Encerrando a temporada de apresentações 2024, o Palco Tabajara apresenta hoje, às 20h, na Sala Vladimir Carvalho, da Usina Cultural Energisa, em João Pessoa, os músicos Chico Limeira e Wister, com transmissão ao vivo pela 105.5 FM, bem como pelo canal da Rádio Tabajara no YouTube.
O show, que deveria ter acontecido no dia 20 de agosto, foi reagendado para a noite de hoje, em uma última apresentação de muita MPB. Com direção de Marcos Thomaz e apresentado por Val Donato, o programa é uma iniciativa da Empresa Paraibana de Comunicação (EPC) e desde 2018 vem se destacando como um importante espaço de promoção e visibilidade da música autoral paraibana.
Paixão de berço
Nascido em 1986, em João Pessoa, Chico Limeira tem a arte no sangue. Neto do maestro Pedro Santos e da historiadora Dora Limeira, o músico carrega desde cedo uma forte conexão com a música. “Quando eu nasci, a música popular era uma condição natural da nossa casa e eu absorvi isso com muito amor, muita paixão, já desde criança. Desde cedo eu passei a inventar minhas próprias músicas”, afirma Chico. Ele credita aos avós o contato inicial com o universo musical, especialmente a fusão entre o erudito e o popular, uma característica presente no trabalho do maestro.
A convivência com artistas da música paraibana também foi fundamental para moldar o jovem músico, especialmente um deles. “Minha primeira grande referência foi Escurinho. Eu lembro como era fascinante ir pro show de Escurinho e ver aquilo acontecer ali. O cara misturado com os instrumentos, o corpo misturado com as músicas. Mesmo pirralho, aquilo me tocava profundamente e por muitos anos eu quis ser Escurinho”. Além de Escurinho, Milton Dornellas, Sandra Belê, Totonho, e, posteriormente, Adeildo Vieira e Chico César, também são citados por Limeira como influências. “Tudo isso foi-me dando mais certeza de que era isso que eu queria e que eu precisava fazer”.
Ao longo dos anos, Chico aprendeu a tocar diversos instrumentos e, em 2017, lançou Chico Limeira, seu primeiro álbum solo, consolidando uma trajetória que começou em bandas como Sonora Samba Groove, Troça Harmônica e Trem das Onze.
“Sempre que eu vou na Tabajara me dá uma coisa muito boa. Quando a gente entra ali, tem certeza de que está bebendo da fonte da história e sendo também agente dessa história. É valioso demais ter um equipamento como a Tabajara, que abre as portas mesmo. Participar do Palco é sempre uma emoção”, ressalta, descrevendo o programa como um espaço de confraternização e de muito respeito pelos músicos locais.
O show desta noite será uma oportunidade para Chico revisitar seu álbum de estreia, refletir sobre sua carreira e estar na companhia de Wister, com quem nunca tocou antes. Ao traçar planos de lançar um segundo álbum autoral até 2026, Chico Limeira segue empolgado rumo ao futuro e às possibilidades que o Palco Tabajara tem a oferecer numa terça-feira à noite. Contrariando o refrão “tá valendo não, boy”, do single “Imprópria” (2019), de Limeira, hoje à noite está valendo, sim!
Ecletismo
Vencedor, ao lado de Mayra Brito, do 7o Festival de Música da Paraíba na categoria de votação popular pela internet, com a canção “Enfim”, Wister também traz uma história de amor pela música que começou na infância. Cercado por uma rica diversidade musical que inclui influências tanto do pop internacional quanto dos grandes nomes da MPB —como Maria Bethânia, Caetano Veloso e Gilberto Gil —, Wister foi absorvendo-as ao longo dos anos. Aos 11, ganhou de sua mãe um teclado de brinquedo e, pouco tempo depois, trocou o instrumento por um violão, começando assim a trilhar seu próprio caminho na música.
Ainda com 11 anos de idade, Wister compôs sua primeira canção, uma balada romântica que, apesar de considerada ingênua, foi um passo importante em sua trajetória como compositor.
"Minha primeira grande referência foi Escurinho. Eu lembro como era fascinante ir pro show”
- Chico Limeira
Para Wister, a Paraíba tem a maior e melhor produção musical do país, e o Palco Tabajara pode ser considerado uma “janela para o mundo”, uma iniciativa que promove a identidade cultural paraibana e brasileira. “Acredito que a minha música está sempre ligada a uma reflexão amorosa sobre as coisas da vida. Então talvez seja isso, uma música para ouvir deitado na rede da varanda, sozinho ou acompanhado, e se sentir bem com isso”, diz.
No show de hoje, o músico apresentará um repertório diversificado, que inclui novas composições, como “Teu riso” e “Fica aqui”, além de sucessos já conhecidos pelos fãs, como “Estrelas pra você” e “Espelho”. Ainda neste ano, Wister planeja lançar três singles, incluindo “Enfim” e duas músicas inéditas que farão parte de seu próximo álbum, previsto para o primeiro semestre de 2025.
“Estou muito feliz em voltar ao Palco. Preparar esse show me trouxe aquela ansiedade ‘boa’. É um pocket show com uma parte bem bonita do ‘Por que não falar de amor?’, cada canção escolhida com todo o carinho do mundo e com um aperto no peito por não poder colocar tudo o que eu gostaria nesse setlist. Tenho certeza de que será uma noite de vários encontros bonitos”, declara o cantor, que hoje sobe ao palco ao lado de Bruno Souza (guitarra), Bruno Benites (teclados), Lucas Silveira (baixo) e Kaio Cajon (bateria).
Balanço final
Atentando para a pluralidade e a riqueza da música produzida na Paraíba, Marcos Thomaz, diretor do Palco Tabajara, afirma a satisfação na realização do programa. “O que a gente celebra mesmo é a diversidade, e eu acho que cada vez mais o Palco consegue ampliar esse caleidoscópio e consegue abranger o máximo de estilos, referências, manifestações. Porque nesses oito ou nove anos, a gente já fez absolutamente tudo em termos de gênero e formato que percorrem a nossa cultura”, destaca.
Maracatu, cavalo marinho, coco, tecnobrega, além de rap, rock, reggae, blues, forró tradicional e samba, entre outros, já subiram ao palco. “Eu acho que é isso o que torna ainda mais relevante a feição do Palco Tabajara, porque ele já tem essa assinatura. Quem se desloca pra lá sabe que é um espaço para valorizar o que é produzido aqui, celebrar os grandes artistas da terra”, comenta.
Para o ano que vem, Marcos anuncia que a diretora--presidente da EPC, Naná Garcez, autorizou a realização de duas temporadas para o primeiro semestre e mais duas temporadas para o segundo semestre, na Usina Cultural Energisa. “A gente sabe que é uma vitrine muito importante, que se soma, por exemplo, ao Festival de Música, com outra proporção, mas ambas valorizando tudo que é produzido aqui na terra”, completa o diretor.
Esta temporada do projeto contou com a participação dos seguintes artistas e grupos: Filosofino, Wil Cor & Eletrocores, Myra Maya, Arquiza, Som D’Luna, Titá Moura, Confluência, Blues à Brasileira, Lil’Lion, Candeeiro Natural, Nathalia Bellar, Módulo Lunar, Polyana Resende, Helton Souza, além de Chico Limeira e Wister.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 08 de outubro de 2024.