por Guilherme Cabral*
Em 2023, a Fundação Casa de José Américo instalará um núcleo na cidade de Areia, localizada na região do Brejo paraibano, iniciativa que vai ser realizada em parceria com a Prefeitura do município, cuja inauguração está prevista entre os meses de abril e maio. Foi o que revelou o presidente da FCJA, Fernando Moura, tendo acrescentado que outros projetos também estão planejados para este ano, a exemplo dos lançamentos de caixa contendo 12 cordéis, a qual é resultado do projeto ‘Como tem Zé na Paraíba’, e de um prêmio literário em âmbito nacional.
No núcleo da Fundação Casa de José Américo no município de Areia, que deverá funcionar nas dependências do histórico Casarão José Rufino, localizado na região central da cidade, o intuito é utilizar as dependências para diversas atividades, como realizar exposições, promover palestras e gincanas e instalar biblioteca. “O espaço será como a ponta do iceberg da FCJA, para que a instituição mantenha um diálogo com a cidade onde o seu patrono nasceu”, disse Fernando Moura.
O presidente da FCJA também antecipou que outro projeto da entidade para execução em Areia é a instalação de um monumento artístico. “O Departamento de Estradas de Rodagem (DER) está concluindo a construção de uma rotatória grande, defronte ao Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba, e a ideia é colocar esse monumento na área para homenagear a cidade de Areia, José Américo de Almeida e esse centro da UFPB”, afirmou o gestor.
Referindo-se à caixa de cordéis resultante de ‘Como tem Zé na Paraíba’, que surgiu em 2020, Moura previu que tal produto deverá ser lançado no mês de março, numa iniciativa que tem a parceria da Academia de Cordel do Vale do Paraíba (ACVPB). “O projeto enfoca personagens que têm o nome de Zé e, nessa caixa, estão nomes como o de José Américo de Almeida e José Gomes Filho, o Jackson do Pandeiro. Demos a lista de nomes para a Academia e os seus integrantes escolheram os nomes que lhe fossem mais afeitos para o desafio de criar os cordéis, que abordam aspectos como a história e a obra dos nomes que fossem escolhidos. No total, o projeto tem cerca de 100 personagens, como Zé Ramalho, o ex-governador Ronaldo José da Cunha Lima, Zé da Luz e Manoel José de Lima, o poeta Caixa D’Água”, contou o presidente da FCJA.
Outro projeto sendo planejado para 2023 é o lançamento de um concurso literário em âmbito nacional. “O tema será livre e, com essa iniciativa, queremos que os olhos do Brasil se voltem para a Paraíba”, disse o presidente da FCJA. “Pretendemos também lançar nova edição, em parceria com o Senado, do livro de José Américo de Almeida intitulado A Paraíba e seus problemas, ensaio que reflete estudos de economia, geografia humana e sociologia, para marcar o centenário de publicação que será no próximo ano, e que deverá conter material já divulgado sobre essa obra. E a ideia é lançar outra edição desse mesmo livro pela Editora da Universidade Estadual da Paraíba (Eduepb) e a Editora A União, contendo ainda análises inéditas sobre o significado e importância da obra”, acrescentou ele.
Balanço de 2022
O presidente da FCJA fez um balanço positivo das atividades desenvolvidas no ano passado. “Foi extremamente produtivo, pois, depois do isolamento por causa da pandemia, a Fundação passou a realizar várias atividades, como a exposição Vozes, vetos e votos: por democracia na Paraíba, realizada no Memorial da Democracia da Paraíba, e que mostrou, com caráter histórico e pedagógico, a cronologia do voto, apresentando-o como um processo social e parte da luta pelo direito a uma sociedade mais representativa em sua diversidade”, lembrou Fernando Moura.
Na área do audiovisual, o gestor lembrou que a Fundação Casa de José Américo retomou as atividades do Cineclube ‘O Homem de Areia’, que promove exibição de filmes nas primeiras quartas-feiras do mês, e também lançou o projeto ‘Sessão das Dez’, que ocorre na manhã de sábado, uma vez por mês, e retornará em janeiro, sempre com exibição de curtas, com foco nas produções nacionais, mas especialmente as paraibanas, além de oferecer o ‘Cinema Comentado’, promovido pelo crítico Andrés von Dessauer.
O gestor ainda destacou a aquisição de um Scanner Planetário Zeutschel de última geração, adquirido por meio do processo de descentralização orçamentária da Secretaria de Estado da Educação e da Ciência e Tecnologia, e a inauguração do Laboratório de Digitalização e Informação Histórica (Digitalih), com o intuito de digitalizar e arquivar, em meio virtual, todo o acervo da Fundação, que é de dois milhões de documentos. O intuito é de disponibilizar gradativamente ao público, pelo site da entidade (fcja.pb.gov.br), pelo menos os principais documentos, a exemplo das obras de José Américo, e outros documentos que estão em áreas como o arquivo dos ex-governadores do estado, o arquivo dos escritores e intelectuais, como Virgínius da Gama e Melo, Severino Ramos, Deusdedith Leitão e Hélio Zenaide.
“Além da digitalização de documentos, se faz a transcrição de áudios e vídeos”, apontou Fernando Moura. “Todos os vídeos que estão em bom estado serão analisados e os que precisarem serão restaurados”, disse ele, acrescentando que, para 2023, o objetivo é “potencializar” o trabalho que vem sendo produzido, como parte integrante de um projeto de preservação e acesso ao patrimônio histórico e cultural da FCJA, possibilitando, assim, o uso pedagógico do material, além de subsidiar a atuação de pesquisadores e professores.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 3 de janeiro de 2023.