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Cátia de França aterriza no Sertão

publicado: 23/01/2025 12h18, última modificação: 23/01/2025 12h18
Cantora se apresenta amanhã, no teatro do CCBNB, em Sousa
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Cátia faz uma apresentação com canções de vários discos - Foto: Roberto Guedes

por Daniel Abath*

“Fazer o interior do Brasil é uma coisa assim, como se fosse na contramão”, eis a definição de Cátia de França a respeito das apresentações que vem fazendo por cidades do interior, dentro da programação do Centro Cultural Banco do Nordeste (CCBNB). Amanhã, às 19h30, é a vez do Teatro Multifuncional CCBNB de Sousa recepcionar Cátia, ao lado do violeiro e compositor Cristiano Oliveira, com o show Paisagens do Brasil. Com classificação livre, o espetáculo tem entrada gratuita.

Ainda bem que ela sabe guiar com maestria por todas as faixas, como deixou claro no álbum No Rastro de Catarina (2024). “Quase sempre as produções procuram as capitais, porque é um público feito. A gente vai na contramão, pelas avessas, pelo interior, por dentro do Brasil, isso é o que faz uma plateia e conquista adeptos, acusando no termômetro que este é o caminho certo”, afirma.

No entanto, Cátia nos mostra que se trata de um público específico. “Predomina outro tipo de pessoa. Eles vêm atraídos pelo mel. O trabalho é tão honesto que o povo vem como se estivesse hipnotizado, não porque viu na mídia, mas porque ‘eu conheci agora e gostei’”, atesta.

No rastro das paisagens

Toda a ideia para a concepção da apresentação foi pensada por Dina Faria, produtora de Cátia. “E por que Paisagens do Brasil? As músicas que foram coletadas, arrebanhadas, as 17, são pinçadas de vários discos meus. Daquele lado que o povo só ouve um e o outro fica relegado”, explica Cátia.

Ela ressalta que a “tônica democrática”, presente no aclamado trabalho indicado ao Grammy Latino do ano passado, No Rastro de Catarina, permanece. Ouvindo, discutindo e ensaiando bastante, Cátia passou a recriar o repertório, não em estúdio, mas em locações temporárias em Copacabana e na Barra da Tijuca.

“São elos que formam essa corrente e criam uma coisa fantástica de bênção e de gratidão eterna”, destaca, atribuindo o sucesso do projeto não apenas ao seu notável talento, mas à mística espiritual.

Na ocasião, Cátia não cantará em pé, devendo assumir, em suas palavras, “um gestual que utiliza os elementos das cantorias de varanda das casas-grandes”, rememorando a literatura de José Lins do Rego. Uma das canções revisitadas pela setlist é “Apuleio”, do álbum Avatar (1998), inspirada nos escritos de Manoel de Barros, perdidos em uma cheia do Rio Amazonas.

Muito embora se trate de apenas dois músicos de cordas, Cátia considera o elo com Cristiano Oliveira como sendo de natureza sinfônica. “É uma coisa clássica das músicas que existiam, mas estavam adormecidas, em estado de hibernação”.

A admiração que Cátia nutre por Cristiano é de longas datas. Cristiano é responsável, inclusive, pelos arranjos das canções. “Chega às raias do sobrenatural. Quanto mais tocamos, mais visceral fica”, declara a cantora. “Cristiano enriquece essa abordagem com uso de novos arranjos. Ele tem isso de ser rede de proteção. Ele é um músico que age sem freios, é inquieto”, analisa.

Outra parceria recente é Luana Flores, com quem Cátia se apresentou no último dia 17, no Rio de Janeiro, com o show No Rastro de Catarina, no Festival Corpos Visíveis. Com admiração, Cátia descreve o espectro de atuação da multiartista: “Ela toca pandeiro, ela é DJ, ela mistura sons, usa o computador”. Encantarya (2023) foi apenas o início das colaborações entre Luana e Cátia, que já preparam novidades.

“É química pura”, destaca. “A gente cria livremente, vivenciando no palco uma liberdade que não tem brecha para proibição, para coação. Adentramos no palco, fazemos bonito e arrebatamos o povo”, conclui Cátia, que se apresentará no dia 25 deste mês, no CCBNB de Juazeiro do Norte (CE).

Cátia de França
Amanhã, às 19h30.
No Centro Cultural Banco do Nordeste (R. Cel. José Gomes de Sá, no 7, Centro, Sousa).
Entrada franca

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 23 de janeiro de 2025.