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Bodas de prata da Cabruêra

publicado: 20/09/2023 09h04, última modificação: 20/09/2023 09h04
Hoje, em João Pessoa, Festival Centro em Cena encerra sua programação gratuita com show celebrando os 25 anos da banda paraibana
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Caracterizado pela produção independente e som alternativo, grupo tocará músicas do mais recente álbum, ‘Sol a Pino’ (2022) e também dos discos anteriores - Foto: Rafael Passos/Divulgação

por Guilherme Cabral*

A banda paraibana Cabruêra realiza, pela primeira vez na capital, o show comemorativo aos seus 25 anos de existência, as bodas de prata. A apresentação acontece hoje, a partir das 17h, na Casa da Pólvora, dentro da programação de encerramento do Festival Centro em Cena, que é promovido gratuitamente pela Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope). Caracterizado pela produção independente e de som alternativo, o grupo tocará para o público um repertório estimado entre 15 a 18 músicas, sendo a maioria do mais recente álbum, Sol a Pino (2022), e as demais dos discos anteriores.

A Cabruêra volta a se apresentar na capital, depois de ter realizado um show em dezembro de 2022, na programação do Natal na Usina. “É sempre bom poder retornar para esse reencontro com o público, o que é muito especial, por comemorar os 25 anos do grupo”, disse o vocalista Arthur Pessoa, um dos fundadores da banda. Ele lembrou que esta vai ser mais uma edição em que se apresentam no Centro em Cena. “É muito importante se ter um evento como esse, que abre espaço para a divulgação de artistas nacionais e locais e que ainda contribui para movimentar o Centro Histórico da cidade”, disse o paraibano.

Arthur Pessoa observou que o público pessoense vai assistir ao mesmo show que a Cabruêra realizou, no dia 22 de julho, no palco do Paléo Festival, na Suíça. O repertório inclui, por exemplo, a música ‘A Vida’, primeiro single do álbum Sol a Pino, produzido pelo colombiano Felipe Alvarez (Polen Records), lançado no ano passado, e que tem 10 canções, sendo nove de autoria de Arthur e uma do grupo baiano dos anos 1960 chamado Ticoãs. “Outra, que o público sempre costuma pedir, é ‘Forró Esferográfico’, na qual toco o violão com uma caneta”, comentou ele, que integra a banda com Pablo Ramires (bateria, samplers e percussões), Edy Gonzaga (baixo) e Léo Marinho (guitarra).

Outro destaque é que os integrantes vão estar usando o figurino assinado pelo estilista mineiro Ronaldo Fraga. “Ele usa a música do Cabruêra como trilha sonora para o projeto que tem chamado Visu, produzido pela Colores, com participação do meu irmão, o fotógrafo Augusto Pessoa, que costuma levar artistas e outros interessados para roteiros turísticos em regiões do Nordeste, como o Lajedo de Pai Mateus e a caverna de Zabé da Loca, na Paraíba, e o Raso da Catarina, na Bahia, num mergulho mais profundo nessas áreas. Ronaldo Fraga, que fez figurinos para Milton Nascimento e Chico Buarque, é uma referência, de um talento incrível, e já ouvia as músicas da banda, até que me conheceu”, relembrou ele.

Arthur Pessoa ainda falou sobre a experiência vivida no Velho Continente. “Foi ótimo, pois, no Paléo Festival, onde nos apresentamos pela primeira vez, nos encontramos com a rainha da ciranda, Lia de Itamaracá, o que foi fantástico. Ela se apresentou antes de nós e, depois, assistiu ao nosso show. O Paléo é um dos maiores festivais da Europa, que teve seis palcos e participações de mais de 300 artistas. Já tínhamos nos apresentado na Suíça, no Festival de Jazz de Montreux, em 2007”.

Caracterizado pela produção independente e som alternativo, grupo tocará músicas do mais recente álbum, ‘Sol a Pino’ (2022) e também dos discos anteriores

O artista também fez um balanço dos 25 anos de estrada da Cabruêra. “É extremamente positivo, porque não esperávamos obter esse sucesso, esse reconhecimento internacional, que foi surgindo de forma espontânea. Formada em 1988, na cidade de Campina Grande, dois anos depois já começamos turnês pela Europa e, ao longo dessa trajetória, já realizamos mais de 90 apresentações pela Europa, África e América. Lançar nossos álbuns por gravadoras fora do país também serviu para potencializar esse reconhecimento. Esperamos que a banda dure, pelo menos, mais 25 anos”, disse Arthur Pessoa, cujo grupo é conhecido por reunir influências que vão desde o cancioneiro popular da Paraíba, através do coco, repente, forró, embolada e ciranda, até os ritmos do rock, reggae, dub, afrobeat e worldmusic.

Além de Sol a Pino, a banda já gravou os álbuns Cabruêra (2000), Samba da Minha Terra (2004), Sons da Paraíba (2005), Visagem (2010) e Nordeste Oculto (2012). Algumas das músicas já foram incluídas em diversas coletâneas lançadas no Brasil, Japão, EUA, Portugal, França e Alemanha, enquanto outras canções foram sincronizadas em filmes e documentários no Brasil, Estados Unidos e Europa.

A banda Cabruêra deverá continuar realizando shows em comemoração aos 25 anos de existência do grupo e divulgando o Sol a Pino. “Em novembro próximo, iremos participar de um programa de emissora de TV, na Bahia, que homenageará Jackson do Pandeiro e Luiz Gonzaga. Outros artistas deverão participar e esperamos tocar versões de músicas de Jackson e Gonzaga. Já um novo álbum provavelmente no próximo ano ou talvez depois”, concluiu Arthur Pessoa.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 20 de setembro de 2023.