Em 29 de outubro de 1810, era fundada a Real Biblioteca portuguesa no Brasil — que viria a se tornar a Biblioteca Nacional do Brasil, no Rio de Janeiro —, quando da transferência do acervo de Portugal para a colônia. Pensando na data de fundação da instituição, considerada pela Unesco como uma das 10 maiores bibliotecas nacionais do mundo, ficou estabelecido o Dia Nacional do Livro. Imprescindível à comemoração do fato histórico, celebra--se, acima de tudo, o livro enquanto agente e testemunha legítima das profundas transformações históricas por que passaram, passam e passarão as sociedades.
A Empresa Paraibana de Comunicação (EPC), em seus aparelhos culturais vinculados ao parque gráfico institucional, tais como a Editora A União e a Livraria A União, produz e edita obras dos mais diversos gêneros. Também participa de eventos culturais, tais como a quarta edição da Festa Literária da Rede Estadual (Flirede) da Paraíba, que acontece hoje em Areia, bem como fomenta grupos de discussão e ações de valorização da leitura, a exemplo do Clube de Leitura Literar, promovido pela livraria.
A diretora-presidente da EPC, Naná Garcez, explica que a participação da instituição na quarta Flirede é fruto de uma parceria com a Secretaria de Estado da Educação. “Estaremos lançando três antologias, intituladas Pedro Américo das Telas às Páginas – 180 Anos de História, declara. A solenidade de lançamento acontecerá no Teatro Minerva, no município de Areia, com a participação de educadores e escritores, como Tiago Germano, responsável pela organização do evento.
Para William Costa, diretor de Mídia Impressa da EPC, o Dia do Livro é de extrema importância para o desenvolvimento cultural de toda a sociedade, momento de valorização tanto da cadeia produtiva quanto dos agentes de sua recepção, quer sejam autores, editores ou leitores.
“O Dia Nacional do Livro é uma data muito importante no sentido de se voltar, tanto o poder público como a sociedade de uma maneira geral, para a importância do livro e da literatura na formação da cidadania. É impossível abrir novas perspectivas de entendimento do mundo, da sociedade na qual você está inserido, sem o apoio do conhecimento que é transmitido através do livro”, afirma.
A leitura é vista por ele como essencial para a aquisição de conhecimento em várias áreas, da ficção à produção acadêmica, passando por todas as gerações, desde a infância até a terceira idade. “Ressaltamos a importância de todo esse trabalho que é feito, de todo o conhecimento que é acolhido nas páginas de um livro e depois, por meio de vários mecanismos, que inclui uma editora, inclui a livraria, os distribuidores, chegando até as pessoas”, conclui.
O escritor e crítico paraibano Hildeberto Barbosa Filho, capa do suplemento literário Correio das Artes de outubro, afirma que o livro é, para si, um objeto sagrado de grandes ressonâncias. “Uma fonte inesgotável e talvez a fonte mais rica de conhecimento; um meio de se fertilizar a imaginação, a memória. O livro é, vamos dizer assim, uma grande fotografia da história da cultura. Dos grandes feitos, mas também dos pequenos personagens e dos hábitos cotidianos”, afirma.
Ao lembrar de Jorge Luís Borges, que considera o livro como uma forma de universo, diz que desconhece tecnologia mais confortável e delicada do que o livro. “Como dizia Umberto Eco, o livro é como a roda e a colher. Enquanto existir vida humana, vai existir a roda, vai existir a colher e vai existir um livro”, comenta. Autor de cerca de 70 livros, entre poesia, prosa e crítica literária, Hildeberto possui uma biblioteca particular com mais de 21.500 volumes.
Editora e livraria
“A Editora A União, por ser uma editora pública, é muito importante para o fomento, a descentralização e a publicização dos escritores — especialmente os paraibanos, mas não exclusivamente”, afirma Alexandre Macedo, gerente-executivo da Editora A União.
