixou registradas, dentre as quais sucessos como “Sebastiana”, “O canto da ema”, “Xote de Copacabana”, “Forró em Limoeiro” e “Chiclete com banana”. No entanto, ele deu a seguinte garantia: “Daqui a três anos vamos tocar todo o repertório de Jackson”.
Até agora, o grupo Os Filhos de Jackson lançou dois CDs. O primeiro, em 2014, se intitula Conservando as Obras do Mestre, contendo 10 músicas, das quais três do Rei do Ritmo, uma autoral (“As Belezas da Terra de Jackson”) e as demais composições de outros artistas. Já o segundo álbum, Herança, no último mês de abril, possui 10 canções, sendo duas de Jackson (“Sebastiana” e “Na Base da Chinela”), uma autoral (“Margarida”, em homenagem a líder sindical de Alagoa Grande, Margarida Maria Alves (1933 - 1983), assassinada por pistoleiro defronte a sua casa), e mais algumas obras, a exemplo de “Jardim dos Animais” (Fagner e Fausto Nilo), “Coração” (Dorgival Dantas) e “Esquenta Moreninha” (Trio Nordestino). Bibiu do Jatobá antecipou que o terceiro disco, previsto para 2018, terá músicas de Jackson do Pandeiro e de seis ou sete compositores da cidade. “Faremos concurso para escolher, pois queremos produzir uma obra genuína”, disse ele, que também é assessor da ONG Afrorró, criada em 2013 com o objetivo de apoiar a cultura popular e as demais artes de Alagoa Grande.