Guilherme Cabral
Inspirado na novela - que é um conto que mescla drama e romance - homônima publicada em 1848 pelo escritor russo Fiódor Dostoiévski (1821 - 1881), o premiado filme intitulado Noites Brancas, dirigido por Luchino Visconti, será exibido hoje, a partir das 18h, em sessão única e com entrada gratuita ao público, pelo Cineclube Verbo & Imagem da Academia Paraibana de Letras (APL), cuja sede se localiza em João Pessoa. Na ocasião, o acadêmico Hildeberto Barbosa Filho vai comentar o texto original do autor, buscando, num bate-papo com os espectadores, a relação entre a obra literária e o longa-metragem, uma produção conjunta entre Itália e França, com 97 minutos e lançado em 1957.
“Noites Brancas não é uma adaptação e nem é baseado na novela de Dostoiévski. Luchino Visconti apenas se inspirou na obra literária e é sobre o motivo da paixão amorosa não correspondida, com a existência de um triângulo amoroso. Mas o filme é belíssimo, genial e muito bem feito. A obra foi escrita na segunda metade do século XIX e é ambientada em São Petersburgo, na Rússia, enquanto o filme foi produzido no século XX, com a história, mais moderna, se passando na Itália”, disse, para o jornal A União, Hildeberto Barbosa Filho, que ocupa, desde 10 de setembro de 1999, a Cadeira nº 6 da Academia Paraibana de Letras e também é escritor e crítico literário.
Protagonizado pelo ator Marcello Mastroianni (o personagem se chama Mario), italiano como o diretor Luchino Visconti, o francês Jean Marais (inquilino) - em pequena participação - e a austríaca Maria Schell (Natalia), Noites Brancas mostra, durante uma noite de inverno, o encontro em que um homem e uma mulher se conhecem. Na ocasião, ambos se apaixonam, mas sem saber o que o destino iria lhes reservar. O título do filme remete ao fato de, em certo período do ano, as noites na cidade de São Petersburgo serem muito curtas.
O curioso é que Noites Brancas, vencedor - dentre outros prêmios - do Leão de Prata na categoria de Melhor Direção (Luchino Visconti) no Festival de Veneza, realizado na Itália, em 1957, foi inteiramente rodado num estúdio e a crítica teceu elogios ao filme por considerar o trabalho de câmera como um dos seus pontos altos. Esse longa-metragem, um clássico, também apresenta bons pequenos momentos, a exemplo das sequências de dança, em que o tímido personagem vivido por Mastroianni transforma-se completamente, e aqueles que correspondem aos cinco minutos finais da trama.
“Devo comentar acerca da novela dentro do contexto da literatura russa e de Dostoiévski. Quando ele escreveu esse conto, Noites Brancas, o autor ainda era jovem e sua literatura estava em formação. Mesmo assim, há quem considere esse livro uma obra-prima, por já conter sinais de que ele viria a ser um grande autor”, disse Hildeberto Barbosa Filho, para quem o objetivo do Cineclube Verbo & Imagem é estimular o convívio entre os acadêmicos e os participantes e aprimorar o gosto pela literatura, o que entende ser uma das missões da Academia Paraibana de Letras.
A propósito, o Cineclube Verbo & Imagem foi inaugurado pela Academia Paraibana de Letras no dia 15 de dezembro de 2016, com a exibição do filme intitulado Psicose, dirigido pelo mestre do suspense, o cineasta britânico Alfred Hitchcock (1899 - 1980), lançado em 1960 e que resultou de adaptação do romance - uma novela - homônimo publicado por Robert Block em 1959.
Na ocasião, o debate com os espectadores foi realizado com as participações, como comentaristas, dos acadêmicos e críticos Wills Leal, Hildeberto Barbosa e João Batista de Brito. O evento sempre inclui, na programação, filmes cujos roteiros sejam baseados em obras literárias.