Por meio de um trabalho de ampliação, envolvendo não apenas os polos de João Pessoa e Campina Grande, a editora abraça projetos literários, como o Agosto das Letras, em parceria com a Fundação Espaço Cultural (Funesc), e o Juventude das Letras, em parceria com a Secretaria da Juventude, Esporte e Lazer. Participa também de eventos literários no estado e até fora dele, como o 1o Encontro Nacional de Escritores em Olinda, ocorrido nos dias 21 e 22 de outubro.
Um dos títulos em atual produção pela editora é o sexto volume da série Paraíba na Literatura, a ser lançado em dezembro, além da Agenda 2025, que tem como mote a celebração dos grandes nomes da literatura de cordel na Paraíba. Junto aos autores, a editora atua da maneira tradicional, com a construção de orçamento e impressão direta pela gráfica, mas também em parceria por meio de conselho editorial formado por pessoas ligadas à literatura, de várias regiões.
A Livraria A União Poeta Juca Pontes, criada no início do ano passado e instalada no Espaço Cultural José Lins do Rêgo, já realizou diversos lançamentos de livros, sessões de autógrafos e projetos culturais. Eduardo Augusto, gerente e fundador do estabelecimento, afirma que, desde a semana passada, a livraria iniciou uma promoção progressiva dos livros da Editora A União, com até 40% de desconto na compra das obras. Além disso, um clube de leitura, o Literar, também foi instituído por meio da livraria.
Clube literário
Eduardo explica que a criação, juntamente com a advogada Ana Cristina, do Literar deu-se com o intuito de fomentar a leitura e a circulação das obras de autores paraibanos. “A gente tem uma safra nova de escritores que são muito bons e que merecem ser lidos. Nossa ideia é fomentar não só a leitura, mas também a compra, porque o nosso objetivo é que o autor também venda o seu material”.
Surgido há três meses, o Literar possui 25 integrantes, que se reúnem uma vez por mês para debater sobre uma obra escolhida para leitura prévia. Inicialmente fechado, o clube aceita a participação do público interessado em acompanhar as leituras, que agora ocorrem no Museu José Lins do Rego, também no Espaço Cultural.
Nesta semana, o grupo realiza o seu terceiro encontro excepcionalmente amanhã — já que os encontros acontecem sempre no último sábado de cada mês —, focado na obra da escritora Débora Ferraz, com mediação do escritor Tiago Germano. Em novembro, é a vez de o clube se concentrar no recente livro de Marília Arnaud.
FCJA celebra data com evento na quinta
A Fundação Casa de José Américo (FCJA), em Cabo Branco, realizará, na próxima quinta-feira (31), a partir das 9h, no Auditório Juarez da Gama Batista, no anexo I da instituição, uma comemoração especial do Dia Nacional do Livro. O evento, que celebra a fundação da Biblioteca Nacional em 1810, é promovido pela Biblioteca Durmeval Trigueiro Mendes e coordenado por Nadígila Camilo.
A programação tem como tema “O livro: uma jornada do conhecimento além do tempo” e contará com uma apresentação artística de Claudete Gomes, vice-presidente da Academia de Cordel do Vale do Paraíba.
A agenda inclui ainda três palestras de figuras de destaque na área literária e educacional, como a professora Bernardina Freire, da UFPB, que discutirá sobre a evolução do livro e das bibliotecas.
Em seguida, a premiada escritora Maria Valéria Rezende abordará o processo criativo na literatura com a palestra “A inspiração do escritor: a magia da criação baseada em ideias”. Já o editor Iam Pontes, da Funjope, fechará o ciclo de palestras tratando sobre a importância do livro impresso diante das novas tecnologias.
A programação contará ainda com uma homenagem à professora Beth Baltar, da UFPB, em reconhecimento a sua trajetória acadêmica e contribuições culturais. O evento será encerrado com o lançamento da exposição O Livro – Uma Jornada do Conhecimento além do Tempo, destacando o papel fundamental do livro na preservação e disseminação do saber.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 29 de outubro de 2024.