Guilherme Cabral
Formado por mulheres percussionistas, o Bloco As Calungas realiza nesta quinta-feira (8) na cidade de João Pessoa a 'Quinta-Feira das Flores'. O evento, agora em sua quarta edição, vai prestar homenagem à paraibana dona Teca do Coco, do município de Cabedelo. A festa vai começar às 19h, no Beco Cultural Filipeia - palco dos antigos carnavais da capital e que se localiza no Centro Histórico da cidade -, com a apresentação do Grupo de Dança Imburana, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). E, às 20h, o bloco sairá em cortejo pelas ruas, num desfile cuja estimativa é de que sejam atraídos pelo menos 500 foliões. Em seguida, dona Teca se apresentará com seu grupo e, para encerrar, o Grupo As Calungas realizará show com as participações das convidadas especiais Francinete Melo, Nara Limeira, Gláucia Lima, Maria Alice, Flavia Diniz e Raabe Catarine.
“É uma característica do nosso bloco, que realiza a festa de forma independente, sempre homenagear, a cada edição, uma figura da cultura popular que ainda esteja viva e seja um referencial para o nosso trabalho. Desta vez é dona Teca do Coco, que descende de uma família que, há várias décadas, vem atuando nessa área, na cidade de Cabedelo”, disse para o jornal A União Katiusca Lamara, uma das idealizadoras do grupo e da coordenação do evento. Ela garantiu, ainda, que é uma iniciativa já consolidada no calendário pré-carnavalesco da cidade de João Pessoa. “O evento atrai, a cada ano, um maior número de participantes. É uma festa que resgata os carnavais de antigamente, de pé no chão e sem trio elétrico”, observou a percussionista.
Criado no formato de arrasto em 2012 por mulheres percussionistas profissionais que se identificavam com o universo da cultura da música popular e seus folguedos, o Bloco As Calungas tem, por objetivo, a pesquisa, execução e divulgação de ritmos e canções da cultura e música popular. Essas ações envolvem a produção de oficinas, o bloco de Carnaval, produção de textos e artigos, além da realização de eventos percussivos.
Na Região Nordeste, a Calunga é conhecida como boneca de pano e foi na intenção de suavizar a força da pressão sonora, social e cultural do batuque percussivo que tal símbolo foi escolhido pelas integrantes do grupo para nomear e representar o trabalho de percussão com mulheres. Mas a bandeira que elas empunham é a que defende as minorias sociais, pela preservação e memória das tradições culturais e a divulgação da música que é produzida no estado da Paraíba.
Nesse sentido, As Calungas aproveita alguns eventos, a exemplo de cortejos, arrastos e shows, para apresentar o seu batuque percussivo, que é formado exclusivamente por mulheres, cujo repertório mescla homenagens a grandes artistas brasileiros. Depois de animar diversas agremiações carnavalescas em cidades da Paraíba, a exemplo do Bloco do Caju, Bloco das Anjinhas, Bloco Bicho de Pé (Cabedelo), Bloco Pega na Biluca (Conde) e Vai Tomar no Centro, o grupo criou, em 2015, seu próprio bloco, com saída no Beco da Cachaçaria Philipeia, no Centro Histórico de João Pessoa.
Na estreia, a primeira homenageada pelo bloco foi a própria Calunga. No ano seguinte, a escolhida foi dona Lenita, mestre do coco do Gurugi. Em 2017, Vó Mera, cirandeira da cidade de João Pessoa, foi a escolhida pelo grupo, que já se apresentou em vários eventos, destacando-se o '13º Festival Nacional de Artes de Areia', em 2012; 'Show 50 Anos de Malocagem', no Teatro de Arena da Fundação Espaço Cultural da Paraíba, em homenagem ao cantor Escurinho. Em 2013, o grupo foi selecionado para o edital do Sesc do 'Projeto Caçuá das Artes', tendo se apresentado no Serviço Social do Comércio em Gravatá. Em 2015, as percussionistas participaram da gravação do show da cantora Maria Juliana, bem como do evento pela 'Marcha Internacional das Mulheres', no Ateliê Multicultural Elioeonai Gomes.