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Cineclube da FCJA exibe "Se meu apartamento falasse”, clássico dos anos 60

publicado: 04/01/2017 00h05, última modificação: 03/01/2017 19h58
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A comédia dramática tem participações marcantes dos atores Jack Lemmon e Shirley MacLaine, indicados ao Oscar de melhor ator e atriz pela atuação no filme - Foto: Divulgação

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Lucas Silva - Especial para A União

"Primeiramente tenho que dizer que é um dos meus 10 filmes preferidos. E, segundo, que é um drama, mas com toda uma história por traz que se apoiou em uma boa direção, elenco e roteiro. Além disso, o diretor faz uma crítica à forma americana de se viver mostrando de fato a ambição que os americanos podem ter”, contou em entrevista ao jornal A União, o crítico de cinema João Batista de Brito, que hoje será o comentarista oficial na primeira edição do ano do Cineclube “O Homem de Areia”, da Fundação Casa de José Américo. A comédia dramática americana “Se meu apartamento falasse” será exibida a partir das 19h30, com entrada gratuita e exibição única.

“O que o diretor faz em grande parte do filme é dosar o drama com a comédia, tornando assim o filme como um dos grandes clássicos dos anos 60 do século XX”. Entretanto, ainda durante a entrevista, João Batista destacou a importância de mais eventos como esse, pois segundo ele, proporcionam a disseminação do cinema ao público que tem apreço pela arte. “Fico muito contente em poder participar pela segunda vez desse projeto que é tão bacana”, finalizou.

Fazendo um breve recorte sobre a produção cinematográfica, “Se meu apartamento falasse” ganhou o Oscar em cinco categorias, dentre elas estão: Melhor Filme, Melhor Diretor (Billy Wilder), Melhor Roteiro Original, Melhor Direção de Arte em Preto e Branco e Melhor Edição. Como se não bastasse, foi indicado em outras cinco categorias como Melhor Ator (Jack Lemmon), Melhor Atriz (Shirley MacLaine), Melhor Ator Coadjuvante (Jack Kruschen), Melhor Fotografia em Preto e Branco e Melhor Som.

Escrito por Wilder em parceria com I.A.L. Diamond (um de seus colaboradores mais assíduos), o filme traz Lemmon interpretando C.C. Baxter, homem solitário que trabalha em uma empresa de seguros e é cheio de sorrisos para Fran Kubelik (Shirley MacLaine), uma operadora de elevadores no local. Ele tem um esquema visando rápida promoção: seus superiores pegam a chave de seu apartamento para “pular a cerca”, algo que em várias ocasiões o obriga a ficar trabalhando até tarde.

Tal situação faz com que seu vizinho, o Dr. Dreyfuss (o divertido Jack Kruschen), passe a ter uma impressão errada sobre ele. É então que o diretor da empresa, Jeff Sheldrake (Fred MacMurray), descobre o que está acontecendo e resolve aproveitar. A mulher com quem Sheldrake está envolvido é exatamente Fran, e o apaixonado Baxter acaba cuidando da garota depois das decepções com o chefe mau-caráter.

Ou seja, o filme destaca a saga de um homem solteiro que, ao querer agradar seus chefes, resolveu emprestar seu apartamento para que os executivos casados pudessem ter encontros amorosos. A situação sai de controle quando ele se apaixona pela amante de um de seus chefes.

Indo mais além, são os pequenos detalhes que tornam o filme um clássico. A começar por seu elenco. Como dito anteriormente, Jack Lemmon, Shirley MacLaine e Fred MacMurray receberam prêmios e indicações pelos papéis principais. Entretanto, construir um homem como Baxter não é tarefa fácil e Jack Lemmon consegue não torná-lo caricato e criamos empatia com ele, mesmo vendo tantas fraquezas.

Da mesma forma que Shirley MacLaine dá a Fran a dose certa da mulher sonhadora e correta, ainda que amante de um homem casado que sempre a ilude com o divórcio iminente. Homem esse também construído no tom certo por Fred MacMurray.

Por outro lado, o roteiro é extremamente bem planejado, construindo a trajetória de Baxter de maneira bastante sutil ao tocar em diversos pontos da sociedade da época, do mundo empresarial, da troca de favores, da relação entre vizinhos e as relações familiares, com homens sempre traindo suas esposas. Há detalhes incríveis como a forma com que ele descobre que Fran é a amante do chefe, pista implantada de maneira muito natural antes. Assim como toda a confusão construída no prédio sobre os acontecimentos decorrentes do calmante.