Guilherme Cabral
O premiado longa - ganhou, por exemplo, o Oscar na categoria de Melhor Filme Estrangeiro em 1975, nos Estados Unidos - intitulado Amarcord, uma comédia dramática dirigida pelo italiano Federico Fellini e lançada em 1973, será exibido em sessão única gratuita hoje, a partir das 19h30, no Cineclube O Homem de Areia da Fundação Casa de José Américo (FCJA), localizada em João Pessoa. “É uma autobiografia de Fellini da época da infância e juventude em sua cidade natal, Rimini, mas faz referências explícitas, com uma crítica pesada ao fascismo de Mussolini durante duas décadas, na Itália. Mas é um filme ainda atual, porque, no Brasil, ocorrem manifestações fascistas e é preciso continuar lembrando esse tipo de regime político para evitar que se repita”, disse, para o jornal A União, o professor de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Fernando Trevas, que, na ocasião, comentará a produção franco-italiana com o público. A Classificação Indicativa é Livre.
Em Amarcord - cujo título é uma referência à tradução fonética da expressão io me ricordo (eu me lembro), usada na região da Emilia-Romagna, onde o cineasta nasceu - Fellini, por intermédio dos olhos do personagem Titta (Bruno Zanin), revê a sua vida familiar, a religião, a educação e a política dos anos 1930. Ao longo dessa trajetória em retrospectiva, ele fala dos sonhos de um outro mundo, que são alimentados pelos turistas de um hotel de luxo, por um transatlântico que por ali passa, pelo cinema e a influência do fascismo, na época em crescimento. O elenco do longa - que também ganhou em 1975, na Dinamarca, o Prêmio Boldi na categoria de Melhor Filme Europeu - ainda é formado pelos atores Armando Brancia, Magali Noël e Pupella Maggio. A música é do compositor Nino Rota.
“Federico Fellini compõe, com os cineastas Roberto Rosselini e Pier Paolo Pasolini, um trio muito expressivo do cinema da Itália na década de 1950. Fellini considerava Rosselini - que é o grande cineasta do Neo-Realismo italiano - uma referência, de quem foi assistente. Para se ter uma ideia da sua importância, criou-se até a figura visão de mundo “felliniana”. Ele fez muito sucesso de público e crítica fora da Itália e, em 1993, ainda em vida, pois faleceu em novembro daquele ano, recebeu o Oscar - considerado de cunho honorário - pelo conjunto da obra”, destacou, ainda, o professor Fernando Trevas, que também elogiou a criação do Cineclube O Homem de Areia, onde se pode debater, com o público, filmes cujos enredos são mais complexos. E, por considerar um filme atual, diante da conjuntura política do Brasil, ele disse que a exibição, hoje, de Amarcord, será uma oportunidade para aqueles que ainda não o assistiram.