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Cine Bangüê realiza I Mostra da Diversidade Sexual

publicado: 24/09/2016 00h05, última modificação: 24/09/2016 09h11
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“O uivo da gata” é um dos filmes da mostra, que busca discutir temáticas importantes e combater qualquer tipo de preconceito - Foto: Reprodução

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Lucas Silva - Especial para A União

Segundo o dicionário Aurélio, diversidade - do termo latino diversitate - está ligada aos conceitos de diferença, oposição, pluralidade, intersecção de diferenças ou tolerância mútua. A partir disso, abrimos uma brecha na significação e incluímos o conceito de sexualidade, dando forma a uma nova concepção chamada “Diversidade Sexual”. Dessa maneira, o Cine Bangüê toma como ponto de partida a temática dita a cima e dá início a uma série de exibições de filmes intitulada “I Mostra Bangüê da Diversidade Sexual”, hoje. Ficando em cartaz até a próxima segunda (26), a mostra tem entrada gratuita.

A diretora do Cine Bangüê, Cristhine Lucena, explicou que a ideia para a mostra surgiu em parceria com a Secretaria de Estado da Mulher e da Diversidade Humana, após a realização do lançamento do documentário Meu Nome é Jacque, no Cine Bangüê.

“Entendemos que é papel do Estado promover o debate de temas importantes para a construção de uma sociedade mais justa e sem preconceitos. A temática da diversidade sexual toca em questões como a violência e a homofobia que se apresentam como um problema social. Nesse contexto, uma mostra de cinema com filmes que tem a diversidade sexual como fio condutor busca dar visibilidade à cena LGBT pela perspectiva de vários olhares”, contou.

Ainda em entrevista, Lucena completou dizendo que pretende, em uma próxima edição, expandir com a inclusão de curtas-metragens e a produção paraibana com a temática LGBT.

Na lista de filmes em cartaz estão presentes os longas ‘O uivo da gaita’ com Mariana Ximenes e Leandra Leal, ‘Ralé’ com Ney Matogrosso, Simone Spoladore e José Celso Martinez, ‘Beira-mar’, ‘Doce Amianto’ e ‘São Paulo em Hi-Fi’. Algo importante a se destacar é que, cada sessão possui seu horário e filme a ser exibido. Por exemplo, hoje o público presente poderá assistir as produções O uivo da gaita, às 14h e Ralé, às 16h.

Por se tratar de um tema delicado, o público, em sua grande maioria, não tem fácil aceitação para trabalhar o assunto, mas quando Cristhine foi questionada sobre a sua visão em como o público poderia receber a mostra,  ela foi contundente e firme ao dizer que existe uma carência de uma sala de cinema em João Pessoa com uma proposta diferenciada e que o Bangüê tem justamente essa proposta de atuação para a promoção dos debates. “Com a programação do Cine Bangüê, estamos cativando um excelente público. O Bangüê tem na sua proposta de atuação promover exibições, mostras e ações para públicos diversos. Acreditamos que essa 1ª mostra sobre diversidade sexual vai atrair mais pessoas interessadas na temática LGBT e em cinema de qualidade”, ressaltou.

Após saber como irá funcionar os horários de alguns filmes e ficar por dentro do que se trata o evento, é a vez de se acomodar nas cadeiras do equipamento audiovisual e dar início a mostra com O uivo da gaita. Fazendo uma breve descrição da produção, o filme poderia ser apenas aquela produção em que Mariana Ximenes e Leandra Leal se beijam na boca calientemente, mas ele vai muito mais além. O uivo da gata, drama lançado ano passado, envolve um debate a respeito de formatações afetivas.

Antônia e Pedro formam um jovem casal que vive em união estável. Mas a partir do encontro com Luana, eles vêm sua relação se fragilizar quando as duas garotas se apaixonam. É a partir daí que o romance, sedução, angústias e medo do futuro se instauram. Sendo dirigido por Bruno Safadi, O uivo da gata é um filme que tem 72 minutos de duração e conta ainda com o ator Jiddu Pinheiro que completa o triângulo amoroso arquitetado na trama. A classificação indicativa é de 16 anos.

No segundo momento, Ralé toma conta da sala e traz Ney Matogrosso, Simone Spoladore, Djin Sganzerla, Dan Nakagawa e José Celso Martinez no seu elenco. Classificado como longa-metragem, o filme foi produzido por Helena Ignez e lançado no ano passado.

Quem já teve a oportunidade de conferir a obra audiovisual constatou que Ralé é, literalmente, um filme dentro de um filme. No desenrolar de sua história, jovens diretores, adolescentes prodígios, estão filmando “A Exibicionista” em meio a uma fazenda numa região paradisíaca. Barão, personagem de Ney Matogrosso, vive nesta fazenda onde irá celebrar seu casamento com o dançarino Marcelo.

Num todo, o filme, com 73 minutos de duração, investiga poeticamente a alma brasileira, colocando a Amazônia como epicentro do mundo, refletindo a respeito de questões existenciais, legitimando o direito à liberdade e individualidade sexual.

No dia seguinte, o primeiro filme a movimentar a sala de cinema será Beira-mar. Lançado ano passado, Beira-mar é sobre descobertas e possibilidades. Esse longa, dirigido por Filipe Matzembacher e Marcio Reolon, mostra o conflito entre dois amigos diante da transformação de afetos. Martin e Tomaz se hospedam em frente ao mar. São amigos, mas - em uma viagem de fim de semana - talvez descubram ser algo mais. No elenco, Mateus Almada, Maurício José Barcellos, Elisa Brites Francisco dos Santos Gick, Fernando Hart, Danu Zaguetto, Maitê Felistoffa e Irene Brietzke. O filme tem 83 minutos de duração e a classificação indicativa é 14 anos.

Depois, Doce Amianto faz com que o público se deleite com um delírio audiovisual dos diretores Guto Parente e Uirá dos Reis. Rodado em 2013, Amianto – uma ‘menininha’ - vive isolada em mundo de fantasia, onde ingenuidade e melancolia convivem de mãos dadas. Infelizmente, abandonada por seu amor, Amianto encontra abrigo na presença de uma amiga morta, que tenta protegê-la das dores. Em 70 minutos de filme, os diretores exercitam liberdade de linguagem em cenas teatralizadas e textos poéticos.

Auxiliada por sua Fada Madrinha, Amianto recolhe forças para continuar existindo na esperança de ser feliz algum dia. Com classificação indicativa de 16 anos, o drama tem Deynne Augusto, Uirá dos Reis, Dario Oliveira, Rodrigo Fernandes e Guto Parente no elenco.

E finalizando a mostra na segunda, o título São Paulo em Hi-Fi, único documentário da mostra, resgata a era de ouro da noite gay paulistana, fazendo uma viagem pelas décadas de 1960, 70 e 80, trazendo lembranças e testemunhas do período. O diretor Luffe Steffen mostra a cara das casas noturnas que marcaram época, as estrelas, as transformistas, os heróis, e até os vilões: a ditadura militar e a explosão da Aids. O documentário, lançado este ano, tem 101 minutos de duração e classificação indicativa de 14 anos.

Espaço de debate e reflexão

O Cine Bangüê reforça o conceito de espaço para exibição de filmes com temáticas inclusivas e também fomentadores do debate em torno do universo LGBT. Em julho deste ano, o cinema exibiu o documentário ‘Meu nome é Jacque’ (com a presença da protagonista (Jacqueline Rocha Côrtes). “Estamos planejando uma mostra de cinema infantil em co-realização, mas ainda não está fechado. Em breve, mais novidades”, revelou Cristhine Lucena.