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Cangaceiro da Paraíba é tema de curta

publicado: 25/09/2023 08h53, última modificação: 25/09/2023 08h53
Documentário ‘Jacu’ aborda também o estado atual do casarão onde viveu Chico Pereira, em Nazarezinho
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O diretor e roteirista Ramon Batista - Foto: Ramon Batista/Divulgação
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Foto: Ramon Batista/Divulgação
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Estado atual de deterioração em que se encontra o casarão da Fazenda Jacu, que pertenceu ao coronel João Pereira, pai do cangaceiro - Foto: Ramon Batista/Divulgação
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Retrato de Chico Pereira - Foto: Ramon Batista/Divulgação
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por Guilherme Cabral*

Na próxima segunda-feira (dia 25), o cineasta paraibano Ramon Batista iniciará a montagem do seu novo filme, o quinto de curta-metragem, cujo título é Jacu. Quem realizará esse trabalho, como também o da finalização, é Erê Teixeira, filho do ator Fernando Teixeira. Trata-se de um documentário que tem como tema o estado de deterioração em que se encontra o casarão da Fazenda Jacu, que pertenceu ao coronel João Pereira, pai do cangaceiro Chico Pereira, localizado na cidade de Nazarezinho, no Alto Sertão da Paraíba.

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Retrato de Chico Pereira - Foto: Ramon Batista/Divulgação

O diretor espera lançar o filme em novembro, mês em que comemora o seu aniversário, e depois inscrevê-lo em festivais. “Eu decidi fazer esse filme porque a casa está em ruínas e pelo menos 40% do imóvel já caiu. Essa casa foi morada dos familiares e do próprio Chico Pereira, o cangaceiro mais famoso da Paraíba, que entrou no cangaço em 1920, e no terreiro dela se reuniu com o seu bando, junto com o bando de Lampião, para planejar o ataque à cidade de Sousa, no Sertão da Paraíba, que ocorreu em 27 de julho de 1924. O casarão já foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba (Iphaep), em 2021, mas falta ser restaurado”.

Para o realizador, essa produção é muito importante. “É um grito de socorro, porque luto pela restauração da casa, e inscrever o curta em festivais servirá para divulgar ainda mais esse objetivo que pretendo alcançar, pois minha luta também é para que o local seja transformado no primeiro Museu do Cangaço”, disse Batista.

O cineasta contou que a ideia de realizar o curta surgiu em maio passado, após visitar o imóvel acompanhado por um amigo, o fotógrafo Carlos Rolim. “Na ocasião, cheguei a comentar com ele que o casarão não poderia continuar desabando e algo deveria ser feito. Então, quando retornei para minha residência, comecei a escrever o roteiro e gravei as cenas em dois dias, no mês de junho, para poder captar luzes diferentes. Fiz a fotografia do filme, dirigi e contei com o trabalho do cineasta Bruno Nogueira como assistente de direção e som direto de Danilo Valêncio e Mayara Valentim. A trilha sonora é do músico e fotógrafo Carlos Rolim e produção da Caiçara Filmes”, apontou ele.

No início de outubro, Ramon Batista informou que a técnica de som Mayara Valentim vai gravar, em João Pessoa, a voz do ator Fernando Teixeira para o filme, que lerá textos escritos por Hueber Formiga baseado na pesquisa realizada pelo diretor para o roteiro. “O curta é um documentário, de certa forma, experimental, onde o casarão é o personagem principal que terá a voz de Fernando Teixeira, como se contasse, através de imagens poéticas e narrativa, tudo o que testemunhou envolvendo a família do cangaceiro Chico Pereira, que morreu aos 28 anos de idade, num acidente de automóvel forjado, quando era transportado da cadeia de Natal para outra cidade, no interior do Rio Grande do Norte, preso por ter vingado a morte do seu pai. Então, o filme relata, por exemplo, o sofrimento da mãe de Chico Pereira, por causa do envolvimento do filho no cangaço e ser alvo de perseguição por volante potiguar próximo da Fazenda Jacu. Em uma dessas ocasiões, a mãe de Chico Pereira, Maria Egilda, passou uma noite acordada, obrigada pela volante, que esperava a chegada do filho cangaceiro, o que não aconteceu”, comentou o cineasta.

Jacu é o segundo filme sobre o cangaço realizado por Ramon Batista, que é natural de Nazarezinho. “Sou apaixonado por esse tema e cresci ouvindo meus avós contarem histórias sobre cangaceiros. Eu também sou colecionador de objetos originais da época do cangaço, com acervo de mais de 200 peças, entre facas, cabaças, oratório de madeira e moedas, que obtive por doação de amigos. Costumo realizar exposições com esses objetos em escolas municipais. Estou muito feliz em realizar esse novo curta porque, inclusive, a cidade já se mobiliza para marcar, no próximo ano, o centenário do ataque do cangaceiro Chico Pereira a Sousa”, justificou ele.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 23 de setembro de 2023.