Bibliotecas viram palco para dança

Certa máxima diz que um “país é feito de homens e livros”. O grupo baiano Dimenti utiliza o preceito contido na frase acima como base da Biblioteca de Dança: esse espetáculo é feito por mulheres, homens e livros, que, por determinado espaço de tempo, tornam-se um só. O projeto é atração do Palco Giratório, promovido, nesta semana, em duas cidades, pelo Serviço Social do Comércio na Paraíba (Sesc-PB), como parte da programação que alude a Semana do Livro e da Biblioteca: hoje será em João Pessoa, e na quinta-feira (23), em Campina Grande. Em ambos os casos, os artistas encontram o público a partir das 15h, nas respectivas bibliotecas do Sesc no Centro da Capital e da Rainha da Borborema, com entrada franca.

Jorge Alencar, bailarino e um dos idealizadores, explica que o espetáculo existe desde 2017, tendo sido exibido online durante a pandemia. Para esta circulação da Biblioteca de Dança, o Dimenti reuniu sete “artistas-livros”, naturais dos estados da Bahia, do Paraná e do Rio de Janeiro, vinculados ao grupo. “Eu, Cândida Monte, Larissa Lacerda, Luana Bezerra, Neto Machado, Priscilla Pontes e Ruan Wills. Várias outras pessoas no Brasil e em outros países também são ‘livros’ e apresentam a peça em outros contextos”, detalha.

A exemplo do que o público verá no Palco Giratório, a peça acontece dentro de bibliotecas, cujos móveis e espaços físicos são utilizados como cenários. O intérprete fica a cargo de cenas curtas, por vezes coreografadas, cujos textos são baseados nas lembranças de outros espetáculos.

“São contações de histórias realizadas com palavras, gestos, movimentos... Neto Machado e eu assinamos a concepção e a direção. O elenco da peça, também participa da criação do trabalho, por meio de suas memórias pessoais”, diz Alencar.

Cada sessão de Biblioteca de Dança estende-se por duas horas: “O público pode escolher quais e quantos capítulos-cenas deseja conhecer, chegar a hora que quiser e ficar quanto tempo desejar”, destaca o diretor.

Ele completa que públicos tem todas as idades têm sido impactados por essa empreitada: “Principalmente pela relação próxima e íntima proposta pelo trabalho que convida cada pessoa do público a trazer as suas próprias memórias, criando vínculos com as artes cênicas, a literatura e com o espaço da biblioteca”, finaliza Jorge Alencar.

Além do Palco Giratório, o Sesc difundirá, até o fim de semana, mais dois eventos gratuitos – um deles, o Arte da Palavra, com debates e oficinas. Amanhã, a escritora fluminense Carol Dall Farra conduzirá o Circuito Oralidades: será às 19h, na Praça da Paz, no bairro dos Bancários, em João Pessoa; depois, em Campina Grande na quinta-feira (23), às 19h, em frente ao Museu de Arte Popular da Paraíba (MAPP), Centro do município. Entre amanhã e quinta-feira, Sinara Rúbia, também fluminense, ofertará o Circuito de Criação Literária em Campina: nos dois dias, as atividades começam às 14h no Sesc Centro da cidade.

Outro segmento referente à Semana do Livro e da Biblioteca é a circulação de dois dos vencedores do Prêmio Sesc de Literatura de 2024: a paulista Patrícia Lima e o capixaba Ricardo Maurício. A primeira ganhou na categoria conto, com A Glória dos Corpos Menores; o segundo foi laureado pelo romance Bololô – Gaiola Vazia.

Depois de passar por João Pessoa, ontem, a dupla rumará, amanhã, para Campina Grande: a roda de conversa “A palavra em trânsito” acontecerá às 19h, na biblioteca do Sesc Centro, com mediação do escritor Bruno Gaudêncio. 

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 21 de Outubro de 2025.