Rodolfo Amorim - Especial para A União
No feriado desta quinta-feira (15), as bandas Burro Morto e Augustine Azul fazem show no Empório Café. As atrações são convidadas para o evento Double Face, que permite uma viagem dupla (por isso o nome) entre o que permeia a sonoridade peculiar de cada uma. Ambientado em um encontro sonoro com a psicodelia, o funk, o afrobeat, também com o rock e o groove, esses dois destaques da música instrumental paraibana apresentam suas experimentações, numa vasta imersão dinâmica. Os shows acontecem a partir das 21h e os ingressos custam R$ 15 (antecipado) e R$ 20 (na hora).
Com seu groove psicodélico e um som carregado de instrumentos e sintetizadores, a banda Burro Morto traz, no cerne do seu som, a contemporaneidade e as referências pessoais de cada membro. A princípio, a banda apresenta o que já vem mostrando, mas permanece numa fase de teste constante. Numa formação com quatro músicos, a Burro Morto tem Leo Marinho (guitarra, trompete, sintetizadores), Daniel Jesi (contrabaixo, sampler, sintetizadores), Ruy José (bateria) e Pablo Ramires (percussão, sampler, sintetizadores). Segundo Daniel Jesi, um dos músicos, essa forma mais compacta de se apresentar parece, às vezes, um quebra-cabeça.
Ao falar da música e das experimentações, ele destacou que a música tem quase como função, impactar. “O que importa na música, também, é a parte emocional e o que a gente vai representar, independente do instrumento que estamos tocando. No final, a gente fica equalizando tudo”, disse.
A Burro Morto Iniciou sua carreira em 2007. A banda lançou os EPs “Pousada Bar, TV & Vídeo” e “Varadouro” e o álbum “Baptista Virou Máquina”. Em novembro de 2014, lançaram também o single “Lúcifer Colômbia”, que teve uma pequena tiragem em lathe cut lo-fi feita pela Vinyl-Lab. No show desta quinta, Daniel destacou a qualidade sonora da banda Augustine Azul, com a qual já tiveram o prazer de dividir o palco. “Os caras são muito bons, uma banda com três músicos e que faz um trabalho genial”, afirmou. Contudo, os shows mostrarão a música instrumental contemporânea.
Augustine Azul e seu som instrumental e instigante
O trio composto por João Yor (guitarra), Jonathan Beltrão (baixo) e Edgard Junior (bateria) se apresenta no cenário musical independente com um som instrumental, em que passeia por influências do rock progressivo, do blues, stoner, jazz, entre outros. A banda surgiu no fim de 2014 após os frequentes encontros dos amigos a um estúdio localizado no Centro Histórico, onde sempre costumavam tirar um som.
O baixista Jonathan Beltrão lembrou que é a segunda vez que participam do mesmo evento que a Burro Morto, a primeira foi no lançamento do disco da Augustine Azul, onde puderam tocar juntos e dividir experiências sonoras. Com dois anos de banda e dois discos gravados, eles já pensam no terceiro trabalho, que, como disse Jonathan, já está a caminho. Mas no show desta quinta, especificamente, o repertório ainda é dos dois primeiros álbuns, pois não pretendem tocar as músicas novas no momento.
Sabe-se que o cenário da música independente e alternativa tem se evidenciado no Brasil. Na cidade de João Pessoa, por exemplo, é possível observar o surgimento de grupos novos, que apresentam boas propostas sonoras. Jonathan foi contundente ao comentar sobre estar inserido nesse cenário. “É massa, mas também é difícil, porque na música independente você não tem auxílio de nada, a não ser das próprias pessoas que se propõem a fazer aquilo, que acabam sempre tentando trazer o melhor”, pontuou. Ele disse ainda que, na cidade, tem muita gente bacana. “Em João Pessoa tem muita matéria-prima na música, nós, por exemplo, somos duas bandas diferentes, mas que vai levar todo mundo pra viajar”, expressou.
No repertório deles há tanto influências de coisas que gostam quanto de coisas que gostariam de ouvir e ainda não ouviram. “É meio que a ideologia da banda, pois tentamos fazer um som que gostaríamos de ouvir e ninguém havia feito", revelou.