Guilherme Cabral
Produção polonesa de 2016, o filme intitulado Afterimage será exibido nesta quarta-feira, 6, em sessão única - e também gratuita para o público - a partir das 19h30, dentro da programação do Cineclube O Homem de Areia, que é realizado pela Fundação Casa de José Américo (FCJA), localizada na cidade de João Pessoa. Depois que os espectadores assistirem ao longa-metragem, dirigido por Andrzej Wajda (1926 - 2016) e que mescla biografia e drama, quem vai comentar o filme é a professora Elizabeth Maia da Nóbrega. A Classificação Indicativa é 12 anos.
“O filme guarda uma relação de identidade do cineasta Andrzej Wajda com o pintor que protagoniza a trama. Os dois se assemelham pois, além da pintura, ambos se identificam muito com a política, foram militantes de esquerda e ficaram na Polônia. Eu penso que o filme é a resistência solitária de um homem. No meu entender, as cores utilizadas pelo diretor no filme denunciam, de forma fantástica, a relação com a pintura, por meio da atuação do pintor. É um filme testamento, fabuloso e maravilhoso”, disse para o jornal A União a cinéfila e professora aposentada da Universidade Federal da Paraíba, Elizabeth Maia da Nóbrega, que comentará o longa Afterimage com os espectadores.
Vencedor do Grande Prêmio do Júri do Festival de Cinema da Polônia em 2016, no enredo do filme - o último dirigido por Andrzej Wajda - o protagonista Wladyslaw Strzeminski (Boguslaw Linda) é um artista de vanguarda polonês que superou todas as dificuldades impostas não apenas pelas suas deficiências físicas, por não possuir uma perna e um braço, mas também os sentimentos de ódio, indiferença e a crueldade que as autoridades do seu próprio país lhe dispensam para se tornar um dos artistas mais reverenciados do século vinte. No entanto, ele consegue superar todos as forças contrárias para construir seu progressista e genial programa artístico.
Ao comentar o filme Afterimage, o presidente da Fundação Casa de José Américo, Damião Ramos Cavalcanti, disse que, “através de um dos seus personagens, indaga ‘o que é a arte’? Dessa questão”, prosseguiu ele, “decorre o que seria a cultura, especialmente a pintura, no contexto sócio-político polonês. Enfim, a arte é aquilo que não é realidade, contudo, foi extraída dessa realidade, com os acréscimos da criatividade e da imaginação, lá, aqui e acolá. Também o papel da arte está substancialmente na compreensão da sua definição...”.
Damião Ramos ainda fez outra observação a respeito do longa-metragem dirigido pelo polonês Andrzej Wajda. “Também é uma forte lição de coerência e de fidelidade aos seus princípios, de um professor que se mostra altivo e superior às conveniências do ‘status quo’ que fomenta e favorece os artistas e dirigentes que bajulam e se aproveitam das anomalias e doenças da possível sã democracia. O roteiro é rico e muito nos fala, transportando-nos para os nossos dias atuais”, disse ele.