Como se não bastasse a fisionomia, o timbre na vocalização introdutória de “Moleque maravilhoso”, um dos últimos singles no qual o cantor e compositor Chico Chico homenageia a composição de Paulo Coelho e Raul Seixas — lembra em muito a rouca expressividade vocal de uma das maiores representantes do rock brasileiro, Cássia Eller (1962--2001). Pela primeira vez na Paraíba, Chico Chico apresenta a turnê Estopim hoje, às 20h, no Teatro Facisa de Campina Grande — na capital, o show acontece domingo (26), às 19h30, no Teatro de Arena do Espaço Cultural, em Tambauzinho. Ingressos antecipados estão à venda na plataforma Olha o Ingresso, com preços a partir de R$ 120 (meia).
A toada de Chicão, apelido de infância de Francisco Ribeiro Eller — filho de Cássia com o baixista Tavinho Fialho (1960-1993), que integrava a banda da cantora —, começou em 2015, ao romper o silêncio da gênese com 2x0 Vargem Alta, seu primeiro disco ainda com banda.
Algum tempo depois, juntou-se ao cantor e compositor João Mantuano e passou a seguir carreira solo, tendo gravado Onde? (2020), Chico Chico & João Mantuano (2021) — “A cidade”, faixa do álbum foi indicada ao Grammy Latino de melhor canção em língua portuguesa —, o EP Chico Chico ao Vivo no Rio (2021), Pomares (2021) e o mais recente Estopim (2024), além de singles à parte.
Hoje, seu novo disco, Let it Burn – Deixa Arder, sobe às plataformas fonográficas, com 20 gravações inéditas – destas, 16 são composições de sua lavra. “Estou me sentindo muito feliz em tocar com a banda em cidades que não tínhamos tocado ainda”, confessa Chico Chico. “No repertório estão músicas como ‘Vai’, ‘Árvore’, ‘Ninguém’, ‘Menino bonito’ e também ‘Vila do Sossego’, ‘Girl from the north’ e ‘A felicidade’, que estão no disco que lanço hoje”.
De Estopim a Pomares, o artista demonstrou alçar sua sonoridade a outros patamares. “Acho que vamos amadurecendo com o tempo, tanto as idéias de composição quanto de produção, e Estopim é o primeiro álbum produzido na Deck pelo Pedro Fonseca, junto com Rafael Ramos, tudo isso acontecendo junto. Deu esse resultado”, diz ele.
No decorrer de uma década de estrada, saltam à vista (ou melhor, aos ouvidos), em discografia ainda recente, gêneros como MPB, folk, rock e samba, presentes às canções de Chico Chico. “Acho que acontece naturalmente”, ele atesta, “porque eu ouço e tenho essas referências diversas, fica tudo ali no inconsciente esperando pra virar música nova”.
A razão da escolha de seu nome artístico foi revelada em entrevista ao programa Provoca da TV Cultura. Rítmica e composta, em parte, por sua sonoridade, a repetição sugeriria, segundo ele, curiosidade, além de furtar-se a usar o Eller da mãe — face a todos os privilégios que diz carregar naturalmente em razão da consanguinidade, não queria se “escorar” ainda mais àquele nome: “Minha mãe é foda”.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 24 de Outubro de 2025.