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Cinco produções têm estreia no Cine Bangüê

publicado: 01/02/2023 10h44, última modificação: 01/02/2023 10h44
Na programação do mês, entra em cartaz longa-metragem do Butão que foi indicado à categoria de Melhor Filme Internacional no Oscar de 2022
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‘A felicidade das pequenas coisas’ representou o Butão no Oscar
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Clarissa Kiste (E) e Irandhir Santos (D): ‘A mesma parte de um homem’
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Roney Villela (E) e Endi Vasconcelos (D) em ‘A morte habita à noite’
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Misterioso desaparecimento é o mote de ‘Eu estava em casa, mas...’
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‘Nossa Senhora do Nilo’ acompanha alunas na Ruanda dos anos 1970
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Da Redação*

 

Começa mais um mês e vem a renovação da programação da única sala comercial de cinema fora da maternidade de shopping centers em João Pessoa: o Cine Bangüê, localizado no Espaço Cultural José Lins do Rego, exibe a partir de hoje e ao longo de fevereiro um total de sete longas-metragens, sendo cinco estreias, uma reestreia e uma continuação. Os ingressos custam R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia) e a bilheteria abre uma hora antes da exibição. O pagamento pode ser feito em espécie ou via PIX.

O destaque é A felicidade das pequenas coisas, que foi indicado à categoria de Melhor Filme Internacional no Oscar do ano passado, representando o Butão. Com direção de Pawo Choyning Dorji, o filme mistura drama e comédia, a produção acompanha a trajetória do jovem professor, que foge de suas obrigações enquanto planeja ir para a Austrália no intuito de se tornar cantor. Como reprimenda, seus superiores o enviaram à escola mais remota do mundo, uma aldeia glacial do Himalaia chamada Lunana, para completar seu serviço. Ele quer desistir e voltar para casa, mas começa a aprender sobre as dificuldades na vida das lindas crianças a que ensina e começa a ser transformado por meio da incrível força espiritual dos moradores.

Com uma programação rotativa (veja todos os horários, dias e classificações indicativas na seção Agenda da página 11), hoje haverá duas sessões de produções que entram em cartaz: Eu estava em casa, mas..., às 18h30, e A morte habita à noite, às 20h30.

O primeiro é uma produção conjunta entre a Alemanha e Sérvia, dirigido por Angela Schanelec. Em Eu estava em casa, mas..., um garoto de 13 anos desaparece, sem deixar vestígios. Após uma semana, ele reaparece no pátio da escola, sujo e diferente. Sua mãe e seus professores podem apenas tentar adivinhar o que ele procurava: uma extrema proximidade com a natureza ou a morte, por causa da recente perda de seu pai. O comportamento do garoto invalida tudo aquilo que, até então, eles tomavam como certo.

Dirigido por Eduardo Morotó, o nacional A morte habita à noite traz a história Raul (interpretado por Roney Villela), um escritor desempregado, serve-se de outra taça de vinho enquanto um vizinho de cima salta para a morte. Sua namorada Lígia (Mariana Nunes) fica claramente mais aflita com o incidente, o que antes poderia ser mais facilmente digerido, agora não é mais. Durante uma noite conturbada, Raul conhece Cássia (a pernambucana Endi Vasconcelos), uma jovem desgarrada e cheia de vida que faz com que ele ressignifique o amor e a morte, numa busca por almas gêmeas em um mundo cheio de melancolia. O filme ainda tem no seu elenco o ator paraibano Everaldo Pontes.

Outro nacional, o filme A mesma parte de um homem conta a história de Renata (Clarissa Kiste), que vive isolada no campo com sua filha adolescente e o marido, concebendo o medo como um sentimento corriqueiro. A chegada de um estranho (Irandhir Santos) desperta nela o desejo por tudo o que estava adormecido. A direção é de Ana Johann, de Um Filme para Dirceu (2012).

Já Nossa Senhora do Nilo começa em Ruanda, no ano de 1973. Um conceituado colégio interno católico situado no alto de uma colina dá nome ao filme de Atiq Rahimi. Lá, garotas são preparadas para pertencer à elite ruandense. Com a proximidade da formatura, essas meninas, sejam elas hutu ou tutsi, compartilham o mesmo dormitório e dividem sonhos e preocupações. Mas em todo o país, assim como dentro da escola, antagonismos profundos ecoam, mudando a vida dessas jovens — e de toda a nação — para sempre. Imagens de um simbolismo profundo fazem alusão à violência genocida que em 1994 tomaria conta de todo o país.

O único filme do mês passado que continua é o infantil Pequenos Guerreiros, de Bárbara Cariry, uma aventura que vai do Litoral até o Sertão, onde crianças vão pagar uma promessa na Festa do Pau da Bandeira, no Ceará.

Retorno
Além dessas cinco estreias, retorna ao circuito de cinemas pessoense o drama dirigido por Aly Muritiba, Deserto particular, que foi o candidato a representar o Brasil para uma vaga no Oscar do ano passado na categoria de Melhor Filme Internacional, mas que não logrou êxito.

O longa acompanha a trajetória de Daniel (vivido por Antonio Saboia), um policial exemplar que acaba cometendo um erro que coloca sua carreira em risco. Sem enxergar um horizonte em Curitiba, ele parte em uma jornada à procura de Sara, a mulher com quem ele se relaciona virtualmente e por quem está apaixonado. Este encontro o transformará inteiramente e mudará o seu próprio destino. No elenco, a atriz paraibana Zezita Matos.

O filme teve boa recepção, tendo sido ovacionado por 10 minutos em sua exibição no Festival de Veneza, na Itália, onde conquistou o Prêmio do Público de Melhor Filme. Antes do lançamento nos cinemas do Brasil, foi apresentado na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Em seguida, estreou na Grécia no Festival Internacional de Cinema de Thessaloniki. Voltou a ser exibido no Brasil no Cine PE, festival de cinema em Recife.

A estreia comercial no Brasil se deu a partir de novembro de 2021. No mesmo dia, estreou durante o Festival Internacional de Cinema da Índia. Em 1° de fevereiro de 2022 foi lançado na Suécia, no Festival de Cinema de Göteborg.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 1 de fevereiro de 2023.