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Com a Orquestra Sinfônica Municipal, grupo vai apresentar clássico natalino de Tchaikovsky: ‘O Quebra-Nozes’

Companhia Municipal de Dança faz sua estreia em João Pessoa

publicado: 17/12/2021 09h11, última modificação: 17/12/2021 09h11
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por Gi Ismael*

As festas de fim de ano no Brasil têm um pouco de tudo. Nos rituais de Natal e Ano-Novo, há tradições católicas e umbandistas, decoração à moda brasileira e, ao mesmo tempo, com toque europeu. Quando falamos em espetáculos desta temporada das festividades, grupos de balé ao redor do mundo apresentam um repertório de Tchaikovsky (1840-1893), considerado um clássico natalino por onde passa: O Quebra-Nozes. É com este emblemático recital que a Companhia Municipal de Dança de João Pessoa faz sua estreia hoje, a partir das 19h, no Parque Sólon de Lucena. O grupo será acompanhada ao vivo pela Orquestra Sinfônica Municipal da capital. O acesso é gratuito.

“Estar como diretora, é uma honra, um prazer, e acima de tudo, uma grande responsabilidade”, declarou Stella Paula, bailarina e coreógrafa que assumiu o cargo da Companhia. O grupo é formado por alunos da rede pública que não foram classificados para a Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, em Santa Catarina, e possui dois corpos de baile: o profissional, com 13 bailarinos, e o mirim, com 15, formado por alunos entre 8 e 12 anos de idade. Além da direção de Stella Paula, integram a equipe as professoras Denilce Regina e Evana Arruda, além de Geovan Conceição e Jack Keysy na coordenação de dança da Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope).

“Ter uma Companhia de Dança aqui em João Pessoa sempre foi um sonho para todos nós. Desde a época em que eu era bailarina lutamos para conseguir isto”, declarou Stella. “E não é somente uma Companhia de Dança, é também um projeto de vida para tantas crianças que começarão a estudar dança nas escolas públicas e irão se espelhar nesses lindos bailarinos, com histórias de vida emocionantes”, complementou a diretora.

Ainda segundo Stella Paula, o balé clássico é apenas um ponto de partida para a Companhia Municipal de Dança. “Temos bailarinos maravilhosos e todos podem dançar qualquer estilo de dança. Em fevereiro, iremos apresentar Sivuca, no qual reuniremos o contemporâneo, danças urbanas e afro. Iremos passear por várias vertentes da dança”, adiantou ela, entusiasmada.

Esta é a primeira vez na história da Paraíba em que uma Companhia dança com uma orquestra e vice-versa. Para o regente Laércio Diniz, a capital do Estado agora chega a um patamar que poucas cidades brasileiras alcançaram. “É um momento histórico porque são poucos lugares do Brasil em que você consegue fazer um balé, principalmente um balé municipal, com uma orquestra sinfônica. É algo inusitado, que está presente apenas nas maiores capitais do país. João Pessoa vai para a frente do mundo. Isso é de uma representatividade muito grande para a capital paraibana”, comentou.

O maestro da OSMJP contou que sua paixão por balé clássico ficou ainda mais evidente quando trabalhou no Theatro Municipal de São Paulo, uma das poucas casas de ópera do país que junta orquestra e corpo de baile. “Para mim, o fato de poder reger, trabalhar com o nascimento de um balé é algo fantástico. Lá em São Paulo, a gente tinha muito contato com o balé, mas minha paixão aumentou agora, vendo esses bailarinos tão talentosos que estão na nossa Companhia e que vão trazer muitos dividendos culturais para a cidade. É uma criação histórica em todos os sentidos”, disse Laércio Diniz.

Unir dança e música pode parecer desafiador quando falamos de dois gêneros repletos de primor e rigorosidade. Mas, segundo o regente, desde o começo, os dois corpos harmonizaram muito bem. “Muita gente fala que é complicado, porque existe um feeling entre balé, orquestra e bailarinos. Isso aconteceu no primeiro compasso. A orquestra estava muito animada e os bailarinos também. Nós conseguimos ter uma simbiose muito grande entre os dois corpos e funcionou super bem”, contou Diniz. “A rotina de ensaio foi a seguinte: eu preparei a parte musical enquanto a Stella preparou o balé junto com as professoras. Cada um preparou de seu lado e nós juntamos a orquestra com o balé. Conversamos sobre os tempos e tudo estava acertado antes de começar”, detalhou ele.

Democratizar

Ainda na apresentação desta sexta-feira, a OSMJP apresentará um repertório natalino, repleto de clássicos festivos. “Democratizar o acesso à música clássica é importantíssimo. Existe um certo preconceito nesta popularização, porque você ouve peças em rádio, em propaganda de TV, em supermercados, mas muitas vezes não sabe que é música clássica. Ela está lá nos temas, as pessoas reconhecem, mas não sabem que é música clássica. Eu acho que o fato de a gente fazer esse material desmistifica a música erudita”, refletiu Laércio Diniz.

Em abril deste ano, a Prefeitura Municipal de João Pessoa anunciou, através da Funjope, a criação da Companhia de Dança, em parceria com o Bolshoi. O diretor executivo da Funjope, Marcus Alves, ressaltou que a equipe da Fundação está trabalhando de forma intensa no último mês para estimular e garantir que esse espetáculo da Companhia de Dança seja um marco para a dança municipal e para o Natal. “A Companhia está trazendo um clássico, adaptando um espetáculo para o Natal, que vai trazer muito esse espírito da festa, do mês de dezembro. Vai ser um espetáculo para as famílias, as crianças. Estamos com muita determinação nessa estreia”, declarou o gestor.

Espetáculo ‘O Quebra-Nozes’ é parte da cultura mundial

Membros do corpo de balé da Cia. de Dança de João Pessoa vão contar a mágica história de um pequeno quebra-nozes que vira príncipe

A diretora da Companhia de Dança Municipal de João pessoa, Stella Paula, contou que a ideia inicial era estrear com outro espetáculo, mas como as audições só ocorreram, efetivamente, em novembro, foi sugerido o tema natalino. “Pensamos em aproveitar o ‘Natal dos Sentimentos’, projeto da Prefeitura para comemorar a época em vários locais da cidade, para realizar a apresentação de um balé que representasse esse momento tão lindo, e ainda mais, com a participação da Orquestra Sinfônica. Nada mais justo que uma adaptação do O Quebra-Nozes”, disse a coreógrafa.

Baseado no romance O Quebra Nozes e o Rei dos Camundongos, de Ernest Theodor Amadeus Hoffman, o balé de repertório foi composto por Tchaikovsky em 1892, com coreografia de Lev Ivanov e Marius Petipa, com estreia no Teatro Mariinsky, na Rússia. O espetáculo faz parte da tríade do compositor – ao lado de ‘O Lago dos Cisnes’ e ‘A Bela Adormecida’ – é ambientado no Natal e conta a mágica história de um pequeno quebra-nozes que vira príncipe.
“Este balé tem que ficar no repertório da cidade e a ideia é justamente esta. Ele faz parte da cultura mundial. O Quebra-Nozes faz parte de um sonho de gerações e gerações. As pessoas pensam já em Natal, festividades, carinho, amor. Isso é o que ele representa. Isso é a cultura do mundo”, finalizou o regente da OSMJP, Laércio Diniz.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 17 de dezembro de 2021