Em reportagem assinada pelo jornalista Jãmarrí Nogueira, o “Correio das Artes” destaca, em sua nova edição (que circula em caráter extraordinário no próximo domingo, 1º de abril), o concerto-recital Música e Poesia da Capitania de Wanmar, que o cantor e compositor Geraldo Vandré apresentou, nas noites dos dias 22 e 23 de março deste ano, na Sala de Concertos Maestro José Siqueira, no Espaço Cultural José Lins do Rego, em João Pessoa. O evento foi considerado um marco extraordinário para a cultura brasileira.
Nas duas apresentações, Vandré foi acompanhado pela pianista Beatriz Malnic, o violonista Alquimides Daera, a Orquestra Sinfônica e o Coro Sinfônico da Paraíba. A entrada foi franqueada ao público, que contou, ainda, com um telão armado no Teatro de Arena. A convite do governador Ricardo Coutinho, Vandré subiu ao palco para quebrar um silêncio de quase meio século. O artista havia cantado pela última vez, no Brasil, no dia 12 de dezembro de 1968, no ginásio do Maracanãzinho, no Rio de Janeiro.
No Espaço Cultural, as noites foram divididas em dois atos. No primeiro, Vandré subiu ao palco acompanhado da pianista Beatriz Malnic, com quem executou peças eruditas para piano compostas pela dupla. O violonista Alquimides Daera serviu como aporte sonoro para as declamações poéticas de Vandré, como também nas peças em que Vandré e Malnic cantaram.Em dueto arrasador, Vandré e Malnic cantaram ‘À minha Pátria’.
No segundo ato, a Orquestra Sinfônica, acompanhada do Coro Sinfônico, executou composições do homenageado, como ‘Pra não dizer que não falei das flores’, ‘À minha Pátria’, ‘Mensageira’ e ‘Fabiana’ (música feita em homenagem à Força Aérea Brasileira – FAB). Vandré e a plateia, cantando juntos “Pra não dizer que não falei das flores”, o hino da resistência à ditadura militar, protagonizaram um dos momentos mais emocionantes do espetáculo.
Além da cobertura dos concertos-recitais, a reportagem destaca as declarações polêmicas feitas por Vandré durante a entrevista coletiva que o artista concedeu um dia antes de subir ao palco. Ao responder a perguntas relacionadas à ditadura militar, o artista afirmou, por exemplo, que, naquele instante, sabiam mais sobre ele que ele mesmo. Fez críticas à chamada “canção de protesto”, alegando, em outras palavras, que quem protesta não tem poder.
O professor Jeová Santana, da Universidade Estadual de Alagoas (UNEAL), comenta faixa a faixa o novo CD de Chico Buarque, Caravanas. Ao se referir ao clima político atual, de evidente retrocesso, Santana afirma que “a música e os versos de Chico Buarque serão sempre o mais visceral dos antídotos”.
Cinema
O crítico de cinema João Batista de Brito chama atenção para os benefícios e malefícios da internet para quem exerce a crítica cinematográfica. “Do ponto de vista informacional, foi ótimo; do ponto de vista hermenêutico, foi no mínimo, problemático”, diz JBB, antes de explicar cada lado da questão.
Antropologia
O antropólogo Carlos Alberto Azevedo, por meio de um texto poético, exalta um enclave cultural: o Baixo Tambaú, em João Pessoa, optando pela antropologia interpretativa de Geertz. “Tentei, sim, escrever um texto de prazer, mas sem perder a postura científica”, ressalta Azevedo.
Livros
Wilson Alves-Bezerra,Rinaldo de Fernandes, Amador Ribeiro Neto, Analice Pereira e Linaldo Guedes analisam, respectivamente, Canto da Rua (Mariana Paiva), Passagens (Walter Benjamin), a memória é uma espécie de cravo ferrando a estranheza das coisas (Lau Siqueira) e as digitais das sombras(Wilker Sousa).
Poesia e crônica
A edição traz três poemas do carioca Alexandre Guarnieri (do livro Gravidade Zero, 2017) e sete da portuguesa Inês Lourenço (que estreia no suplemento). “Uma questão de meio” e “Quincas Borba” são os títulos das respectivas crônicas de José Edmilson Rodrigues e Carlos Newton Jr.
Artigo
Mirtes Waleska Sulpino registra as contribuições da escrita literária feminina e registra a formação de uma sociedade leitora no município de Boqueirão, na Paraíba. Ela é presidente da Associação Boqueirãoense de Escritores (ABES) e uma das coordenadoras da Feira Literária de Boqueirão (Flibo).
Curiosidades
Jorge Fernando dos Santos fez uma minuciosa pesquisa, que remonta ao antigo Egito, para mostrar que o gato é o animal preferido dos escritores. O elenco de autores e autoras que “cultuam” o felino é imensa, e passa, por exemplo, por T. S. Eliot, nos Estados Unidos/Inglaterra, e Cecília Meireles, no Brasil.