Itamar Vieira Júnior, pop-star literário brasileiro e autor de um dos livros de maior expressão do nosso mercado editorial na contemporaneidade, Torto Arado, estará presente na abertura da 7ª edição da Feira Literária de Campina Grande (Flic) amanhã, a partir das 18h30, no Clube Campestre, no bairro do Catolé. O escritor baiano participará da conferência de abertura e receberá, das mãos da vereadora Jô Oliveira, a Medalha Arnaldo França Xavier, comenda que reconhece a valorização da cultura negra por meio dos livros. A programação estende-se até próximo dia 17, com entrada franca.
Autor de outros cinco livros – incluindo o mais recente, Chupim, infantojuvenil com ilustrações de Manuela Navas, Vieira Júnior alcançou com seu best-seller a marca de um milhão de exemplares em 2024, caso raro no segmento. O romance conquistou prêmios como o Jabuti e o Oceanos. Os direitos de adaptação de Torto Arado foram adquiridos pela plataforma Max e uma adaptação para o streaming deve estrear em breve. Na Flic, antes da entrada de Itamar, o evento promoverá um sarau com quatro autores locais – Lau Siqueira, Adília Uchôa, Jéssica Preta e Anne Karolynne.
Ao longo da semana, 80 autores integram a grade do evento com 64 lançamentos oficiais de livros. Os demais eventos vinculados à feira ocuparão outros espaços de Campina Grande. Na próxima terça-feira (12), às 17h30, haverá a entrega da Biblioteca Sustentável da Praça do Tambor, situada no bairro de mesmo nome – uma iniciativa da Flic, em parceria com a Secretaria Municipal de Educação e o Instituto Alpargatas.
Entre a quarta (13) e a quinta-feira (14), os autores nórdicos Anja Stefan e Jon Stale Ritland participaram de uma residência literária internacional, ministrada para alunos do ensino médio e superior de Campina. Essa empreitada é uma parceria com Embaixada da Eslovênia em Brasília e com a Norwegian Literature Abroad (Norla). Na sexta-feira (15), acontece a primeira rodada de lançamentos de livros, a partir das 14h30, no CineTeatro São José, situado no bairro homônimo. No mesmo dia e local, mas às 18h30, o escritor fluminense Raphael Montes, autor de Dias Perfeitos, participa de um debate com o público, mediado por Thays Albuquerque.
Durante toda a semana, as escolas públicas do município apresentaram os resultados dos projetos Leitura Viva e Repórter Literário, desenvolvidos neste ano letivo. Duas oficinas literárias serão apresentadas na quinta-feira (14): uma na Escola Estadual Álvaro Gaudêncio e a outra na Escola Estadual de Aplicação. Antes do encerramento desta edição, no domingo (17), a Flic abre espaço para o seu segmento infantil – o Flicadinho, com contação de histórias e a participação de autores do segmento infantojuvenil: será no Parque da Criança, no bairro do Catolé, a partir das 9h. O leitor confere a programação completa no quadro abaixo.
Indo até o público
Stellio Mendes, um dos idealizadores do Flic, rememora que o evento nasceu, em 2018, com a intenção de promover a literatura paraibana. A partir da segunda edição, no ano seguinte, novos contornos foram adicionados à estrutura do evento. “No dia a dia da sala de aula, nós que criamos a feira, acabamos constatando algo óbvio: a população tem dificuldade de acesso à leitura e pouca prática leitora. Criamos esse movimento com o intuito de promover um incentivo à literatura, sentimento nascido daquela nossa inquietação”, afirmou o educador.
Funcionando, hoje, como uma vitrine de lançamento para escritores iniciantes e experientes, Stellio assevera que o contato do público com os autores é o diferencial das mostras literárias, ação que colabora para o crescimento do mercado editorial e, no caso local, para a promoção da literatura paraibana. “Quando constatamos que a feira se constituía como uma estrutura estática no mês de novembro, percebemos, ainda na primeira edição, que não convertemos o número de visitantes que esperávamos. Fomos atrás do público leitor, nas escolas e praças, promovendo ações durante o ano”, explicou.
Um dos segmentos mais importantes do Flic e que ocorre fora da agenda do evento desta semana é o Leitura Viva: professores de língua portuguesa da rede pública de ensino ministram aulas sobre obra de determinado autor paraibano, que, ao final do ciclo, vai até às instituições de ensino para lançar sua publicação mais recente. “As crianças têm acesso não apenas ao livro, ficam conhecendo pessoalmente quem o escreveu, algo mágico para elas. Ao longo dos últimos anos, tenho o depoimento de muitos pais que nos dizem ‘Olha, meu filho começou a ler depois de participar de um evento da Flic’”, revela Stellio.
A participação de Itamar Vieira Júnior está sendo negociada há pelo menos dois anos: a razão para a demora na vinda do autor é a agenda lotada. A Medalha Arnaldo França Xavier, que ele receberá, homenageia um dos nomes importantes da literatura negra campinense. “Desde o começo da feira, optamos por trazer um caráter representativo em nossa estrutura e nos nossos eventos. Todo ato cultural precisa ser inclusivo e político. A produção e a militância de Itamar é toda voltada para a inclusão e promoção da igualdade racial”, finalizou Stellio.
*Matéria publica originalmente na edição impressa do dia 10 de novembro de 2024.