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Banda O Rappa inicia turnê nacional hoje, em João Pessoa

publicado: 30/09/2016 00h05, última modificação: 30/09/2016 07h56
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O novo material da banda estabelece relação entre a música e as artes plásticas de Francisco Brennand - Foto: Guto Costa/Divulgação

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Lucas Silva - Especial para A União

Como é voltar a João Pessoa e ser recepcionado pelo público da capital? Perguntei ao guitarrista da banda O Rappa, Alexandre Meneses, e em entrevista o artista respondeu entusiasmado. “Pra mim, em particular, é muito gratificante por ser paraibano e estar trazendo o primeiro show desta turnê para João Pessoa. É um momento ímpar da minha carreira”. A partir daí, constatamos que o show de hoje será de se guardar na memória e ter orgulho como enfatizou ainda Meneses. Para conferir a apresentação, às 22h, os ingressos estão à venda nas bilheterias da Domus Hall e no site Ingresso Rápido. As entradas custam R$40 meia-entrada, R$ 80 inteira, R$ 85 camarote frontstage e R$ 1400 camarote privê para 10 pessoas.

Uma novidade para a noite de apresentação é que o show terá ainda mais duas atrações, o cearense Francisco Igor Almeida dos Santos, do RAPadura Xique-chico, apresentando uma inusitada mistura de gêneros musicais que vão do rap até o repente, e ainda brinca com o coco, o maracatu, a capoeira, o forró, o baião e as cantigas de roda.

Fora ele, Geffe e Prima Facie completam a noite com seu trabalho que remonta à época de ouro do rock nacional, à década de oitenta e a seus mais icônicos artistas. Por fim, Marcelo Falcão, Alexandre Menezes, Lauro Farias e Marcelo Lobato sobem ao palco e trazem toda sua musicalidade e suas letras, que diga-se de passagem, trabalham o forte cunho social em uma mescla de rock, reggae, rap e MPB.

Indo mais além, o show será uma apresentação do primeiro eletroacústico lançado, como dito anteriormente. No repertório, os artistas vêm munidos de 17 músicas, incluindo quatro faixas inéditas e clássicos dos álbuns “Nunca Tem Fim” e “Sete Vezes”, sem deixar de fora hits da carreira do grupo.

Uma história curiosa sobre o novo trabalho é que a histórica oficina abriga as criações do escultor e artista plástico Francisco Brennand, de 89 anos, que esteve presente nas gravações e deu sua “benção” ao novo projeto d’O Rappa.

“Apesar da denominação “acústica” estar desgastada por ter sido muito utilizada na mídia, o processo de gravar as músicas no formato acústico é uma forma da banda se mostrar na forma mais íntima e próxima da criação e a diversidade de acústicas existente nos ambientes que se grava então é imenso”, descreveu o guitarrista sobre como a gravação do novo álbum decorreu.

Já saindo do processo em si do disco e entrando no de criação das quatro canções inéditas, Alexandre Meneses, conhecido também por Xandão, contou que o processo tem sido bem prazeroso, porque seus companheiros de banda chegaram a um ponto de sua carreira que eles já têm experiência e sabem o que querem no estúdio. “Se torna um prazer estar com esses grandes músicos e pessoas com quem eu convivo há 24 anos”, completou.

Ainda em entrevista, Xandão deu destaque à canção intitulada “Na horda”, que é uma música que traz um contexto do atual processo político que vivemos hoje. “Eu acho a música interessante principalmente pelo processo que vivemos hoje. Ela nos submete a uma reflexão do que somos, o que queremos e pra onde vamos. Sem a pretensão de ser muito profundo, acho que na horda é uma exata definição do povo brasileiro”, finalizou.

Onde tudo começou?

Em 1993, com a vinda do cantor regueiro Jamaicano Papa Winnie ao Brasil, foi montada uma banda às pressas para acompanhar o cantor em suas apresentações. Formada por Nelson Meirelles, na época produtor do Cidade Negra e de vários programas de rádios alternativas do Rio de Janeiro; Marcelo Lobato, que havia participado da banda África Gumbe; Alexandre Menezes, o Xandão, que já havia tocado com grupos africanos na noite de Paris e Marcelo Yuka, que tocava no grupo KMD-5.

Após essa série de apresentações como banda de apoio do cantor, os quatro resolveram continuar juntos e colocaram anúncio no jornal O Globo para encontrar um vocalista. Dentre extensa lista de candidatos, Marcelo Falcão foi o escolhido.

Mesmo já tendo uma apresentação agendada no Circo Voador, o grupo não tinha nome. Cogitaram “Cão Careca” e “Batmacumba”, e após ver no jornal a expressão “rapa”, que designa o ato em que policiais interceptam camelôs, se empolgaram com o termo. Segundo Falcão, era perfeito. “Gíria de rua, coisa da rua: o que nós somos. Colocamos o artigo ‘O’ e mais um p, para ficar mais forte”, descreveu.

Um exemplo de a palavra rapa ser aplicada aos caçadores de camelôs pode ser encontrado na canção “Óia o rapa!” na composição de Lenine e Sérgio Natureza, gravada pela banda no CD Rappa Mundi. Finalmente, com Falcão na voz, Marcelo Yuka na bateria, Xandão na guitarra, Nelson Meireles no contra-baixo e Marcelo Lobato no teclado, estava formado O Rappa.

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